Existia uma esperança. Na reunião da Isaf (Federação Internacional de Vela), Ricardo ‘Bimba’ Winicki era mais do que um atleta: era um torcedor. O carioca, maior nome do Brasil no windsurfe, esperava por uma decisão que trouxesse de volta a prancha à vela ao programa dos Jogos Olímpicos Rio-2016. O kitesurfe era a novidade, entrando no lugar na RS:X, mas Bimba, que disputou as quatro últimas edições das Olimpíadas, mantinha a esperança. Mas, nesta sexta-feira, dia 9, por 26 votos a 12, abaixo do mínimo exigido de 75%, não foi reaberto o debate a respeito da RS:X e o kitesurfe foi confirmado nos Jogos do Brasil, daqui a quatro anos. A frustração se misturou à motivação de seguir firme no sonho de representar o Brasil pela quinta vez em Olimpíadas. Desta vez, em cima de outra prancha.
– Sabia que era muito difícil, mas havia uma esperança. Fiquei desapontado, o windsurfe é a minha vida, aprendi a amar o esporte quando tinha 2 anos. Tenho treinado de kite desde que voltei de Londres e estou me divertindo muito. O esporte é muito bacana, rápido e exige menos do físico, se comparado com a RS:X. Até os calos nas mãos estão diminuindo. É uma nova modalidade, estou aprendendo a cada dia, a cada treino, sou do windsurfe, mas estou muito concentrado no objetivo de estar nos Jogos de 2016, na minha casa, andando de kitesurfe – afirma Bimba, dono de três medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos (2011/2007/2003) e de um título do Campeonato Mundial (2007).
A decisão da Isaf afeta também diretamente o futuro do projeto social que o atleta mantém em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
– Tenho um projeto social há quase dez anos, não sei o que fazer. Não é muito seguro colocar jovens de 12 anos na água para treinar, sem apoio, sem um bote, como fazemos no windsurfe. Dependendo do vento, o atleta pode ser jogado para alto-mar. O kite pode velejar com ventos mais fracos, mas quando a pipa cai na água, é preciso ajuda, e isso é uma preocupação grande. Na Baía de Guanabara, por exemplo, numa disputa de medalha, se sua pipa cair, você vai ficar observando os outros competidores, sem poder fazer absolutamente nada.
Bimba desembarca no Rio de Janeiro na próxima terça-feira, dia 13, e já planeja uma nova página na sua história dentro da água: com outra prancha e sem vela, mas com pipa e bons ventos.
– Agora é virar a página, retomar os treinos e virar um atleta profissional de kitesurfe. Este é um novo desafio, estou motivado para treinar, assistindo a muito vídeos, pesquisando bastante, e fechando o projeto de uma escola de kitesurfe e de um centro de treinamento. A vida de atleta é assim, sempre em busca de novos desafios e estou 100% focado em buscar a minha quinta participação olímpica, em poder chegar bem para brigar por uma medalha nos Jogos do Rio, em 2016 – promete Bimba.