Causos & Lendas do Nosso Futebol: Você se lembra do abnegado Seu Gerson?
Ele nasceu na então arborizada e pacata cidade de João Pessoa, precisamente no dia 11 de março do ano de 1932, foi batizado por seus pais com o nome de VICENTE BEZERRA DE MACEDO, mas para o mundo da bola ele ficou conhecido como “Seu Gerson”.Quando jovem, seu Gérson jogou de ponta direita na extinta equipe do Ribamar Futebol Clube.
Segundo os comentários dos antigos moradores de Mandacaru, ele era bastante hábil e veloz na extremidade do gramado. Seu Gérson sempre morou e realizou os seus projetos no bairro que lhe acolheu de braços abertos, o popular bairro de Mandacaru.
Ali, próximo das famosas cinco bocas, ele fez a sua morada, criou a família e deu enorme contribuição ao futebol amador. Ele jogou e participou da Diretoria do antigo Ribamar Futebol Clube e fundou e presidiu a equipe do Sol Nascente Futebol Clube. Mas o grande trabalho desse abnegado desportista seria realizado na Ponte Preta Futebol Clube Recreativo, equipe fundada no dia 21 de abril de 1960.
A Ponte Preta, tradicional e importante equipe amadora de nossa capital, inicialmente usou as cores amarela e preto em seu uniforme, porém em seguida a diretoria modificou para as cores preta e branca, semelhante ao clube do interior paulista. A equipe disputava todos os torneios existentes no bairro como também amistosos por toda a capital.
Três anos depois de sua fundação e já respeitada naquele bairro, a Ponte Preta se filiou aos quadros amadores da Federação Paraibana de Futebol, registrando os seus estatutos e os publicando no Diário Oficial do Estado.
Na década de oitenta o clube começou a participar dos campeonatos oficiais chancelados pela FPF nas categorias juvenil e amador.Paralelamente às atividades desenvolvidas dentro das quatro linhas, a Ponte Preta criou um quadro de sócio atleta e com a ajuda do político Inácio Pedrosa – que doou o terreno -, conseguiu erguer a sua sede social justamente no coração do bairro: as cinco bocas.
Ali, naquele espaço alvinegro, realizou-se inúmeras festas e reuniões sociais daquela comunidade.Seu Gérson presidiu a agremiação por vários anos e também exerceu o cargo de treinador. Ele lembra como se fosse hoje das campanhas de 1982 e 1985, quando conquistaram brilhantemente o campeonato amador do estado.
Também recorda da conquista de 1984, na categoria de juniores, títulos que aumentaram o respeito e a admiração do clube em toda a cidade de João Pessoa. Os jogos da Ponte Preta eram disputados em um campo que existia onde hoje funciona o mercado do Bairro dos Estados e no antigo campo Heder Henriques, o popular campo do Alto do Céu, hoje Juracizão.
Os seus maiores adversários e rivais eram o Ribamar Futebol Clube, o Jangadeiro, o Vera Cruz e depois o Boa Vista.Vários atletas que se destacaram em nosso futebol vestiram as cores da Ponte Preta, aqui podemos citar Regis Guru, Cássio, Marcos Silva, Bebé, Neovick e tantos outros que jogaram em equipes profissionais.
E como filho de peixe é peixinho, um dos filhos de seu Gérson, de nome Rui – meio campista – começou na Ponte Preta e depois teve o seu passe adquirido pelo Botafogo Futebol Clube.
A equipe amadora da Ponte Preta Futebol Clube Recreativo também realizou vários amistosos em cidades do interior do nosso estado, como forma de se confraternizar e dotar os seus atletas de experiências intermunicipais.Ele foi Marceneiro de profissão, desportista por abnegação e escritor por amor ao bairro de Mandacaru.
Sim, torcida paraibana, seu Gerson publicou dois livros externando o seu amor àquele bairro: MANDACARU, Sua História e seu povo e MANDACARU, Sua História em Fatos e Fotos, os quais fui gentilmente presenteado pelo autor.
Hoje, com 89 anos de idade, o nosso homenageado manuseia as fotos, documentos e os livros recordando com saudade daquela época em que os dirigentes viviam para o futebol, diferentemente dos atuais que vivem do futebol.Para nós torcedores, cronistas e desportistas paraibanos, ficou a certeza de que o sr. VICENTE BEZERRA DE MACEDO, o popular “Seu Gerson”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEPB e APBCE
falserpa@oi.com.br