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A Bahia, depois de tanto tempo

A primeira década do século 21 foi provavelmente o ponto mais alto da tendência de exportação de jogadores brasileiros, ainda que jovens e não totalmente formados, para o futebol europeu, e os resultados disso são mais do que perceptíveis na atual Seleção Brasileira que disputa a Copa das Confederações da FIFA. No grupo de 23 jogadores convocados por Luiz Felipe Scolari, há nada menos do que nove – Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo, Dante, Filipe Luís, Luiz Gustavo, Hulk e Jô – que dividem um mesmo histórico: deixaram o Brasil antes de completar 21 anos, todos no período entre 2003 e 2007.

Para quase todos eles, a não ser os que retornaram ao país pouco depois, há uma consequência flagrante: são jogadores com quase ou nenhuma identificação com alguma torcida brasileira. É como se os brasileiros primeiro conhecessem o atleta, apenas pelo que faz dentro de campo, e só depois – aos poucos, na medida em que este se acostuma a defender a Seleção – fossem começar a associá-lo com um clube brasileiro, ou pelo menos uma cidade do país.

Só que, enquanto isso, o carinho desses jogadores pelas cidades em que viveram permanece o mesmo. E, por mais que muitos soteropolitanos talvez nem bem saibam, o duelo entre Brasil e Itália deste sábado, na Arena Fonte Nova, vai significar um emocionante retorno a casa para quatro nomes importantes da Seleção: os baianos Daniel Alves e Dante e, também, dois adotados – David Luiz e Hulk.

“Esse retorno vai ser um momento bastante especial. Vai, sem dúvida, passar um filme na minha cabeça”, contou ao FIFA.com Dani Alves, que foi formado nas categorias de base do Bahia e em 2003, aos 20 anos, foi negociado com o Sevilla, da Espanha. “Ali, naquele espaço, foi onde tudo começou na minha vida. E poder voltar com a Seleção Brasileira a este estádio vai ser um fato único na minha vida. Espero que este dia seja bastante especial, do começo ao fim.”

É mais ou menos a sensação que, antes do torneio, Dante descrevia ao FIFA.com. Ainda mais ele que, nascido em Salvador, torcedor de arquibancada do Bahia e formado nas categorias de base de equipes baianas, partiu para o Juventude, em Caxias do Sul, ainda aos 18 anos. Mas, claramente: continuou inegavelmente baiano – e doido para poder jogar pela Seleção em sua casa.  “Eu não penso em outra coisa faz tempo! (risos) Verdade. Faz tempo que sei o calendário da Copa das Confederações inteirinho e torço para ter chance de estar em Salvador no dia 22 para Brasil x Itália.”

Quase baianos
Os outros dois não voltam exatamente para casa – já que Hulk é paraibano de Campina Grande e David Luiz, paulista de Diadema -, mas retornam para aquele que foi seu berço futebolístico. Ambos se profissionalizaram nas prolíficas categorias de base do Vitória e, depois de pouco entrar em campo, antes de completar 20 anos já estavam partido: um, em 2005, para o futebol japonês; o outro, David, em 2007 e já para o Benfica, onde se consagraria.

Só eles sabem o valor retornar numa situação tão especial àquele lugar que não é exatamente a casa – nem a original, nem a atual -, mas é a principal fonte de boas lembranças do início da carreira. “Tenho amigos do clube que me ajudaram lá e vou ficar feliz de revê-los. Um rapaz que me ajudou muito na minha carreira foi o tio Peixoto, que vai estar lá: ele mora em Salvador, era funcionário do Vitória e um apaixonado por futebol”, conta o zagueiro do Chelsea ao FIFA.com “Ele me ajudou bastante desde que eu cheguei ao clube, sempre me orientou, me deu suporte em alguns momentos. Tenho certeza de que vai ser bom rever essas pessoas e ter a oportunidade de jogar na Bahia.”

Para os que tem essa ligação pessoal com a Bahia, então, não há dúvida: a ocasião é especial. Ainda que os torcedores nem sempre enxerguem assim, justamente porque os momentos vividos em clubes de Salvador tenham sido poucos demais para criar uma identificação. É o caso de Hulk e seus pouco mais de 70 minutos em campo pelo Vitória e mais nada. Assim fica mais difícil o processo de ganhar o carinho do torcedor. “Ahh… Dificulta um pouco, até porque mesmo hoje, depois de muitos jogos meus pela Seleção, ainda tem aquela interrogação, né?”, falou ele em entrevista ao FIFA.com ainda antes da Copa das Confederações. “Nem todo mundo me conhece, nem todo mundo sabe como eu jogo. Então, é normal que haja essa interrogação quando se fale de mim.”

Mas não importa. Por mais que um ou outro torcedor possa não saber, o duelo que vale o primeiro lugar do Grupo A terá, para esses quatro, um sabor especial de voltar às origens. “O que vimos em Fortaleza serve como parâmetro para o que esperamos de Salvador”, diz Daniel Alves, referindo-se ao apoio emocionante à Seleção na partida do Castelão contra o México. “O povo baiano adora a Seleção, e a gente adora mais ainda jogar aqui.”

Fifa

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