FUTEBOL: ARTE E CIÊNCIA – 20 MINUTOS DE JOGO E 25 DE BRIGA
O jogo transcorria debaixo de uma irritação perigosa. Com 15min de jogo, no segundo tempo, um zagueiro
encrencou com Quarentinha perto do nosso banco. Palavrão pra lá, palavrão para cá, e se agarraram. Correu todo mundo e o tempo fechou. Isto é, só dois não entraram na briga: Garrincha e Pepilo, sentaram num canto do gramado e bateram um longo papo. Dez, quinze minutos de briga e o pau comendo. As vezes parecia que ia acabar mas engrenava de novo. O juiz sentenciou: o 11 do Botafogo e o 2 do Sevilla estão expulsos. O jogo prosseguiu e cinco minutos depois ele deu por encerrado. Vinte minutos de partida, vinte e cinco de briga, são quarenta e cinco e está esgotado o tempo regulamentar. Pegou a bola e foi para o vestiário. Os jogadores se abraçaram e saíram do campo.
Tomé virou-se para o Mané e perguntou:
– Ô torto, porque você não entrou? Mané respondeu:
– Eu parti num magriça que era barbada para mim, mas ele era sabido e propôs que era melhor ficar de fora. Eu também achei besteira brigar a toa, nem o conheço, e ficamos batendo papo. Parece que ele se chama “Pepilo”, é boa praça. Aqui é sempre assim. A Polícia não se mexe. Não tem deixa disso. E pra cabeça. O juiz também não dá bola. Eles deixam a briga acabar pelo cansaço.
São coisas que só acontecem no Botafogo.
Eduardo Pimentel
Técnico de Futebol
