Goiás elimina o cambismo com reconhecimento facial no estádio
“Não tem mais cambista em jogos do Goiás!” — afirma o conselheiro Paulo Rogério Pinheiro
Até o dia 14 de junho, por exigência legal, todos os clubes com estádios com capacidade igual ou superior a 20 mil lugares deverão implantar sistemas de reconhecimento facial. No entanto, muitos ainda não se adaptaram.
Sempre que uma final de futebol se aproxima, os relatos de problemas com ingressos se tornam frequentes. Ação de cambistas, esgotamento em poucos minutos e até mesmo ingressos falsificados são algumas das dores de cabeça enfrentadas pelos torcedores que desejam acompanhar seu time nas decisões.
O episódio mais recente aconteceu durante a venda de ingressos para a final do Campeonato Paulista, o que levou o Corinthians — mandante da partida — a se pronunciar oficialmente e lançar uma operação especial contra os cambistas.
A adoção de sistemas de reconhecimento facial, com tecnologia biométrica, surge como a principal solução para eliminar o cambismo e outras distorções que afetam tanto o torcedor comum quanto os sócios-torcedores.
Apesar da legislação que entra em vigor em breve, uma parte significativa dos clubes, inclusive da Série A, ainda não implementou a tecnologia.
“O reconhecimento facial é uma medida benéfica para clubes e torcedores em inúmeros aspectos. Elimina a ação de cambistas, aumenta a segurança, traz as famílias de volta aos estádios, evita perdas financeiras para os clubes e se torna um diferencial competitivo para atrair patrocinadores. Aqui no Goiás, não temos mais cambistas desde que implantamos a biometria”, afirma o conselheiro do Goiás Esporte Clube, Paulo Rogério Pinheiro.
Mesmo sem estar enquadrado na exigência legal — já que o estádio Hailé Pinheiro tem capacidade para 14 mil pessoas —, o Goiás foi pioneiro na implantação da tecnologia ainda em 2021, em plena pandemia.
O sistema utilizado é fornecido pela empresa TIK+, especialista em eventos esportivos. Todos que acessam o estádio passam obrigatoriamente pelo reconhecimento facial, inclusive profissionais credenciados para trabalhar nas partidas.
“Cada clube possui suas próprias exigências, muitas delas definidas por estatuto e pelas regras do programa de sócio-torcedor. No Goiás, optamos pelo que há de mais moderno e seguro”, reforça Pinheiro.
Segundo ele, os problemas observados recentemente, como os da final paulista, podem ser evitados com medidas estratégicas, como o aperfeiçoamento dos cadastros de torcedores, a integração com catracas eletrônicas e a análise dos dados de emissão de ingressos.
“Uma das primeiras ações para implantar o sistema foi mapear a emissão de ingressos. Hoje, tudo é controlado por tecnologia. É impossível que algum dirigente ou patrocinador utilize ingressos de cortesia sem o devido registro no banco de dados do sistema”, explica.
“Os clubes não podem mais transferir os problemas. A adoção do reconhecimento facial de forma integrada é o primeiro passo para garantir que o torcedor não seja penalizado”, conclui.
Além de combater o cambismo, o sistema contribui para a segurança. Ele atua como aliado das forças policiais, tanto durante os jogos quanto em investigações posteriores. O estádio do Goiás conta com 146 câmeras e adota uma série de procedimentos que facilitam a identificação de envolvidos em eventuais incidentes.
A estimativa é que o investimento feito pelo clube na implantação do sistema de reconhecimento facial tenha sido de R$ 2 milhões.
