FUTEBOL, ARTE E CIÊNCIA: NUNCA É CEDO DEMAIS PARA REFLETIR 50 - SóEsporte
Colunistas

FUTEBOL, ARTE E CIÊNCIA: NUNCA É CEDO DEMAIS PARA REFLETIR 50

FUTEBOL, ARTE E CIÊNCIA

NUNCA É CEDO DEMAIS PARA REFLETIR 50

Muita gente, até hoje, tem uma falsa imagem de Flavio Costa por causa do triste desfecho da copa de 50, mas ele não teve culpa, como explicarei mais adiante. Flavio Costa foi extraordinário com técnico de futebol e como homem. Sua capacidade era tanta, que nos bons tempos do Vascão, se recebia o bicho na véspera do jogo e só duas ou três vezes os profissionais devolveram o dinheiro. Está certo que o Vasco de então era o maior time do mundo, mas mesmo assim não teria feito tanto sucesso se não fosse o pulso de ferro e a habilidade de Flavio Costa, notável técnico. Flavio Costa trabalhou no Vasco e Flamengo era o mais indicado do Brasil.

COPA DE 50

Aquela em que o futebol brasileiro aprendeu sua melhor lição de todos os tempos. Nas vitórias não aprendemos nada, o que aprendemos muito é com as derrotas. Parece que é tarde para se falar em culpados, mesmo porque a culpa foi mais ou menos coletiva e cabe um quinhão a cada um, inclusive púbico e imprensa.

Os mesmos jornais que no dia final apresentando-a como a campeã mundial, no dia seguinte pediram a cabeça dos culpados.

Faltavam poucos dias para o jogo final, políticos, o povo lotava as dependências do estádio São Januário, era realmente algo sem ordem. Esta ordem de sair do Juá veio da CBD para ir para São Januário.

Uruguai era uma velha freguesa que penara muito para chegar a final e o Brasil passou com facilidade pelos seus adversário. Antes do jogo conseguiram uma caminhoneta para pegar os presentes pela vitória. Houve até uma briga entre Jair, Zizinho e Ademir, nosso goleador, por causa de uma radiovitrola, tudo isto antes do jogo. Isso não parecia uma concentração. Os políticos queriam agradar os eleitores, a CBF queria agradar aos políticos e os jogadores queriam ser agradados. Os mais de cinco meses de trabalho foram para a cucuia em menos de uma hora.

Juvenal, homem de confiança de Flavio Costa, inventou que sua mãe estava doente e mais de meia noite a polícia telefonou informando que o jogador estava detido na delegacia, embriagado.

Duzentas mil pessoas festejando, sem parar, um jogo que ainda ia ser disputado. Até na hora do almoço tinha centenas de torcedores junto as mesas do almoço. No Uruguai só tinha o time, bebiam até um copo de vinho para festejar o vice-campeonato.

O lateral Bigode, após levar alguns dribles de Gighia, deu-lhe uma entrada dura. Obdúlio correu lá, pôs o dedo no nariz do Bigode e berrou: “Filho da puta, se machucar ele eu te mato”. Bigode não marcou mais o ponta, facilitando o seu gol. Schafino fez o primeiro gol. Quando Obdúlio ameaçou Bigode nosso Danilo foi ver o que estava acontecendo, o capitão do Uruguai lhe cuspiu na cara. Foi o bastante. Todo o time se acovardou e a festa foi para Montevideu, Punta del Este.

FUTEBOL EM CONTA GOTAS

1)      Lembro que o Maracanã não estava concluído, será que vamos repetir em 2014.

2)      Um brasileiro foi campeão pelo Uruguai. Abdias, massagista do Bonsucesso, que conheci pessoalmente quando eu era estagiário daquele clube em 1979. A Seleção do Uruguai não trouxe um massagista.

3)      O Brasil ganhou do México por 5 x 0.

4)      O Brasil ganhou da Espanha, a Fúria, por 6 x 1.

5)      O Brasil fez 22 gols na competição.

6)      Ademir Menezes fez 9 gols. Foi nosso goleador.

7)      Friaça fez o gol contra o Uruguai.

8)      Os historiadores contam que nossos melhores jogadores do Brasil sofreram marcação individual severa, assim, o time ficou perdido.

9)      Os uruguaios conheciam bem nosso time. Os espiões foram competentes.

10)  Ghiggia fez o gol da vitória do Uruguai.

11)  A Seleção Uruguaia – Maspoli, M. Gonzáles, Tijera, Gambette, Varela, Rodrigues Andrades, Ghiggia, Pérez, Míguez, Schiaffino e Morán.

12)  A Seleção Brasileira – Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo, Bigode, Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.

Bibliografia – Medio siglo de Campeonato del Mundo de Futebol – Pedro Escamilla.

Memórias de Mário Américo – O massagista dos Reis – Companhia Editora Nacional.

João Pessoa, 16 de fevereiro de 2012

Eduardo Pimentel

Técnico de Futebol

Clique para comentar

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.