Errar é humano, mas repetir o erro é na melhor das hipóteses, muita distração.
É o caso do América mineiro que, mais uma vez, foi buscar Iustrich cindindo o clube
e a torcida, terminando, mais uma vez, por ser eliminado de um torneio e por ver seus
jogadores super-revoltados.
− Eu sou a vedete, o ibope. O ídolo do América se chama Iustrich.
− Só eu dou entrevistas e autógrafos. Jogador tem de usar a cabeça como eu
mando. Não faz mal tomar ponto, pois é da profissão.
Iustrich se definiu como tudo aquilo que o grande Gentil Cardoso dizia que um
técnico não deve ser.
As frases do Iustrich acabaram por cortar os jogadores do Atlético Mineiro,
que a partir de determinado instante decidiram não mais ouvirem. O capitão Pedro Omar
informou ao presidente Rei da Costa Val seus companheiros não aceitavam mais o método
Presidente, ele quer destruir nossa personalidade. Estamos fartos do homem.
Em junho, quando foi contratado, Iustrich recebeu muitos elogios. Estava
confirmado em seu sítio, onde costumava dialogar com os porcos, e precisa de uma
oportunidade. Chegou cheio de elogios: o clube estava mais organizado, seu elenco era
bom e apenas precisava de três reforços para o banco. Ao sair, após a derrota de 3 a 1 para
o Palmeiras, Iustrich revelou sua verdadeira fase.
− Vou dá parte do América na CBD. Um timinho não pode disputar o nacional.
Os jogadores passam até fome.
Para ouvir tais palavras, o América lhes pagava R$ 15.000,00 mensais de luva
− Iustrich fala pelos cotovelos.
Estamos com os bichos do nacional em dia e um mês de salário vencido no dia
dez (Rui da Costa Val).
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Por isso o América não deu importância as palavras de Iustrich e não se
preocupou com a carta que ele ameaçou mandar para a CBD. Adiantaria achar que, se o
clube era caso de denúncia, Iustrich deveria tê-lo feito antes de sair.
− Meu compadre não mudou nada. É a mesma teimosia, arbitrariedade.
Ele está ultrapassado com sua covardia (Wilson Gosling) que brigou com
Iustrich no dia de sua contratação, o que deixou o clube dividido, como acontece sempre
que alguém chama Iustrich.
As derrotas constantes, uma campanha inferior a do ano passado, os métodos
de sempre, antipatia dos jogadores derrubaram o velho ditador, agora convencido que é
Antes, quando ele trabalhava com Zezinho Miguel, ainda se via alguma
modificação tática e substituições certas durante os jogos. Depois ele brigou com Zezinho,
colocando-o no olho da rua.
No Flamengo, trabalhávamos bem. Depois o homem me abandonou, para
fracassar no Cruzeiro e América, A última mania de Iustrich era ser tesoureiro da
delegação sempre que o América viajava. Na Bahia, o América recebeu CR$ 42.000,00 de
cota e Iustrich não deixou que o diretor Lauro Gentil, seu amigo e defensor, mandasse o
dinheiro para Belo Horizonte.
Ao regressar de Manaus, o presidente Rui da Costa Val não aceitou desculpas
esfarrapadas pelo mau resultado. Chamou Iustrich para uma conversa e exigir explicações:
− Eu pensava que trabalhava com onze heróis. Trabalho com gente imunda,
que não merece meu respeito.
Depois da goleada diante do Santa Cruz, Iustrich culpou Generoso e Tião. Os
goleiros Elcio e o novato Candido sofreram com seus palavrões: “põe a mão na cabeça e na
bola negro imundo”. Cândido aceitava tudo porque Iustrich prometera transformá-lo num
Depois de sua última conversa com o técnico Rui da Costa Val, decidi encerrar
o diálogo e o ouvir coisas assim:
− São malandros e mulherengos, que vivem enchendo a alameda de doenças,
como temos departamento médico, sou obrigado a aceitar tudo. Depois disso, Iustrich
estava com um pé fora do América. A gota que fez transbordar o copo de água foi sua
tentativa de impedir um jantar dos jogadores com a diretoria do clube.
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Bato no peito: estou arrependido de ter contratado o Homão. Mas garanto que
foi a última vez em que ele trabalhou aqui. Ele já era (Rui da Costa Val).
DICIONÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO
Espanar – Rebater a bola de qualquer modo. Amedrontar ou afugentar o adversário.
Espectador – Aquele que assiste a uma partida.
Espetáculo- Jogo, partida.
Espião – Indivíduo que observa, as ocultas, treinos ou outras atividades do adversário, para
comunicá-los a seu próprio time ou clube. Olheiro.
Espionar – Exercer atividade de espião.
Espirrar – Tomar (a bola) uma direção errada por ter sido mal chutada, ou por haver
tocado no adversário.
Esporte bretão – O futebol, por ser originário da Grã-Bretanha.
Esporte das multidões – O futebol.
Esquadra- Time, equipe.
Esquadrão – Esquadra, time.
Esquema – Disposição e movimentação de uma equipe em campo determinado antes ou
durante uma partida. Tática.
Esquinado – Escanteio, corner.
Estaleiro – Enfermaria, machucado em tratamento.
Esticão – Dar um passe longo em profundidade, esticar a perna.
Estilo – Maneira própria de jogar de um time ou de um jogador.
Eduardo Pimentel
Técnico de Futebol
