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A história dos goleiros brasileiros que chegaram à elite na Europa

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A história dos goleiros brasileiros que chegaram à elite na Europa

Ederson é finalista a The Best FIFA – Melhor Goleiro. Os arqueiros brasileiros têm marcado mais presença na premiação do que os jogadores de linha.

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Na hora de anunciar os finalistas da cerimônia The Best FIFA Football Awards™, nas categorias do futebol masculino, tem sido mais fácil encontrar goleiros brasileiros do que jogadores de linha.

Isso, claro, não significa demérito para a turma da linha. Afinal, nas sete premiações realizadas até aqui, havia a concorrência da dupla Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Pelo menos um dos lendários craques estava entre os três melhores de 2016 a 2022. Em quatro destes anos, a dupla estava presente, abrindo só uma vaguinha para o resto do mundo – em 2017, Neymar foi quem a ocupou.

No fim, essa comparação diz mais sobre o alto nível a que Ederson e Alisson alcançaram em suas carreiras.

O titular do Manchester City e da Seleção está entre os finalistas ao prêmio The Best FIFA – Melhor Goleiro pela segunda vez, numa disputa com Yassine Bounou e Thibaut Courtois.

Alisson venceu o prêmio em 2019 e foi o segundo colocado em 2020. Então, se fizermos as contas, foram quatro indicações para goleiros brasileiros neste período. Algo que só a Alemanha conseguiu igualar, com Manuel Neuer (três vezes finalista e melhor do mundo uma vez) e Marc-André Ter Stegen.

É o tipo de reconhecimento que levou o FIFA.com a questionar o lendário Taffarel, antes da Copa do Mundo da FIFA do Qatar 2022 se a Seleção de Tite teria o melhor trio de goleiros do torneio. Incluindo Weverton, que não cansa de erguer taças pelo Palmeiras.

Então preparador de goleiros da Seleção, o goleiro que foi herói no tetra optou pela modéstia ao responder, mas sem deixar de exaltar o material humano que tinha em mãos.

“Sentimos que podemos contar com qualquer um deles. Não temos de nos preocupar com as outras seleções, dizer qual é o melhor trio da Copa. A gente tem uma certeza só: temos grandes goleiros que podem representar o Brasil”, disse.

A grande defesa de Ederson contra Camarões por todos os ângulos

Ederson fez uma grande defesa durante o jogo do Brasil contra Camarões, válido pela Copa do Mundo FIFA de 2022, no Qatar.

Nada mais apropriado do que dar voz a Taffarel sobre um assunto do qual ele é um dos pioneiros. Antes mesmo de brilhar na decisão dos pênaltis contra a Itália nos EUA 1994, ele já havia sido contratado pelo Parma-ITA, numa época em que parecia impensável que o dinheiro europeu fosse dedicado à contratação de goleiros do Brasil. O cenário hoje é bem diferente, como vemos.

Abaixo, o FIFA.com destacamos cinco dessas histórias e mais uma um primeiro herói que fez fama debaixo das traves quase um século antes de Ederson.


Taffarel

  • Clubes na Europa: Parma (1990-93, 2001-03), Reggiana (1993-94), Galatasaray (1998-2001)
  • Principais títulos: Coppa Itália (1992 e 02), Campeonato Turco (1998-99 e 99-2000), Copa da UEFA (1999-2000), Supercopa da UEFA (2000)

Taffarel foi contratado pelo Parma numa época em que o futebol italiano ainda tinha limite para estrangeiros. Sendo goleiro, o movimento de mercado chamou muita atenção. O goleiro teve idas e vindas pelo clube, acabou cedido em dois empréstimos, tendo retornado ao Brasil para defender o Atlético Mineiro mesmo depois da conquista do tetra, em 1995.

Quando chegou ao Galatasaray, porém, a história foi outra. Taffarel virou ídolo no gigante turco, e seu ápice aconteceu na final da Copa da UEFA em 2000. Na final contra o Arsenal, após empate sem gols em 120 minutos, adivinhem? Ele pegou dois pênaltis, batidos por Davor Suker e Patrick Vieira, e deu o primeiro título continental ao clube. Depois ainda fecharia o gol contra o Real Madrid na Supercopa europeia.

Copa de 98: a emoção de Zagallo e Taffarel após vitória sobre a Holanda

Taffarel foi mais uma vez salvador na disputa de pênaltis, enquanto Zagallo transbordava emoção no gramado. O Brasil venceu um jogaço contra a Holanda para garantir um lugar na final da Copa pela segunda edição seguida.


