Yane Marques, do pentatlo, terá preparação seletiva para chegar aos Jogos "no ponto" - SóEsporte
Futebol

Yane Marques, do pentatlo, terá preparação seletiva para chegar aos Jogos “no ponto”

Vem de Afogados da Ingazeira, uma cidade de pouco mais de 36 mil habitantes no sertão pernambucano, a única mulher do Hemisfério Sul dona de uma medalha olímpica na história do pentatlo moderno. Antes do bronze de Yane Marques em Londres-2012, apenas atletas da Europa, dos Estados Unidos, da China e do Cazaquistão haviam subido ao pódio na categoria feminina da modalidade em Jogos Olímpicos.

Após ter colocado o Brasil no mapa de um esporte desconhecido no país, Yane quer ir além. Aos 32 anos, pretende chegar aos Jogos Rio 2016, em agosto, com a melhor base de preparação de sua carreira. “A meta é chegar convicta de que aquele dia é o dia em que eu estou no auge da forma física. E fazer na prova o que estiver fazendo no treino, que eu espero que seja bom, e que isso nos dê bons resultados”, projeta a atleta.

A vaga olímpica foi conquistada por antecipação. “Minha primeira chance foi o Mundial (disputado em julho de 2015, em Berlim, na Alemanha) e com o bronze eu me classifiquei para as Olimpíadas. Depois confirmei isso nos Jogos Pan-Americanos (Toronto 2015), com o ouro”, conta a pernambucana, única brasileira da modalidade com lugar confirmado nos Jogos.

Com a primeira missão já cumprida, Yane pode planejar melhor a preparação. “Eu tenho normalmente quatro etapas da Copa do Mundo, depois a final da Copa do Mundo, Campeonato Mundial… Na condição de classificada, a gente seleciona as provas para participar, outras para não participar, umas para testar, outras para confirmar. Esse é o conforto de ter conseguido a classificação precocemente”, explica a pentatleta.

Tranquilidade, frisa ela, não quer dizer acomodação. “Não vale a pena ficar preparando só para as Olimpíadas durante quase oito meses sem competir. Todas as provas vão servir de teste, de confirmação de coisas e para a gente ir avaliando e entendendo se a coisa está indo no caminho certo”, conta.

Disputa por vaga

O Brasil, por ser sede, tem duas vagas garantidas nas Olimpíadas: uma no masculino e outra no feminino. Além disso, o país pode ter mais um competidor em cada categoria, caso o atleta consiga a classificação pelos critérios da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM). No Rio, serão 72 atletas, 36 homens e 36 mulheres, com o limite de dois de cada país por gênero.

O Mundial de 2016, entre os dias 17 e 23 de maio, em Moscou, na Rússia, será responsável por definir outras seis vagas. Os demais nomes que vão competir nos Jogos Olímpicos virão do ranking mundial da modalidade, a partir de 1º de junho. Na última atualização, o Brasil tinha Priscila Oliveira na 59ª posição e Larissa Lellys no 71º lugar. No masculino, as melhores colocações são de Danilo Fagundes (128º) e William Muinhos (131º).

“Para uma segunda vaga no feminino, teremos a necessidade de outra atleta se posicionar bem ou entrar pelo ranking. No masculino estamos participando de todas as competições internacionais que contam pontos, mas a disputa é acirrada, porque temos nas Américas atletas de altíssimo nível”, explica o presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM), Helio Meirelles.

Evento-teste

Antes do Mundial, o pentatlo moderno terá seu evento-teste em Deodoro, de 10 a 14 de março. A competição utilizará as instalações olímpicas do Estádio de Deodoro (hipismo e combinado de tiro e corrida), do Centro Aquático de Deodoro (natação) e da Arena da Juventude (esgrima). “Há uma promessa de termos as instalações 98% prontas”, diz Helio Meirelles. “É no mesmo lugar onde ocorreram o Pan de 2007 e os Jogos Mundiais Militares em 2011, então são instalações familiares. Algumas mudanças vão acontecer, mas tenho certeza de que vai ficar bonito, organizado e em condições de nos receber muito bem”, diz Yane.

O presidente da CBPM vê uma possível vantagem no fato de os Jogos Rio 2016 serem no Brasil. “Um ponto importante são os cavalos. O cavalo é sorteado, quem oferece são os organizadores. O atleta tem 20 minutos para aquecer e se adaptar. Então o interessante é que há uma possibilidade grande de os cavalos do evento-teste serem os mesmos dos Jogos Olímpicos. Não sei se eles ficariam entre março e agosto lá em Deodoro disponíveis para os atletas treinarem, mas ainda assim seria uma vantagem”, opina Meirelles.

Mesmo assim, o dirigente prefere não definir uma meta em termos de resultado. “O pentatlo é complexo e sujeito a surpresas. Em 2012, os especialistas identificavam que a Yane ficaria entre as 10 primeiras, mas ela no dia reuniu toda a capacidade de concentração, sua experiência e acabou conseguindo o bronze. O resultado é muito ligado à questão de o atleta estar no seu dia. Eu diria que a Yane está mais preparada hoje, mesmo com quatro anos a mais de idade, do que em 2012. Houve um aprimoramento, mas isso não é garantia de medalha. No caso do masculino, temos um caminho longo a percorrer para estarmos entre os 10 melhores do mundo, mas podemos surpreender”, garante.

Para Yane Marques, independentemente dos resultados, um dos principais legados dos Jogos Olímpicos será a exposição da modalidade no Brasil. “A Olimpíada é uma boa vitrine e, aqui no Brasil, que tem um material humano ímpar, é um momento que a gente tem que aproveitar para estimular o pessoal. Temos que utilizar a Olimpíada como um convite para que as pessoas se interessem e para que as crianças possam viver do esporte, independentemente de serem medalhistas olímpicos ou campeões. O esporte como ferramenta de educação é poderoso, então a gente precisa disso”, acredita.

Investimentos

Entre 2010 e 2013, convênios firmados com a Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno resultaram em mais de R$ 11, 7 milhões aplicados no esporte, destinados à realização de competições, compra de equipamentos e contratação de equipe multidisciplinar. Em 2014, a modalidade recebeu, ainda, R$ 1,7 milhão da Lei Agnelo/Piva. O pentatlo moderno conta com 32 atletas contemplados com a Bolsa-Atleta, além de Yane Marques, que recebe a Bolsa Pódio. O investimento anual é de R$ 651 mil.

O presidente da CBPM adianta que uma proposta para novo convênio está sendo preparada. “Temos o centro de treinamento, o Ministério do Esporte aprovou um convênio para nós e foram dois anos em que pudemos treinar atletas lá e tivemos equipe multidisciplinar. Como sobrou dinheiro na conta, apresentamos proposta de mais prazo, foi aprovada e agora estamos preparando o conteúdo. A proposta é a partir de março reconstituir a equipe multidisciplinar e aproveitar o treinamento para os Jogos Olímpicos”, conta.

Ascom – Ministério do Esporte

Clique para comentar

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.