Um sertanejo na Rússia: um Paraíba do Oriente Médio está na Copa - SóEsporte
Futebol

Um sertanejo na Rússia: um Paraíba do Oriente Médio está na Copa

Nas andanças pela terra da Copa,  repórter arretado encontrou um conterrâneo que leva uma vida muito louca fora do país. Ele viu a estreia da Seleção em Rostov

Marcio Porto*

“Ontem eu sei que estava em Moscou…”

…E dei de cara com um conterrâneo em Rostov-on-Don. Rapaz, qual a chance de um paraibano estar na Copa do Mundo na Rússia? Parece sonho, né? Nem o Tite levou o Hulk. E dois? E eles se encontrarem? E se um deles morar em Omã? Cuma? Ô mãe? Omã é um país do Oriente Médio, abestado! Pronto, deu a mulesta!

Pois eu tava rodando pelo bar em Rostov, onde a Seleção Brasileira estreou na Copa, quando fui avisado pelo companheiro Alexandre Lozetti, do site da Globo, da presença de um rapaz com a camisa do Campinense, um dos clubes famosos de Campina Grande na Paraíba, rival do Treze. A Raposa. Duvidei, mas logo avistei o danado, todo pimpão vestido de rubro-negro e uma bandeira do Brasil na mão. Eita que mundo pequeno!

Quando fui puxar prosa com ele, me disse que estava para ver o jogo, e que viera de Omã. Rapaz, essa vida é doida mesmo! Tava meio com sono, pela longa viagem que fizera e então combinamos de fazermos uma entrevista no domingo, dia do jogo. Acabou que a gente não conseguiu se encontrar pela correria, ele lá pra ver o jogo de boa, eu para escrever as matérias para o LANCE!. Mas falamos na segunda, porque paraibano não desiste nunca.

Nosso amigo chama Gilvando Rodrigues de Farias, tem 39 anos, nasceu em Campina Grande, onde formou-se em Engenharia Mecânica. Em 2012, deixou o país rumo ao Oriente Médio por um convite para trabalhar na Vale. E num é que o danado se fixou lá mesmo? Na resenha na Fan Fest de Rostov, Gil me contou da tranquilidade que é a vida em Omã, distante do preconceito com os países daquela região, geralmente associados a guerras e terrorismo. Admitiu, claro, que os costumes são bem diferentes e demorou para adaptar, mas hoje está totalmente em casa. Os filhos estudam em escola internacional, onde são amigos de paquistaneses, sauditas, e outras crianças da região árabe. E a saudade da terrinha? Muita!

Gil quando o sertanejo o encontrou em Rostov
Gil exibe a camisa do Campinense na Rússia (Foto: Marcio Porto)

De ano em ano, Gil faz uma visita a Campina, para encontrar familiares e amigos. Aproveita pra levar feijão macaça, carne de sol, goma para tapioca, cuscuz de milho, tudo na mala, para desfrutar no Oriente. Leva a Paraíba para o mundo!

– Eu não esqueço minhas raízes. Vivo bem em Omã. sei que meus filhos podem crescer em segurança, uma condição de vida muito boa, mas a Paraíba, o Nordeste, sempre será nossa casa – afirma.

E para matar a saudade, todo mês reúne os amigos para uma feijoada em sua casa no país árabe. Aí é bandeira do Campinense na fachada, feijão no fogo e o forrozinho no som. A vida é boa, amigos!

Gil foi só mais um representante desse Brasilzão no país da Copa. Ao longo da minhas andanças por aqui, vou contando mais histórias de personagens, principalmente da região Nordeste, sertanejos como esse que vos fala. Já encontrei gente de todo lugar do país e cada um tem sua história para viver o sonho perto dos comandados de Tite. Nunca é só futebol. Viva a diversidade, a nossa terra e a terra dos outros, que também pode ser nossa! Vamos lá conquistar a Rússia juntos? Então fica ligado aqui no site do LANCE! e clica nos links abaixo, que tem todas as presepadas que já aprontei por aqui.

“Ontem eu sonhei que estava em Moscou…” Não era sonho, não!

*Marcio Porto é repórter do LANCE! desde 2008 e está em sua segunda cobertura de Copa do Mundo – a primeira foi no Brasil. Paraibano de São Sebastião de Lagoa de Roça, cidade de pouco mais de 11 mil habitantes, irá desbravar as terras russas com a sede e fome do sertanejo. Cabra da peste que é, trará os relatos aqui para você! Simbora!

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