Conheça um pouco sobre as conquistas de Atenas (2004) e Pequim (2008). Em Londres, Brasil lutará para manter a hegemonia no esporte e se consolidar cada vez mais como orgulho nacional no futebol
Por Tadeu Casqueira
Rio de Janeiro
Com um aproveitamento de causar inveja a muitas equipes, o Futebol de 5 brasileiro segue para a terceira edição da modalidade nos Jogos Paralímpicos com cem por cento de aproveitamento. Tido como esporte Paralímpico pela primeira vez em Atenas (2004), a competição teve até agora um único vencedor. A Seleção Canarinho levantou o caneco nas duas oportunidades, em 2004 e 2008 (Pequim). Desta vez a disputa será em Londres e o Brasil está firme na briga para manter a hegemonia na competição.
Na primeira conquista, em 2004, a Seleção não teve dificuldades para chegar até à final, e foi vencendo um a um seus adversários. Os resultados eram elásticos e Brasil chegou até a decisão contra a rival Argentina, a quem tinha vencido na primeira fase por 2 a 0. Muito se engana quem achava que o primeiro ouro nas Paralimpíadas viria de maneira fácil. Os “Los Murciélagos” – como é chamada a seleção argentina – fizeram jogo duro e seguraram o zero no placar no tempo normal e na prorrogação. Na disputa de pênaltis, o Brasil venceu com um sofrido 3 a 2, e levantou o troféu pela primeira vez do futebol brasileiro em Jogos Paralímpicos.
Além do título, o Brasil teve João Batista como o artilheiro da competição com nove dos 14 gols marcados pela Seleção, que contava ainda com Sandro Laina, Mizael Oliveira, Bill, Anderson Dias, Nilson Silva, Marquinhos e Damião. Com uma equipe bem montada e uma defesa sólida, os goleiros Andreonni e Fábio Vasconcelos não precisaram ir buscar a bola no fundo da rede brasileira nenhuma vez. Outra curiosidade daquela conquista foi o primeiro gol marcado do Futebol de 5 em Paralimpíada pelo brasileiro Nilson.
Quatro anos depois, em Pequim, o Brasil chegou com pinta de favorito. Depois de conquistar a primeira medalha de ouro na história das Paralimpíadas, o desafio era manter a hegemonia do país na modalidade.
– A equipe se comportou bem. De verdade, o Brasil sempre chega com status de favorito, então foi só mais um campeonato que chegamos como favoritos – disse o presidente Sandro Laina Soares, bicampeão paralímpico em 2004 e 2008.
Algumas surpresas como a equipe chinesa movimentaram a competição do Futebol de 5 nos Jogos Paralímpicos. Na primeira fase a China – que muitos não conheciam na modalidade – surpreendeu vencendo adversários de muita história, como a Argentina e a Espanha, por 1 a 0. Além de empatar com o Brasil em 1 a 1.
– Foi surpresa para todos (time da China), já que eles só haviam competido internacionalmente uma única vez. Lembro-me que ficávamos na arquibancada todos assustados com a velocidade e o controle dos chineses – relembra Sandro.
Terminada a fase de classificação os donos da casa ficaram à frente do Brasil em pontos (13 a 11), e as duas equipes chegaram à final da competição. Os chineses estavam em casa e contavam com o apoio da torcida. Ao Brasil restava jogar o futebol de qualidade que o credenciou como campeão em 2004 para conseguir mais um título.
Muitos jogadores que fizeram parte da primeira conquista estiveram presentes no grupo de Pequim (Andreonni, Fábio Vasconcelos, Sandro Laina, Mizael, João Batista, Bill, Marquinhos e Damião), e outros dois surgiam como postulantes a ídolo brasileiro: Ricardinho e Jefinho – craques da Seleção atual. O primeiro, inclusive, em 2006, havia sido eleito o melhor jogador do mundo, já outro é o atual melhor do mundo, eleito em 2010.
Na ocasião, com apenas 19 anos, o atual camisa 10 da Seleção, Ricardinho, foi um dos destaques da equipe, marcando inclusive um dos gols da vitória brasileira na final contra a China por 2 a 1 – o outro gol foi marcado por Marquinhos, camisa 6 da atual Seleção. Segundo Ricardinho, o Brasil não pode dar chance para os adversários e a sequência de títulos tem que continuar.
– Nossa equipe vem ganhando muitos títulos. Não podemos deixar cair essa sequência, devemos estar preparados, porque nossos adversários entram com o principal objetivo de superar o Brasil, pois somos os atuais campeões paralímpicos – disse o craque da Seleção.
Para 2012, o Brasil chega mais uma vez como favorito. A base campeã dos últimos anos foi renovada e metade da Seleção atual disputará pela primeira vez uma Paralimpíada. Para o goleiro Fábio Vasconcelos, bicampeão paralímpico, a mescla da equipe é importante.
– Essa agora (seleção) teve uma renovação maior, que faz parte do esporte, mas é um grupo muito forte, novo, e que está querendo. Também temos jogadores com mais experiência, como o Bill, o Marquinhos e eu. Mas essa mescla é muito boa, e com certeza vamos fazer um bom campeonato – disse o goleiro brasileiro.
Do atual grupo brasileiro cinco jogadores estreiam na maior competição paradesportiva do mundo, são eles: Daniel (goleiro), Cássio (fixo), Emerson (fixo), Gledson (zagueiro) Nonato (ala). No atual ciclo paralímpico (2009/2012) o grupo brasileiro levantou sete canecos: Campeonato Mundial na Inglaterra (2010), Jogos Parapan-Americanos em Guadalajara/MEX (2011), Copa América na Argentina (2009), três vezes o Desafio Internacional Loterias Caixa no Brasil (2010/11/12) e o Desafio Internacional de Madrid.
Os Jogos Paralímpicos para o Futebol de 5 começam no segundo dia de competições, na próxima sexta-feira, dia 31 de agosto, e a Seleção Brasileira abre o evento contra a França, às 5h da manhã (horário de Brasília, com transmissão pelo canal Sportv 3) em partida válida pelo grupo B. China e Turquia completam a chave brasileira. O grupo A conta com Argentina, Espanha, Grã Bretanha e Irã.
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