Foram dez dias de evento, cerca de 6 mil pessoas envolvidas nos Jogos Escolares da Juventude 2015, etapa de 15 a 17 anos - SóEsporte
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Foram dez dias de evento, cerca de 6 mil pessoas envolvidas nos Jogos Escolares da Juventude 2015, etapa de 15 a 17 anos

Foram dez dias de evento, cerca de 6 mil pessoas envolvidas – sendo mais de 3.700 estudantes –, 13 modalidades esportivas e incontáveis histórias. Entre os dias 12 e 21 de novembro, Londrina, Maringá, Cambé e Ibiporã (PR) receberam os Jogos Escolares da Juventude 2015, etapa de 15 a 17 anos, onde foram vivenciados momentos marcantes nos campos social e esportivo. Organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) desde 2005, o maior evento esportivo escolar do país já mobilizou mais de 19 milhões de jovens na última década. Com as finais deste sábado, as cidades paranaenses vivem o sentimento de dever cumprido vivenciado por Fortaleza (CE) – que foi sede da etapa de 12 a 14 anos, em setembro – e encerram mais um capítulo da história do esporte escolar no país.

De abrangência nacional, anualmente, os Jogos Escolares da Juventude têm a participação de mais de 2 milhões de jovens atletas de instituições de ensino públicas e privadas em suas fases classificatórias – municipais e estaduais – , envolvendo aproximadamente 40 mil escolas de 4 mil cidades do Brasil.

“Os Jogos Escolares da Juventude são um projeto que busca dar uma contribuição para mudar a realidade do país. Esse é o nosso principal objetivo. Mas também alcançamos o alto rendimento com o evento. Aqui nós observamos os jovens que representarão o Time Brasil nos Jogos Sul-americanos da Juventude Santiago 2017 e nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018”, disse Edgar Hubner, gerente-geral de Juventude e Infraestrutura do COB e diretor-geral dos Jogos Escolares da Juventude.

“Houve aumento de participação de atletas nos Jogos Olímpicos da Juventude, por exemplo, que já fizeram parte dos Jogos Escolares. Em Nanquim 2014, entre as modalidades que fazem parte dos dois eventos, tínhamos 72% da delegação brasileira oriunda dos Jogos Escolares. Em Cingapura 2010 eram 47%. Então a gente aumentou, e em Buenos Aires 2018 devemos ter uma percentual maior ainda. Porque os atletas estão cada vez mais sendo qualificados aqui”, completou o diretor-geral dos Jogos Escolares.

Sede do evento pela terceira vez, Londrina recebeu elogios pelo comprometimento com esta edição dos Jogos Escolares.
“Londrina recebeu pessoas vindas de todos os cantos do país de braços abertos. É sempre uma operação difícil, quando você tem o número de pessoas inscritas como nós tivemos aqui em Londrina. Os estados estão cada vez mais entendendo que os Jogos têm essa questão da competição, mas que não podem perder também o foco nos aspectos sociais e educacionais”, disse Edgar Hubner.

Números – Para a realização dos Jogos Escolares da Juventude Londrina 2015, mais de 90 toneladas de equipamentos foram distribuídas nos 21 locais de competição e no Centro de Convivência do evento, onde todos os participantes se encontravam para participar de atividades socioculturais e educativas, além de premiações e alimentação. Falando sobre o “combustível” para os atletas, árbitros, dirigentes, voluntários e organizadores, cerca de 52 toneladas de alimentos foram utilizadas para a produção de mais de 57 mil refeições. Todo resíduo produzido foi selecionado e será encaminhado a cooperativas de Londrina para reutilização.

A rede hoteleira de Londrina, Maringá e Cambé hospedou os visitantes vindos de todo o Brasil, sendo 21 hotéis no primeiro e quatro no segundo município. Para o deslocamento, apenas na cidade-sede, aproximadamente 160 veículos foram utilizados: 66 ônibus, 62 carros e 33 vans. O Comitê Organizador, em parceria com a Secretaria de Ambiente de Londrina, se comprometeu em plantar, nos próximos seis meses, mil mudas de plantas em áreas da cidade para neutralizar a quantidade de carbono emitida durante os Jogos. Já foram plantadas 80 nas redondezas do lago Igapó, dentro das atividades socioambientais do evento.

