Causos & Lenda do nosso futebol: O CRAQUE FRANCÊS. Por Serpa Di Lorenzo - SóEsporte
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Causos & Lenda do nosso futebol: O CRAQUE FRANCÊS. Por Serpa Di Lorenzo

Ele era um autêntico ponta direita tradicional, daqueles que iam até a linha de fundo, primeiro driblava o lateral, depois o central, olhava para os companheiros e passava a redonda para aquele que estivesse em melhor condições de estufar as redes adversárias.

O que chamava a atenção em seu futebol era o fato de ser arisco, driblador, veloz e acreditar que não havia bolas perdidas, ele lutava pela vitória de sua equipe até o último minuto. O seu corpo era franzino, a estatura pequena, agalegado e entroncadinho, portava os meiões baixos e usava a camisa de número sete por fora do calção. Tinha surgido nos campos da periferia da cidade de Catolé do Rocha, Paraíba, mas obteve fama e prestígio no interior do Rio Grande do Norte.

Torcida paraibana, estamos falando do popular ponta direita “Dirram”.

O seu nome era pronunciado por todos com um pouco de sotaque …”Dirram”. Isso, caro leitor, fazendo um biquinho na boca. Ninguém sabia se era nome, sobrenome ou apelido, o que importava eram as suas belíssimas jogadas dentro de campo.

A sua fama já atravessara as divisas dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, tendo o craque “Dirran” vestido várias camisas de times do interior, sempre chamando a atenção dos torcedores por sua baixa estatura física e os seus dribles em velocidade. Em campo era ele e mais dez.

No verão de 1969 um selecionado da cidade de Caicó veio enfrentar o extinto time do União de João Pessoa, no campinho da Graça, e “Dirran” era o camisa sete daquele selecionado. Só deu ele no jogo, era Dirran pra cá, Dirran pra lá. A torcida ficou encantada com aquele baixinho veloz, arisco e fazedor de gols, pois naquela tarde ensolarada de domingo ele balançou por duas vezes as redes do excelente goleiro Naná, uma das estrelas do antigo esquadrão do União.

A torcida ovacionou o seu nome. A imprensa o escolheu como sendo o melhor jogador da partida amistosa. Os olheiros que vieram assistir o jogo saíram encantados e já com propostas para contratar o craque “Dirran”. Era uma promessa que se transformava em realidade.

Ao final do jogo todos cercaram o craque para parabenizá-lo e entrevistá-lo. Foi quando um repórter da Rádio Arapuan, encantado com as jogadas de “Dirran” e com a pronúncia de seu nome, perguntou: Dirran, vous êtes français? Ele respondeu : não entendi! Você é francês? E ele respondeu, não! O repórter insistiu, então é descendente de francês? Ele mais uma vez respondeu negativamente.

Foi quando o nosso repórter finalmente indagou, e por que o nome francês “Dirran”? E para surpresa de todos o craque respondeu ao vivo e para todo mundo escutar: na realidade, o meu nome não tem nenhuma ligação com a França, e sim por eu ser muito pequeno o meu apelido passou a ser “Cú de Rã”, como o cú não pode aparecer nas escalações do time, eles abreviaram para “De Rã” e com o tempo  foi popularizado como “Dirran”.

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