Atleta impõem marca histórica em Saquarema - SóEsporte
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Atleta impõem marca histórica em Saquarema

José Oliveira da Silva, poderia ter nascido craque de futebol igual Edson Arantes do Nascimento (Pelé), ou Gustavo Kuerten ídolo do tênis, ou até mesmo com o brio de Ayrton Senna. José de Oliveira da Silva, nasceu como José Oliveira da Silva em 23 de janeiro de 1928, e 86 anos depois passa de um simples desconhecido para estabelecer um marco no voleibol brasileiro, oxalá do esporte nacional.

O militar aposentado do bairro do Campo Grande, no Rio de Janeiro, já nadou, lutou boxe, capoeira, praticou corrida e nunca abandonou a atividade física. Só depois de completar 50 anos é que ele conheceu o voleibol, e, pode aparentar pouco tempo, mas o Brasil naquela época não tinha expressão mundial e nem mesmo o voleibol era difundido na terra tupiniquim. No início da década de 1980 ele se tornou um apaixonado pelo vôlei e viu pela televisão nascer um grupo de ídolos como Bernard, Renan, Badalhoca, William, Bernardinho. Acompanha diariamente o noticiário esportivo, assiste jogos pela TV e foi um dos mais de 90 mil espectadores no lendário jogo no Maracanã em 1983 entre Brasil e URSS.

Em Campo Grande, bairro da zona oeste do Rio, José Oliveira da Silva encontrou um projeto esportivo para a terceira idade no Complexo Esportivo Miécimo da Silva. Atividades voltadas para o desenvolvimento motor é o que atrai dezenas de idosos a participar do voleibol adaptado, conhecido como câmbio. Nele os atletas executam o objetivo do voleibol que é jogar a bola para o lado adversário, mas com o fundamento de segurar e lançar, sem golpes de ataque, saque ou bloqueio. A equipe do CEMS chegou a disputar competições de câmbio, mas os idosos queriam mais.

Há 07 anos, a chegada do professor Sérgio Alan foi ao encontro do sonho dos velhinhos de Campo Grande. Treinamento de fundamentos três vezes por semana, saque, recepção, levantamento, ataque e bloqueio, noções de posicionamento e regras básicas.

Para o CEMS (RJ), o Vôlei Master 2014 foi a primeira competição oficial da equipe masculina. Para José Oliveira da Silva, foi a primeira competição oficial de vôlei da vida:
“Nunca tinha jogado com árbitro profissional, com placar, com tudo que um jogo normalmente tem. Embora dificuldade no deslocamento pela minha idade e a derrota no final, para mim esse jogo é marcante, é meu primeiro na vida. Pensei que ia morrer e não ia jogar vôlei.”

O ancião de 86 anos foi a sensação no primeiro dia da categoria 63+. Embora mais velho 23 anos do que a maioria dos adversários, José era ovacionado a cada toque na bola, que nem sempre resultavam em ponto para sua equipe, mas isso era o que menos importava.

O técnico Sérgio Alan treina mais de 25 atletas acima de 50 anos no complexo esportivo em Campo Grande. A decisão de jogar o Vôlei Master em Saquarema com a equipe masculina só foi possível porque um ano antes a equipe feminina do projeto disputou a categoria 59+. Ao lado da quadra, Sérgio que aniversariou na sexta-feira (14.11), se emocionou:

“Ver o brilho nos olhos de cada um deles é meu maior presente. Eles vieram aqui para jogar, dentro das suas limitações motoras fizeram o que podiam. Para mim eles são vencedores, mais do que isso, esses servem de exemplo para muitos de que é possível continuar.”

Fã de Giba, o atleta de 86 anos foi convidado a conhecer a galeria de troféus que a CBV mantém em Saquarema. Em meio a tantas taças e medalhas e confidenciou um sonho:

“O Giba pra mim foi o melhor jogador que vi, mas gostava muito do Tande, do líbero Serginho, da turma de 84 (seleção brasileira medalhista de prata em Los Angeles). Queria ver uma medalha olímpica. Eu vi pela televisão a conquista de todas elas.”
Ao entrar em quadra na noite de sexta-feira em Saquarema, José Oliveira da Silva entrou para a história do voleibol no Brasil como o atleta mais idoso a disputar uma competição oficial organizada pela Confederação Brasileira de Voleibol. Com 86 anos e 295 dias o ancião do bairro do Campo Grande no Rio de Janeiro terá na próxima semana o registro de atleta emitido pela CBV, referendando o título no histórico da entidade.

A marca anterior era da atleta Aída dos Santos Menezes, primeira brasileira a disputar final olímpica no atletismo em 1964 e mãe da jogadora de voleibol Valeska Menezes, a Valeskinha. Aída ainda mantém a marca de mulher com maior idade a disputar uma partida de voleibol promovida pela CBV, já que a veterana de 77 anos também está em Saquarema e participa mais uma vez do Vôlei Master.

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