Clarissa dos Santos
Destaque do Brasil na conquista da vaga para a Copa do Mundo da Turquia, com a medalha de bronze na Copa América do México, em 2013, e médias de 14,5 pontos e 8,2 rebotes por jogo, a pivô da Seleção Brasileira, Clarissa dos Santos, de 26 anos, está preparada para a temporada 2014. Com participações em Mundiais de base, Sub-19 (Eslováquia/2007) e Sub-21 (Moscou/2007), a carioca fará sua estreia em uma Copa do Mundo, que começa no dia 27 de setembro. A ambiciosa jogadora do Unimed/Americana, que se prepara para disputar as semifinais da quarta edição da Liga de Basquete Feminina (LBF), adianta que para a competição mundial está pensando no lugar mais alto do pódio.
O Unimed/Americana já está classificado para as semifinais da Liga de Basquete Feminino (LBF). Qual sua expectativa?
Estamos treinando forte e a expectativa é a melhor possível, mas não poderia ser diferente. Como classificamos direto para as semifinais, estamos só treinando, mas viemos de um ritmo forte de jogos e estamos preparadas para sair com vitórias. A LBF evoluiu bastante desde a primeira edição, inclusive, agora com a presença de jogadoras estrangeiras. Podemos ver jogos bastante disputados e espero que a Liga continue nessa crescente, pois será para o bem do basquete feminino brasileiro.
O que significa defender pela primeira vez o Brasil em uma Copa do Mundo Adulta?
Significa muito porque é a competição mais importante da nossa modalidade. É o sonho de todo atleta defender o seu país e o auge da carreira chegar a um Mundial. Agora falta pouco, mas estou me preparando se for chamada. Estou tentando o meu melhor todos os dias aqui em Americana para me apresentar bem fisicamente e mentalmente e dar o meu melhor.
O que você espera da temporada de preparação?
Acho que o que faz um bom jogador é a preparação, treinamento e trabalho duro. Isso dará muito mais confiança e amadurecimento para a equipe. Quando a preparação é boa, você disputa uma competição com muito mais confiança, especialmente em momentos importantes e decisivos. E a comissão técnica da nossa seleção está trabalhando nisso. O objetivo é realizar um trabalho forte e consciente para conquistar os resultados. E, dentro disso, quanto mais jogos preparatórios melhor.
Os amistosos serão importantes para amadurecer a equipe para a Copa do Mundo?
Claro. Tenho certeza que teremos a melhor preparação possível. Além do amadurecimento da equipe, os amistosos nos ajudarão no conhecimento dos adversários e a potencializar a nossa forma de jogar. Trabalharemos com as fraquezas e qualidades das equipes que tivermos a oportunidade de enfrentar antes da competição. Os amistosos também nos dão ritmo de jogo e nos ajudam a nos reconhecermos dentro de quadra. Quando um grupo trabalha muito tempo junto, já sabemos o que devemos fazer só olhando nos olhos das companheiras. Dá sempre muita ansiedade e vontade de entrar logo em quadra. Espero que possamos aproveitar bastante, chegar ao torneio com o jogo encaixado e dar uma cara boa para a equipe.
No dia 12 de junho o Brasil irá comemorar 20 anos da conquista do título do Mundial Feminino (Austrália/94). Isso aumenta a pressão?
O Brasil tem tradição em Mundiais e a CBB continua trabalhando duro para se manter entre os melhores, mas não acredito que isso cause algum tipo de pressão. Da nossa parte estamos dando o máximo para alcançarmos os melhores resultados. A nossa proposta para a Copa do Mundo da Turquia é obter o melhor resultado possível. É para isso que estamos trabalhando em um processo de renovação. É um trabalho a longo prazo.
Na Copa América do México, em 2013, vocês conquistaram o bronze e a vaga para a Copa do Mundo 2014. Que lições você tirou desse campeonato?
A melhor lição é sempre chegar a qualquer partida com o máximo de concentração. Acho que isso fez a diferença no primeiro tempo da semifinal da partida contra Cuba. Por conta disso, deixamos que elas abrissem uma boa vantagem e aí não conseguimos recuperar. Mas graças a Deus tivemos outra chance e saímos com o bronze e a vaga para o Mundial.
Você também se mostrou uma pessoa de liderança para esse jovem grupo do Brasil. Como você se vê nesse papel?
O meu objetivo como jogadora é claro e sempre será o de acrescentar algo ao grupo. O que puder fazer para ajudar meu time, não pouparei esforços, mas eu acredito que é muito mais uma troca do que uma liderança. Aprendo muito com as meninas mais novas também. Acho que de repente pela minha forma de brincar e motivar as meninas, pode parecer que sou uma líder. Mas basquete é um jogo coletivo e temos um monte de trocas de experiências no nosso grupo.
Desde que foi convocada pela primeira vez para a seleção adulta, você tem sido destaque em muitos momentos. Uma partida que merece destaque foi contra o Canadá, nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Quais são suas memórias de Londres?
Eu fiquei muito feliz com a oportunidade de defender o Brasil em Londres. E mais feliz de ter feito bons jogos, mas não importa quando você não tem uma vitória no final. O basquete é coletivo, de modo que o desempenho individual é muito bom, mas quando se trata de ganhar é o coletivo que importa. A preparação foi muito importante e treinamos muito, mas ficamos no quase, muitas vezes. No final, vimos que poderíamos ter ido muito mais longe. Estamos trabalhando para eliminar esse “quase” e ganhar um lugar no pódio. No ano passado, já conquistamos o título Sul-Americano na Argentina e o bronze na Copa América. Vamos ver o que acontecerá na Copa do Mundo.
O Brasil está no Grupo “A” da Copa do Mundo e terá como adversários na primeira fase as seleções da República Tcheca, Espanha e Japão. Que analise você faz desse grupo?
O grupo que caímos está com um nível muito alto e teremos jogos duros contra Espanha e República Tcheca, mas não há como esperar adversários fáceis em uma Copa do Mundo. Vamos mostrar com maestria o nosso trabalho e buscar uma vitória de cada vez. Acredito que essa seja a receita e ir crescendo dentro da competição. Será um grande aprendizado e uma experiência sem tamanho para a nossa seleção, que é bastante jovem.
Em sua opinião, quais as chances do Brasil?
As chances do Brasil serão construídas jogo a jogo. Vamos depender muito da cara que a equipe vai ter, mas na há dúvida de que faremos o nosso melhor para sermos campeãs. E não acredito que possamos pensar em conquistar menos do que isso. Como falei, vamos buscar o melhor resultado possível, mas sempre pensando no lugar mais alto do pódio.
CBB