FUTEBOL: ARTE E CIÊNCIA - TÁTICA I - SóEsporte
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FUTEBOL: ARTE E CIÊNCIA – TÁTICA I

“Ao preparar arranjos táticos, o melhor a fazer é ocultá-los; e estará a salvo da curiosidade dos hábeis espiões…”

Sun Tzu

EVOLUÇÃO DAS FORMAÇÕES EM COMBATE

No final do século XIX, por volta de 1870, os primeiros princípios de ocupação do campo surgiram na Grã-Bretanha. Naquele período, a maioria dos jogadores atuava no ataque e quando muito, um ou dois (primeiros zagueiros) recuavam para ajudar o goleiro no trabalho defensivo. Nos primórdios do futebol, os passes longos (chutão) e o individualismo predominavam, a distribuição dos jogadores em campo era desequilibrada e um número excessivo de atacantes jogando de maneira desorganizada, não produziam um número elevado de gols. Nesta época, tinham as seguintes formações: 1-1-8 (1 zagueiro, 1 médio e oito atacantes), 1-2-7 (1 zagueiro, 2 médios e 7 atacantes) e a 2-2-6 (2 zagueiros, 2 médios e 6 atacantes – 1 ponta-direita, 1 meia-direita, 2 centroavantes, 1 meia-esquerda e 1 ponta-esquerda. Esta formação foi utilizada pela Escócia, no primeiro jogo internacional realizado contra a Inglaterra, na cidade de Glasgow em 1872, não renderam o que se esperava. A solução encontrada foi recuar um deles para o meio-campo. Surgia a figura do centromédio e a formação 2-3-5.

Em 1883, a primeira formação tática conhecida, formação clássica ou piramidal, empregava dois zagueiros, três meio-campistas e cinco atacantes (2-3-5). Esta formação apresentava, como primeira evolução, um maior equilíbrio entre o número de defensores e o número de atacantes.

A primeira lei do impedimento datada de 1866 estabelecia que caso um jogador não tivesse entre ele e a linha de fundo contrária, pelo menos, três defensores no momento do passe, estaria impedido.

A regra favorecia o defensivismo e prejudicava o espetáculo, pois bastava que um dos defensores se adiantasse antes do passe, para colocar os atacantes adversários impedidos. Além disso, os dois zagueiros podiam se posicionar mais espaçados para provocar o impedimento, ou seja, um se colocava próximo à entrada da grande área e o outro no setor de meio campo, obrigando os atacantes a recuarem até a linha que divide o gramado, para não cometerem a inflação.

A nova lei do impedimento, promulgada em 14 de junho de 1925, estabelecia que um jogador não estaria impedido, caso tivesse entre ele e a linha de fundo contrária, dois ou mais adversários no instante em que à bola lhe fosse passada. Esta alteração provocaria mudanças significativas nas formações táticas, pois como a nova regra dava condições de jogo ao atacante que tivesse pela frente um mínimo de dois ao invés de três jogadores, tornaria as equipes mais ofensivas. A nova regra permitia, por exemplo, que um atacante se posicionasse próximo ao penúltimo defensor, já que o último era o goleiro.

Concomitantemente, a primeira providência adotada pelas equipes, como resposta tática ao crescimento da ofensiva, foi retrair um jogador do meio campo, istoé, o centromédio, para auxiliar a defesa. Este jogador, que foi infiltrado entre os dois zagueiros já existentes no sistema 2-3-5, assumiu a função de zagueiro central. Os dois zagueiros, que inicialmente atuavam de forma centralizada foram posicionados mais abertos para marcar os pontas. Para ajudar os dois médios restantes, foram retraídos dois atacantes (meia-direita e meia-esquerda para diminuir os espaços.

O produto final de todo o processo foi o surgimento da famosa formação “WM” (3-2-2-3) criada pelo inglês Herbert Chapman e aplicada no time do Arsenal de Londres. A defesa, a partir daquele momento, passava a jogar com 3 zagueiros, que tinham a função de marcar os três atacantes adversários. Os dois meio-campistas mais recuados se opunham aos dois armadores e os três atacantes recebiam o apoio dos meias, que eram responsáveis pela criação.

DICIONÁRIO BRASILEIRO DE FUTEBOL

Cera: Expediente lícito ou ilícito para fazer passar o tempo ou retardar o ritmo do jogo e que consiste em chutar a bola para fora, retê-la desnecessariamente, demorar em chutar, fingir que está machucado etc.

Cera técnica: A que é feita apenas com recursos lícitos sem paralisar a partida e que consiste em reter a bola ou trocar passes sem objetividade.

Cerca: Vedação que separa o campo da torcida, antes do surgimento do alambrado e do fosso.

Reserva: Estar na cerca: estar na reserva; não atuar no time principal.

Cercar: 1) impedir que o atacante adversário progrida, marcando-o a distância; 2) atacar em massa sem deixar espaço por onde a defesa adversária possa escapar.

Cercar frango: Sofrer (o goleiro) um gol fácil de ser defendido; pegar frango.

Cessão: Ato de ceder (um clube) o atestado liberatório de um jogador a outro clube.

Chaleira: Corruptela de charles.

Chamar: Atrair o adversário para seu campo de defesa com vistas ao contra-ataque.

Chambão: Modo violento de deslocar o adversário usando principalmente o tronco ou só os ombros.

Chanca: Chuteira; sola da chuteira, por extensão, o próprio pé.

Eduardo Pimentel

Técnico de Futebol

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