Social – Com o tema “Igualdade de gêneros no esporte”, o Centro de Convivência dos Jogos Escolares trouxe ações em busca de conscientizar os atletas de que homens e mulheres têm os mesmos direitos e oportunidades dentro e fora do esporte. Palestra, oficinas de estamparia em camisetas, apresentações de vídeos e intervenções com uso de pintura com luz relacionadas ao debate sobre gênero foram feitas. O conteúdo foi produzido pelo COB em parceria com a ONU Mulheres, organização global para o progresso das mulheres e meninas ao redor do mundo.

Além do debate sobre gênero, o Centro de Convivência disponibilizou a Biblioteca do COB; o espaço do Time Brasil, com a presença da mascote Ginga; um cyber, onde os atletas fizeram postagens em redes sociais; uma mesa interativa com conteúdo produzido pela Agência Brasileira de Controle de Dopagem; e jogos de tênis de mesa e totó.  Ainda no local, foram oferecidas clínicas esportivas de esgrima, basquete 3×3 e rúgbi, além de apresentações de skate e parkour.

No Espaço Coca-Cola, foi possível ver de perto as tochas olímpicas dos Jogos de Barcelona 1992, Atlanta 1996, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016. No Espaço Rede Globo/RPC, com o “click campeão”, os participantes dos Jogos Escolares registraram um momento especial no pódio da competição, inclusive com os Embaixadores da competição.

Embaixadores – Todas as atividades desenvolvidas durante os Jogos Escolares 2015 contaram com a presença de atletas olímpicos e pan-americanos do Time Brasil, com o objetivo de inspirar os estudantes dentro de fora de competição. Os Embaixadores em Londrina e Maringá foram: Luciano Pagliarini (ciclismo), Shelda Bede (vôlei de praia), Angélica Kvieczynski (ginástica rítmica), Fabíola Molina (natação), Vanderlei Cordeiro de Lima (atletismo), Aline Silva (luta olímpica), Josuel Santos (basquete), Fofão (vôlei), Lenísio Teixeira Júnior (futsal), Diogo Hubner (handebol) e Charles Chibana (judô).

Alto rendimento – Medalha de ouro no Pan Toronto 2015, o judoca Charles Chibana foi bicampeão dos Jogos Escolares da Juventude, em 2005 e 2006. A exemplo dele, os Jogos já revelaram vários atletas para o alto rendimento, como a campeã olímpica Sarah Menezes e a campeã mundial Mayra Aguiar, ambas do judô. Na delegação brasileira que disputou os Jogos Olímpicos Londres 2012, 17 atletas do Time Brasil já haviam passado pela competição estudantil.

O evento acompanhou também o desenvolvimento de atletas como as finalistas olímpicas Rosângela Santos e Ana Claudia Lemos, do atletismo; do semifinalista Leonardo de Deus, da natação; além do jogador de basquete Raulzinho, atualmente na NBA. Já nos Jogos Pan-americanos Toronto 2015, 75 atletas da delegação brasileira tiveram passagem pelos Jogos Escolares. Da nova geração, Matheus Santana (natação), Duda Lisboa (vôlei de praia), Hugo Calderano (tênis de mesa) e Layana Colman, medalhistas nos últimos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim 2014, são alguns dos talentos surgidos nos Jogos Escolares. Sobre a geração formada em Londrina 2015, a expectativa é de que eles representem o Time Brasil nos Jogos Sul-americanos da Juventude Santiago 2017, Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018 e Jogos Olímpicos Tóquio 2020.

