BOTAFOGO: Sobre os acordos trabalhistas e as emendas de deputados…

Raimundo Nóbrega

Uma vez que a Diretoria Executiva do Clube não está conduzindo ao Conselho Deliberativo as discussões sobre acordos trabalhistas e registro do terreno da Maravilha do Contorno, eu gostaria que o torcedor Botafoguense acompanhasse a minha preocupação com algumas ações do atual presidente da Diretoria Executiva que, certamente, causarão danos ao nosso Clube, podendo até ser considerada uma gestão temerária do Clube, apesar do Presidente estar constantemente na mídia alardeando o contrário. Senão vejamos…

Sobre os Acordos Trabalhistas

O Botafogo tem um débito trabalhista cujo montante gira em torno de R$ 500 mil reais com ex-funcionários e mais R$ 400 mil reais de multas aplicadas pelo Ministério Público do Trabalho e que foram ajuizadas e excutadas no TRT, considerando um número aproximado de 30 ações trabalhistas. Nesse cálculo estou excluindo a ação movida pelo ex-atleta Washington Lobo cujo débito aproximado de R$ 70 mil já foi pago usando recursos gerados pela diretoria anterior do Clube (participação na Copa do Brasil-2011) e penhorados pela Justiça do Trabalho.

Antes que alguém reclame, concordo plenamente que o momento é oportuno prá serem feitos tais acordos uma vez que não estaremos disputando competições pelos próximos 8 meses, a menos da Copa Paraíba Sub21.

Entretanto, a forma dos acordos é no mínimo IRREGULAR. Os acordos trabalhistas projetados pelo presidente contemplam um número exagerado de parcelas, sem haver a preocupação com a redução do custo total. Por exemplo, o débito atualizado com o atleta Edson Ratinho é na ordem de R$ 50 mil reais. O acordo fechado entre as partes foi de 50 parcelas de R$ hum mil, como se pode ver no Termo de Acordo publicado no site do TRT- Processo 00073.2006.026, ou seja, só daqui a 4 anos e 2 meses, no mínimo, será concluído o pagamento. Você, torcedor, há de perguntar quais as irregularidades nisso, se o valor mensal é tão pequeno? A resposta é simples e se divide em 3 aspectos:

a) ÉTICO: o mandato do atual presidente termina em 17 de outubro próximo, ou seja, daqui a 6 meses. O presidente não consultou nem o Conselho Deliberativo do Clube, nem seu Conselho Fiscal, nem seus sócios, para se respaldar em tal decisão de parcelar débitos trabalhistas em até 50 meses, quando só tem mais 6 meses de mandato. É preciso que o torcedor saiba que se as parcelas não forem pagas, o débito é duplicado. No caso de Edson Ratinho, iria de R$ 50 mil, assumidos hoje pelo presidente, para R$ 100 mil.

b) COMPROMETIMENTO MENSAL: Você, torcedor, pode dizer agora: mas se o Botafogo não tiver hum mil reais mensais prá pagar um acordo desse não pode nem fazer um time. Mas o débito não vai se resumir a hum mil reais mensais. E as demais ações? Só com 5 acordos feitos o débito mensal já está em quase dez mil reais. E quando forem concluídos todos os acordos, quanto será o débito fixo mensal, R$ 25 mil?  R$ 30 mil? E a montagem do time? E os outros gastos do time? E numa possível crise quem assumiria tal débito?

c) MORAL: O torcedor Botafoguense se lembra da humilhação a que fomos submetidos com a penhora dos troféus nesse caso Ratinho. Com muito sacrifício particular meu, que quase fui preso por me negar a atender ordem judicial de liberar os troféus  do Clube para o advogado de Edson Ratinho na presença de oficial de justiça na Maravilha do Contorno, e com brilhante defesa de Lula Crispim, conseguimos suspender a constrição desse bem do Clube. Pois bem, numa das cláusulas desse acordo do atual Presidente, o Botafogo renuncia o direito de impugnação da penhora nos autos desse peocesso, ou seja, se não pagar, o Botafogo já está liberando, a priori, seus troféus para Edson Ratinho.

