
Foto: Raniery Soares/Correio da Paraíba
O momento vivido pelo atacante Biro-Biro está sendo considerado por ele como sendo: um sonho, fantasia, uma estória de ficção. O menino pobre, que perdeu o pai quando tinha três anos e também órfão de mãe na juventude, trabalhava em um engenho de cana de açúcar até ser aprovado em um peneirão do Botafogo, na Maravilha do Contorno.
Leandro de Jesus, aos 24 anos de idade, antes de assinar contrato profissional com o Botafogo, disputou o campeonato paraibano pelo Santa Cruz, de Santa Rita, no ano passado. Mas, logo que terminou a competição Biro-Biro voltou a trabalhar no engenho, em sua terra natal Cruz do Espírito Santo.
“Lá eu trabalhava em serviços gerais. Um amigo me convidou para fazer o teste no Botafogo” conta Biro-Biro que nunca imaginou defender um clube do porte do Botafogo. “É um sonho, ainda não chegou a realidade. Estou jogando ao lado de estrelas como Warley, Michel Alves é um fato que não consigo explicar”. Ele elogia o carinho do elenco e promete seguir os conselhos do treinador Itamar Schülle.
Biro-Biro quase desiste do peneirão, quando chegou na Maravilha do Contorno e viu uma multidão de quase mil garotos para serem avaliados. “Pensei: o que estou fazendo aqui? Com tanto jogador mais jovem e bons de bola, não terei chance. Mas eu estava errado, o professor Itamar gostou do meu futebol”.
Fatalidades
Apesar da mudança repentina de vida, Biro-biro ainda guarda no olhar uma tristeza pelas fatalidades na família. Primeiro, com a morte do seu pai, Ginival de Jesus, vítima de cirrose, quando Biro-Biro tinha apenas três anos de idade. Criado pela mãe aprendeu a trabalhar com honestidade. Mas, há cinco anos veio outra perda. A mãe, dona Ana Francisca morreu queimada.
“Não tenho muitas lembranças do meu pai, mas quando perdi minha mãe, entrei em depressão. Graças a Deus contei com o apoio de amigos para superar”, lembra o jogador que tem duas filhas, Beatriz de três anos e Ana Sofia de dois meses.
Valorizar a família
Mostrando ter equilíbrio espiritual Biro-Biro manda um recado para muitos jovens que têm chance de crescer na vida, mas não valorizam a família. “Quem tem pai e mãe deve valorizar a família. Não é fácil ficar sozinho”, declara Biro-Biro se mostrando preocupado com os jovens que decidem entrar no mundo das drogas.
Ele recomenda que o futebol é um das saídas para estes garotos buscarem crescimento na vida, mas avisa “é preciso trabalhar, estudar, ser honesto”. Por ter dificuldades quando era criança, Biro-Biro estudou até a 5ª série já que teve de trabalhar para ajudar a família.
Planejamento
Para aplicar o dinheiro que está ganhando como jogador profissional o atacante Biro-Biro já tem o planejamento: vai criar gado. “O Botafogo está me ajudando. Os companheiros têm me orientado. Quero me firmar como jogador profissional e seguir a carreira”.
Ele que continuar representando seu povo dentro de campo se firmar jogador profissional. O atleta garante ter orientação de amigos e das irmãs e o apoio da companheira, Karol. “Nunca vou deixar minha comunidade, quero morar no sítio, sem me afastar da minha família”, destaca o jogador que nasceu e mora no sítio Jacson, em Cruz do Espírito Santo.
Por Franco Ferreira