Resultados – Os torneios das modalidades individuais – atletismo, ciclismo, judô, luta olímpica, natação, vôlei de praia, ginástica rítmica, xadrez e tênis de mesa – dos Jogos Escolares da Juventude 2015 foram realizados de 13 a 15 de novembro, em praças esportivas localizadas na cidade-sede de Londrina, além de Maringá e Ibiporã. Para as coletivas, ainda foi utilizado ginásio em Cambé. Entre os dias 19 e 21, mais de 300 partidas movimentaram os atletas de basquetebol, futsal, handebol e voleibol.

No ano em que o tema dos Jogos Escolares foi “Igualdade de gêneros no esporte”, o torneio de xadrez foi histórico: pela primeira vez, em mais de uma década de evento, uma menina chegou ao pódio na prova de Blitz. A enxadrista Ramyres Santana Coelho, do Colégio Dom Bosco (PE), conquistou a medalha de bronze, êxito acompanhado de perto pela mãe e treinadora Graça Santana. Além desse terceiro lugar inédito e consideradas suas seis participações nos Jogos, a jovem pernambucana já havia conquistado seis medalhas no torneio convencional, sendo quatro de ouro e duas de prata. Ainda sobre momentos marcantes desta edição, 22 recordes foram quebrados no atletismo e na natação.

Quatro marcas foram alcançadas na pista e no campo do estádio regional Willie Davids, em Maringá, cidade que recebeu as provas de atletismo dos Jogos Escolares. Nos 100m rasos, o velocista Paulo André Camilo de Oliveira, do Centro Castro Alves de Ensino (ES), ficou a 14 segundos do índice olímpico, estabelecendo os novos recordes sul-americano, brasileiro e escolar sub-18 da prova com o tempo de 10s30. O jovem de 17 anos também fez o recorde do evento nos 200m rasos, com 21s08.

Na piscina de Londrina, 18 novas marcas da competição foram estabelecidas pelos atletas. Um dos nomes da natação dos Jogos Escolares foi Iago Moussalem do Amaral, do Colégio Amorim Tatuapé 5 (SP). O nadador de 17 anos deixou a cidade paranaense com sete medalhas de ouro, um recorde individual na prova dos 100m costas e quatro por equipe nos revezamentos.

Saindo da piscina para os esportes de combate, as medalhas de ouro, prata e bronze na luta e no judô ficaram dividas entre atletas de todas as regiões do Brasil. Os lutadores do Amazonas conquistaram quatro dos sete títulos possíveis, com atletas de dez estados entre os medalhistas. Já os judocas de São Paulo foram campeões em 12 das 18 categorias. Na modalidade, a distribuição de pódios contemplou estudantes de 18 estados.

Em outro tipo de piso, no tablado da ginástica rítmica, o Rio Grande do Sul contou com a experiência de uma técnica da antiga União Soviética para ficar em primeiro lugar em todas as provas. Sob as orientações de Anna Danielyan, as ginastas Stephany Gonçalves, do Colégio Estadual de Educação Básica Presidente Roosevelt, e Andressa Jardim, aluna do Grupo Educacional Unificado conquistaram todas as medalhas de ouro do evento, além do título por equipe. Stephany brilhou no individual geral e nos aparelhos arco e bola; Andressa, nas maças.

A exemplo da ginástica, dois estados da região Sul dominaram os torneios de ciclismo e tênis de mesa. Com a bicicleta, o Paraná terminou três das seis provas na liderança, com destaque para o ciclista londrinense Francisco Silva, do Colégio Estadual Professor Doutor Heber Soares Vargas (PR), que foi o primeiro medalhista de ouro desta edição. Com a raquete e a bolinha, Santa Catarina conquistou as sete provas disputadas em Londrina, com os irmãos Alexia e Enzo Nakashima, do Colégio Elias Moreira (SC), ficando com todas as medalhas douradas.

Presente apenas na etapa de 15 a 17 anos, os torneios de vôlei de praia foram vencidos pelos estados do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro. Entre as meninas, a dupla Kyce Mikaele e Milena Pâmela, do Expansivo Colégio e Curso (RN) conquistou o ouro. Gabriel Pereira e Willian Bruno, do Centro Educacional da Lagoa – CEL (RJ), ficaram em primeiro entre os meninos.