E o que fazer? Certamente o torcedor do Botafogo está a me questionar. E eu dou uma sugestão, que poderia ter sido discutida no Conselho Deliberativo caso o projeto desse acordo tivesse sido prá lá encaminhado, como de correto. Discutamos a sugestão a seguir…

O Botafogo, a partir de agora (maio) até o mês de dezembro do corrente ano, vai ter a seguinte receita:

a) Convênio com a Prefeitura Municipal……..R$ 280.000,00

b) Programa Gol de Placa……………………..R$ 120.000,00

c) Patrocínio Dislub nas camisas………………R$ 240.000,00

d) Acordo com a Liga do Nordeste……………R$ 250.000,00

……………………. .TOTAL DE RECEITA……..R$ 890.000,00

A única competição a ser realizada até dezembro é a Copa Paraíba Sub21. Então, considerando que a Copa seja realizada em 3 meses, incluindo já a fase de preparação,  teremos uma despesa média de R$ 25.000,00 e uma despesa total de R$ 75.000,00 na Copa Paraíba. Mesmo sem considerar a receita das rendas de jogos, teremos uma receita líquida até dezembro em torno de R$ 800 mil.

Sugiro pois que essa receita seja aplicada na manutenção e expansão da Maravilha do Contorno (R$ 400.000,00) e que a outra metade (R$ 400.000,00) seja usada no pagamento total do débito trabalhista, até dezembro deste ano, propondo a cada reclamante uma redução de 50% no débito atualizado, permitindo o pagamento integral ou em até 4 parcelas. Tenho certeza que todos os credores aceitarão tal proposta por se tratar de pagamento à vista, em vez de aventurarem a receber em 50 parcelas, ou seja, em torno de 5 anos. E, principalmente, o Clube se livrará de vez, até o final deste mesmo ano, de todo o débito trabalhista.

A abertura de contas em Bancos para depósitos voluntários ou lista de abnegados para adesão a esse projeto, como proposto hoje pelo presidente do Clube, é uma forma de comprometer esses voluntários que passarão a ser co-responsáveis pelo pagamento da dívida, não me parecendo ético para quem tem um mandato que vence em outubro deste ano, como é o caso do atual presidente do Clube. Que tal usar os recursos desses voluntários no Departamento Amador do Clube?

Sobre a Regularização do Terreno da Maravilha do Contorno

Já virou rotina, a cada dois anos, o atual presidente da Diretoria Executiva apresentar uma proposta de emenda de bancada para investimentos na Maravilha do Contorno. Dessa vez foram logo de 3 Deputados. Eu gostaria muito que isso fosse verdade.

Vem agora o Presidente falar novamente em regularização do terreno da Maravilha do Contorno para esses futuros investimentos. Digo NÃO à mudança do status quo do terreno da Maravilha do Contorno, com 10 hectares. Até hoje, depois da troca desse terreno pelo terreno de Tambauzinho, onde hoje está instalado o Espaço Cultural,  já passados 35 anos de posse, houve diversas tentativas, mau sucedidas, de penhora de nossa sede.

É um grande risco para o Clube a mudança de status do terreno. A solução para investimentos é a Prefeitura Municipal. O terreno foi doado pela Prefeitura. Temos a posse. Então que através da Prefeitura os recursos sejam investidos na Maravilha do Contorno. É o melhor caminho.

Aproveito o momento para desmentir o presidente da Diretoria Executiva do Clube nas suas constantes afirmações de que a diretoria anterior queria vender o terreno da Maravilha do Contorno para pagamento de débitos trabalhistas. Não é verdade isso. A Juíza do Trabalho, Dra. Ana Paula Campos, foi quem determinou a penhora do terreno da Maravilha do Contorno. Nós fizemos o melhor possível, para evitarmos tal coisa, e conseguimos.

Conclusão

Todos os projetos e ações do atual presidente do Botafogo, desde agosto de 2011 quando exerceu a função de Diretor de Futebol, foram mau sucedidos. O Clube foi “lanterna” na Copa Paraíba, foi 4º lugar no Campeonato Paraibano 2012, perdeu a vaga na Copa do Nordeste, perdeu a vaga no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil, não conseguiu fazer sócios para o Clube, fechou a Loja do Clube, dentre outros…

Como podemos acreditar, agora, que o projeto do Presidente do Clube na “liquidação” dos débitos trabalhistas  e o projeto de regularização do terreno da Maravilha do Contorno vão ter sucesso? A meu ver são danosos ao Clube.

Raimundo Nóbrega é membro do

Conselho Deliberativo

do Botafogo Futebol Clube,

já tendo sido seu presidente.

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