O TÉCNICO DE FUTEBOL
Como nasceu o Técnico de Futebol?
São dois técnicos de futebol, um é ex-jogador. Dos jogadores atingidos pelo tempo, cuja idade não lhes permita mais continuar jogando futebol, nasceu o técnico ex-jogador. No século XIX o futebol veio para o Brasil. Alguns historiadores falam que foi Charles Muller, funcionário da mala inglesa. Falam que foram os jesuítas. Os estudantes de classe rica que foram cursar as academias estrangeiras. Quando os jovens terminavam os estudos, voltavam para o Brasil com as malas cheias de bola, chuteiras, camisetas e meiões.
Atualmente ABTF, CBF, FIFA, sindicatos do Rio de Janeiro e São Paulo apoiam cursos de atualização, geralmente com 15 dias de aula. Os técnicos não são devidamente informados, e chegam nas cidades do interior dizendo nas rádios que agora é Técnico Diplomado. Quando eles fizeram um curso de atualização?
O técnico diplomado é obrigado a ser professor de Educação Física e ter mais dois semestres na faculdade, vendo as matérias, biomecânica, psicologia da aprendizagem, treinamento desportivo, futebol de campo III e futebol de campo IV; psicologia, organização e legislação e metodologia científica.
Colação de grau em técnica desportiva. Registrar no MEC o curso de professor e técnico desportivo. Assim você é técnico diplomado e apto para trabalhar em escolas e universidades, assinar documentos em competições.
Os técnicos diplomados geralmente não têm apoio por parte dos clubes, então estes técnicos entram nos clubes como preparadores físicos até que um dia os diretores lhes dão uma oportunidade como técnico.
Conhecemos casos de técnicos importantes no futebol brasileiro que tiveram que iniciar como preparadores físicos, são: Parreira, Chirol e Claudio Coutinho, muitos outros.
Todos com diploma de nível superior. Na Copa do Mundo de Futebol é obrigado a assinatura de um técnico diplomado. Quando Zagalo era o técnico em 1970, quem assinava como técnico era Chirol o diplomado.
O técnico diplomado terá de criar a sua credibilidade através de seus trabalhos, usando sua arma principal, os conhecimentos e experiências adquiridos pelos estudos e estágios técnicos, muitas vezes, sem remuneração pecuniária ou como assistente de técnicos consagrados (foi o professor Vicente Feola, que fez estágio com o professor Flavio Costa). Ou ainda, exercendo a função de preparador físico, caso, aliás, muito comum no Brasil.
Não se sabe explicar porque, nas reuniões em que o futebol está em pauta, todos os setores atuantes do clube se voltam, exclusivamente, para o futebol.
É o médico que expõe ideias sobre técnica futebolística; é o diretor social que contesta a formação de uma equipe; é um tesoureiro que não aprecia o sistema tático do treinador; é um conselheiro que, num arroubo de proprietário do clube, impõe uma posição, vazado no seu poder temporal e de propriedade da agremiação; é outro dirigente que se “aquece” porque seu protegido não está jogando.
Vou contar um caso que aconteceu comigo: um presidente me chamou e disse: Pimentel, você tem um goleador no time de baixo (reserva) e um diretor reclamou porque você não o coloca para jogar. Lembro que o rapaz era juvenil. Chamei o jovem na frente do presidente e lhe perguntei: quanto tempo você está treinando no time de baixo? E quantos gols você fez? Seu Pimentel, faz trinta dias que estou treinando e não fiz nenhum gol. Também, seu Pimentel, estes dois negrões batem muito.
Senhor presidente, se o senhor mandar, eu escalo o goleador no próximo clássico! Não, não Pimentel.
A guerra dos técnicos
Uns dizem que o bom técnico de futebol é o diplomado. Outros afirmam que os melhores são os técnicos oriundos do próprio futebol, isto é, os que foram jogadores.
A Escola Nacional de Educação Física e Desportos, da Universidade do Brasil foi o Ventre que gestou todos (os mais antigos) técnicos de futebol e funcionou como polo coletor e irradiador de conhecimentos especializados em desportos, além de inspirar a fundação de outras escolas espalhadas pelo Brasil.
Ernesto dos Santos diz que formou quarenta turmas de técnicos criando assim a Escola Brasileira de Futebol.
Anatomia de um bom técnico
1) dedicado e entusiasmado; 2) ético; 3) correto; 4) maduro; 5) conhecer os métodos de treinamento; 6) dirigir as práticas com eficiência; 7) acompanhar a evolução dos atletas; 8) estrategista; 9) bom humor; 10) boa capacidade para ensinar; 11) saber usar os meios de comunicação; 12) motivador; 13) disciplinador; 14) conhecimento básico de fisiologia do esforço e da anatomia do atleta; 15) saber se comunicar; 16) habilidade para organizar; 17) conhecimento do crescimento e do desenvolvimento dos atletas.
No Brasil todos conhecem futebol exceto os técnicos.
Eduardo Pimentel
Técnico de Futebol