Em mil novecentos e vinte e seis, no cariri paraibano, precisamente na próspera cidade de Monteiro, divisa com o estado de Pernambuco, nasceu o cidadão Eurivaldo Guerra Evangelista, o popular “SEU VAVÁ”. Um desportista que viria a dar uma enorme contribuição ao nosso rico futebol, especialmente ao glorioso Botafogo Futebol Clube. A sua brilhante carreira de atleta iniciou-se naquele vizinho estado, onde foi estudar.Ao se destacar em uma equipe amadora do interior pernambucano, o então atleta Vavá foi levado ao Recife para fazer testes e logo ser aprovado no Sport Clube do Recife, o famoso Leão da Ilha do Retiro. Começava ali uma brilhante carreira de um clássico médio volante que tinha bastante afinidade com a bola.No início da década de cinquenta, Vavá já era titular do Sport Clube do Recife e da seleção pernambucana e tinha o seu futebol pretendido por várias equipes da capital do estado do Rio de Janeiro. Todavia, o então presidente do Botafogo Futebol Clube Sr. José Américo Filho, esteve no Recife e conseguiu trazê-lo para jogar e fazer história na Paraíba.Para o jovem Vavá esquecer o Sul Maravilha e vir jogar em nosso solo, o então e influente presidente do Botafogo da PB lhe prometeu e cumpriu uma nomeação em um cargo público federal em nosso estado. Cargo esse que ele exerceu até o gozo da sua merecida aposentadoria.Conforme dizia o inesquecível Ivan Bezerra de Albuquerque, Vavá veio a se juntar a Berto e Tita, para formarem uma famosa linha média inesquecível, onde a pelota era tratada com bastante intimidade e conhecimento.
Consequentemente os títulos vieram com a camisa do Botafogo Futebol Clube. Vavá participou do tricampeonato conquistado nos anos de 1953, 54 e 55, como atleta e importante peça no esquema tático da equipe. Também participou, já como treinador, do título de 1957.Nos anos sessenta – já chamado de seu VAVÁ – a sua contribuição ao alvinegro foi enorme, por ter assumido o departamento de futebol do clube por vários anos e por ter sido o técnico do tricampeonato, conquistado, em 1968, 1969 e 1970, com a ressalva do também competente treinador Caiçara ter assumido em 1968.“Seu VAVÁ”, como era conhecido e chamado pelos atletas da época, era amigo de todos, humano, conselheiro e muito respeitado por seu conhecimento do futebol. Ele estudava e entendia a forma do adversário jogar e colocava a sua equipe em campo para neutralizar as jogadas do adversário.Fernando, goleiro daquela fase áurea do clube e considerado um dos melhores de todos os tempos, assim o definiu: “Um homem correto, que dava tudo de si para o clube. Sou muito grato por seus ensinamentos”.Zezito, lateral esquerdo titular absoluto daquela campanha, emocionado assim se referiu: “Seu Vavá foi o melhor técnico de futebol que tive, ele assumia a derrota perante a diretoria e a imprensa. Porém nos reunia em seguida e puxava nossas orelhas cobrando resultados”. Valdeci Santana, o nosso Ademir da Guia paraibano, disse do seu treinador: “Um homem de muita inteligência, Humano e carismático. O melhor que conheci”.Telino, outro importante atleta daquela campanha, assim resumiu o ex-treinador, “Foi um cara muito legal comigo. Logo que cheguei ao Botafogo, me fez capitão da equipe e até conversava comigo sobre a escalação do time”. Saulo, o então coringa do Botafogo, com saudade assim se expressou, “Ele me ensinou o que sabia, em termos de posicionamento dentro de campo e me lançou para jogar no meio de campo. Gente finíssima”.Quando foi no dia trinta e um de março de 2001, Seu Vavá faleceu deixando enormes saudades ao futebol paraibano. Para nós torcedores, cronistas e desportistas paraibanos, ficou a certeza de que o cidadão Eurivaldo Guerra Evangelista, o popular “Seu VAVÁ”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br