Dida

  • Clubes: Milan (2002-2010)
  • Principais títulos: Campeonato Italiano (2003-04), Liga dos Campeões da UEFA (2002-03 e 06-07), Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2007)

O sucessor de Taffarel na Seleção Brasileira foi também o primeiro goleirão brasileiro a desfrutar das portas abertas. Contratado pelo Milan em 1999, o gigante de 1,96m, porém, demorou para conquistar seu espaço. Para ganhar mais cancha, foi cedido em dois empréstimos ao Corinthians, e a estratégia deu certo. Quando voltou ao Calcio, já falava como campeão mundial de clubes e, a partir dali, com sua figura estoica, se tornou uma lenda rossonera, com destaque para seu papel na conquista de duas Champions.


Julio Cesar

  • Clubes: Internazionale (2005-12), QPR (2012-14), Benfica (2014-17)
  • Principais títulos: Campeonato Italiano (5x), Liga dos Campeões da UEFA (2009-10), Copa do Mundo de Clubes da UEFA (2010), Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2010), Campeonato Português (3x)

Julio Cesar pegou o bastão de Dida e foi adiante – pela Seleção, claro, já que, na Europa, fez história pelo arquirrival do Milan. Na mágica temporada de 2009-10, na qual a Inter conquistou tudo o que ambicionava, ele foi realmente a última linha de uma defesa praticamente intransponível, que bloqueou o poderoso ataque do Barcelona, ajudando por um elenco que tinha dois bastiões da história da Inter (Ivan Córdoba e Javier Zanetti), além de nomes como Lúcio, Walter Samuel, Marco Materazzi entre tantos defensores de alto nível. Se algum ataque passasse por essa gente toda, Julio Cesar muito provavelmente estaria ali para frustrar a tentativa de chute a gol.


Alisson Becker

  • Clubes: Roma (2016-18), Liverpool (2018-atual)
  • Principais títulos: Campeonato Inglês (2019-20), Liga dos Campeões da UEFA (2018-19), Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2019)

Tal como aconteceu com seus antecessores, Alisson teve de esperar um pouco para agarrar sua chance. Mas, quando Wojciech Szczęsny partiu para a Juventus, não demorou muito para o arqueiro revelado pelo mesmo clube de Taffarel aparecer nos clipes de highlights constantemente. Pela Roma, ele realmente teve partidas daquelas que parecia pegar até pensamento, como dizem. Quando chegou ao Liverpool após ser titular da Seleção na Copa do Mundo da FIFA Rússia 2018, estava no auge, e justificou os mais de 60 milhões de euros investidos em seu futebol. Num time bastante agressivo, mas equilibrado, foi fundamental para os Reds retomarem a coroa europeia em 2019.


Ederson

  • Clubes: Ribeirão (2011-12), Rio Ave (2012-15), Benfica (2015-17), Manchester City (2017-atual)
  • Principais títulos: Campeonato Português (2015-16 e 16-17), Campeonato Inglês (5x), Liga dos Campeões da UEFA (2022-23)

Ao contrário de todos os nomes listados acima, Ederson nunca desfrutou de um estádio cheio como jogador profissional no Brasil. Ele saiu muito cedo do país e completou sua formação no Benfica. Mas, sim, também lá demorou a ter espaço, até um retorno triunfal. Por coincidência, uma lesão de Julio Cesar em 2016 abriu as portas para que virasse titular do clube lisboeta, causando impacto imediato. Pouco mais de um ano depois, contratado pelo City a pedido de Guardiola, custando 40 milhões de euros. E cá estamos. Ederson é reconhecido imediatamente como goleiro, mas também por sua qualidade no passe e como “zagueiro”, ainda em evolução. “Ele é um goleiro maduro e está ficando cada vez melhor. Somos um time que sofre poucos gols e a impressão que eu tenho é que quando os adversários chegam, ele está lá”, disse Pep Guardiola, no início da temporada 2023-24.


Jaguaré Bezerra de Vasconcelos, o pioneiro

O primeiro goleiro brasileiro a ser aplaudido na Europa foi Jaguaré, como era conhecido no Vasco da Gama, ou Vasconcelos, como fez fama em Marselha no final dos anos 30. Seu futebol foi divulgado no continente europeu em excursões que fazia pelo Vasco. Um goleiro arrojado, de personalidade extravagante em campo, que causou um certo choque cultural em sua transição para a Europa, Jaguaré se garantiu com seu futebol.

Em partida pelo Campeonato Francês contra o Sétois ele não só defendeu um pênalti, como converteu outra cobrança, durante o tempo regulamentar, para definir uma vitória por 2 a 1. Segundo relatos da imprensa da época, havia 32 mil testemunhas para uma façanha que seria estranha até mesmo nos anos 90, antes de nomes como José Luis Chilavert e Rogério Ceni surgirem.

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