Nas modalidades coletivas – basquete, futsal, handebol e vôlei –, estudantes de todas as regiões do Brasil chegaram às decisões por medalhas, considerados os torneios feminino e masculino das três divisões. As finais seguem neste sábado, dia 21, último dia dos Jogos Escolares da Juventude Londrina (PR) 2015, etapa de 15 a 17 anos.

Avaliação – Nos dias 29 e 30 de novembro, o Comitê Organizador dos Jogos Escolares e os dirigentes das delegações participantes do evento estarão reunidos em Foz do Iguaçu (PR) para tratar de reformulações nos regulamentos da competição e início de processo para apresentação de possíveis sedes a receber os Jogos em 2016. “Nós conversamos com representantes de Londrina e Maringá e também fomos procurados pelos Governos de Santa Catarina, Paraíba e Minas Gerais, mas nenhuma ação concreta ainda, porque eles têm um prazo para formalizar o interesse efetivo nos Jogos. Após essa reunião em Foz, publicaremos um novo caderno de encargo, mais enxuto, e as cidades e os estados terão até o início de fevereiro para fazer essas manifestações oficialmente”, explica o diretor-geral do evento, Edgar Hubner.

A respeito de mudanças nos Jogos Escolares, Hubner lembra que tais possibilidades poderão acontecer em virtude do atual contexto econômico global. “O que nós temos de discutir é que precisamos ter um elemento maior de ligação com o movimento esportivo internacional. Ou seja, com as dificuldades financeiras enfrentadas pelo mundo, nem sempre conseguiremos uma sede que tenha pista sintética, ou uma piscina de 50 metros, ou um Centro de Convenções, porque as cidades estão com menos verba, com compromissos orçamentários diferentes. O Comitê Olímpico Internacional (COI) lançou a Agenda 2020, que é um documento que tem uma série de itens, que fala sobre sustentabilidade, sobre transparência, sobre questões econômicas, e nós não podemos deixar de seguir essa tendência. Ou seja, nós temos um nível de exigência entre nós e as delegações, mas nós também temos de estar conscientes da necessidade de mudanças”, ressalta Edgar.

No contexto de mudança para 2016, o diretor-geral dos Jogos Escolares atenta para dois desafios: readequação operacional dos Jogos e fortalecimento do formato do evento. “O nosso grande desafio agora é readequar o modelo dos Jogos. Nós não podemos aumentar as modalidades, nós não podemos crescer o número de atletas, nós não podemos ampliar o número de dias, porque isso também cria dificuldades. Outro desafio que a gente tem é tentar identificar uma cidade que tenha condições de receber uma etapa no Norte e Nordeste, por questões de deslocamento de equipes, por exemplo”, afirma Edgar Hubner.

A valorização do professor de Educação Física é outro ponto de fundamental importância para o sucesso dos Jogos Escolares da Juventude. “Temos que valorizar o profissional de Educação Física, porque no final quem consegue manter o esporte vivo são eles. Trocam os governantes, os prefeitos, os secretários, as crianças, e o profissional de Educação Física continua lá, motivando os jovens o dia todo”, comenta Edgar.

Por fim, depois de 11 anos à frente do projeto, Edgar Hubner fez um balanço da importância dos Jogos Escolares para a juventude do país. “O que nos motiva é termos a certeza que estamos fazendo a diferença. Não vamos solucionar o problema do país, mas já mexemos na vida de 19 milhões de crianças nesses 11 anos. 19 milhões de crianças que em algum momento tiveram envolvidas com os Jogos Escolares. A motivação é por termos a certeza de que estamos fazendo um trabalho que vai oportunizar para elas não serem melhores atletas, mas que elas sejam melhores pessoas, que elas sejam cidadãos mais completos, que sejam cidadãos mais saudáveis e que a vida social delas seja melhor. Então é essa diferença que estamos fazendo”, finaliza Edgar.

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