Fernando Aranha termina em 15º na primeira participação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Inverno - SóEsporte
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Fernando Aranha termina em 15º na primeira participação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Inverno

A primeira participação do Brasil em uma edição dos Jogos Paralímpicos de Inverno terminou com sensação de dever cumprido. Neste domingo, 9, Fernando Aranha, 35, um dos dois atletas do país em Sochi, competiu na prova dos 15km do esqui cross-country. O paulistano de Cotia terminou em 15º, entre 21 atletas. Na Rússia, Aranha ainda disputará o sprint de 1km, na próxima quarta-feira, 12, e os 10km, no domingo, 16, data de encerramento dos Jogos. Andre Cintra, outro brasileiro em Sochi, compete no snowboard na sexta-feira, 14.

A prova dos 15km do esqui cross-country começou às 10h (3h no Brasil), no Laura Cross-country Ski & Biatlhon Center, localizado nas montanhas de Rosa Khutor, distrito de Sochi. Aranha, cadeirante em razão de uma poliomielite, foi o sexto atleta a largar, às 10h03. O último, o russo Roman Petushkov, saiu às 10h10 – a ordem é estabelecida de acordo com o ranking mundial. Os melhores colocados largam por último.

Vinte e um atletas, representando oito países, brigaram por medalhas na prova. Eles percorreram cinco vezes um percurso de aproximadamente 3km. Aranha completou os 15km em 49min31s4, o que o deixou em 15º lugar no resultado final. O brasileiro terminou à frente de dois canadenses, dois norte-americanos e dois italianos. O resultado foi o melhor do esquiador até agora em provas de 15km desse nível, com os principais atletas do mundo. Ele começou a se dedicar ao esporte na neve no final de 2012. Competindo em casa, os russos fizeram um pódio triplo: Roman Petushkov foi ouro (40min51s6), Irek Zaripov, prata (41min55s1) e, Aleksandr Davidovich, bronze (42s08s6). 

“A prova foi sofrida, mas muito divertida. Cai umas cinco, seis vezes no percurso, mas o ritmo estava bom. O tempo estava quente, gostoso”, contou Aranha. A temperatura em Rosa Khutor estava em torno de 10° C, considerado quente se comparada às marcas negativas no termômetro registadas em edições anteriores dos Jogos de Inverno. “Também gostei da posição em que larguei. Tinha gente para eu correr atrás, e tinha gente na minha cola. Ou seja, tive muita motivação para buscar meu melhor resultado.”

Querido pela torcida russa, o brasileiro era bastante aplaudido quando passava esquiando pela arquibancada onde o público assistia à prova. “A ficha caía toda vez em que via as pessoas gritando. Era fantástico. Comecei a sentir o peso de um evento dessa magnitude. Estou me sentindo muito feliz”, comentou.

Mesmo exausto após percorrer 15km, o paulista disse que ainda tinha fôlego e vontade para mais. “Eu sempre vou querer mais uma volta para conseguir alcançar o atleta da frente. Consegui passar um na última volta e pensei: uma meta atingida.”

O esqui cross-country é aberto a atletas com deficiências físicas e visuais. Dependendo da limitação física, o esquiador pode usar um sit-ski (uma cadeira equipada com um par de esquis), caso do Aranha.  Atletas com deficiência visual competem com um atleta-guia. Tanto as mulheres como os homens participam em provas de distâncias curtas, médias e longas, ou então no revezamento por equipe.

Os Jogos Paralímpicos de Sochi serão disputados até 16 de março, por 575 atletas. Eles vão competir em 72 eventos, de cinco esportes: esqui alpino, biatlo, esqui cross-country, hóquei sobre trenó e curling em cadeira de rodas. O snowboard estreará nos Jogos como parte da programação do esqui alpino.

Atleta: Fernando Aranha Rocha
Data e local de nascimento: 10/04/1978, em São Paulo
Peso: 76kg
Altura: 1,63m
Classe funcional: LW11.5 (sitting)
Provas em Sochi: 1km (12/3, 3h*) e 10km (16/3, 5h45*)
História: Por causa de uma poliomielite, Fernando Aranha teve o movimento das pernas prejudicado aos 4 anos. Aos 16, um amigo sugeriu que praticasse basquete em cadeira de rodas. Foi, então, que ele fugiu do orfanato em que vivia e foi ao Ibirapuera para conhecer um time. Começou a praticar o esporte e, a partir daí, passou a experimentar outras modalidades. Hoje, além do esqui cross-country, compete no ciclismo adaptado e no paratriatlo.
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