Partidas da fase de decisão da Copa do Nordeste ganham espaço na mídia nacional. O primeiro jogo acontece neste domingo, às 16h, em Arapiraca, interior de Alagoas e o segundo na cidade de Campina Grande, dia 17, às 16h, na Paraíba.
ASA e Campinense surpreenderam gigantes regionais como Vitória, Bahia, Sport e Ceará e começam a decidir no próximo domingo, às 16h, o título da Copa do Nordeste. Os clubes vivem situações opostas no cenário nacional, já que o alagoano está na Série B desde 2010 e o paraibano disputou a D em 2012, mas se equivalem quando o assunto é patrocínio proveniente do dinheiro público.
Mais robusto, o ASA tem cinco parceiros, sendo dois deles os governos estadual e municipal, responsáveis por colocarem nos cofres do time, juntos, R$ 230 mil por mês. São R$ 80 mil do estado, governado por Teotônio Vilela Filho (PSDB), e mais R$ 150 mil da prefeitura de Arapiraca, sob o comando de Célia Rocha (PTB), o que ajuda a bancar a folha salarial mensal que oscila entre R$ 350 mil e R$ 400 mil para esta primeira parte do ano – chega a R$ 800 mil com Série B e Copa do Brasil.
“Tem um convênio aqui no qual o governo [estadual] ajuda todos os times de Alagoas, e tem uma verba todo mês, mas ainda falta assinar o contrato desse ano”, revelou o presidente do time alagoano, José Alexandre dos Santos Filho, conhecido como Jotinha Alexandre, em entrevista por telefone ao
ESPN.com.br.
A parceria já existe há algum tempo, mas todo ano precisa ser renovada, o que normalmente acontece de forma automática, sendo a assinatura um mero ato formal. Jotinha nem pensa em ter o valor reduzido: “Espero que não, o ASA em ascensão, e ele [governador] falar em diminuir ficaria complicado, não é”, disse.
Chama a atenção o fato de o governo ajudar os clubes de futebol quando Alagoas aparece como o terceiro estado mais pobre do Brasil, ficando apenas atrás de Piauí (penúltimo, com 21,6%) e Maranhão (último, com 26,3%), segundo estudo da Fundação Cepro e do IBGE revelado em 2012 com os dados de 2010. São 20,5% dos alagoanos vivendo em extrema pobreza, isto é, com renda per capita média de de R$ 70 por mês.
Mais humilde, o time paraibano tem apenas dois parceiros, um deles a prefeitura de Campina Grande, segunda cidade mais importante do estado, atrás apenas da capital João Pessoa. O aporte municipal é de R$ 35 mil por mês, garantido pelo mandatário da cidade, Romero Rodrigues Veiga (PSDB).
A outra fonte de renda fixa vem de uma rede de material de construção com várias unidades espalhadas pela Paraíba. A empresa desembolsa R$ 20 mil ao clube, que tem que se virar com o que ganha na venda de ingressos para bancar a folha salarial, muito maior que os R$ 55 mil que recebe, ao total, dos parceiros.
“Nossa folha salarial é de R$ 250 mil, então tem que se virar com a bilheteria”, disse aoESPN.com.br o presidente da agremiação rubro-negra, também chamada de Raposa do Nordeste, William Simões, que ainda lamentou-se: “Por conta das dívidas trabalhistas, 20% de toda receita que entra no clube ficam com a Justiça.”
ASA e Campinense se enfrentam no próximo domingo, às 16h, no Estádio Municipal Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca, também chamado de Fumeirão, pelo jogo de ida da decisão da Copa do Nordeste. A volta será no outro domingo, dia 17, desta vez no Governador Ernani Sátyro, em Campina Grande, na Paraíba.
Rivalidade entre Alagoas e Paraíba
ASA e Campinense não só surpreenderam Ceará e Fortaleza, no domingo, como também acirraram, no quesito história, a rivalidade estadual ao se garantirem na decisão da Copa do Nordeste-2013. Um por igualar um dos dois gigantes de Alagoas, e o outro por superar suas maiores pedras no sapato na Paraíba.
Terceiro clube mais vencedor do estadual alagoano (sete vezes), a Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) repete agora, com a classificação, o que o CRB fizera logo na segunda edição da disputa regional, em 1994, quando foi finalista, mas perdeu para o Sport nos pênaltis.
Era, até então, a única vez que um time do estado do ex-presidente da República Fernando Color de Mello, cassado via impeachment em 1992, alcançara a decisão.
Logo, se campeão, o time de Arapiraca poderá se orgulhar de ser o primeiro e único campeão do Nordeste vindo de Alagoas, passando a ter uma taça que nem CRB (26 títulos estaduais) nem CSA (37 títulos estaduais) possuem.
“Todo mundo considerava o ASA como virtual eliminado, principalmente depois do começo ruim que tivemos na competição. Mas mostramos poder de superação… Tivemos quatro jogadores da base em campo hoje [domingo] e mesmo assim superamos tudo e chegamos à uma grande vitória. Nosso trabalho é pautado na humildade”, discursou o técnico Leandro Campos.
Já o Campinense Clube foi além. Finalista, o time de Campina Grande conseguiu o que nenhum outro rival paraibano foi capaz, superando as melhores campanhas do estado na competição, o quarto lugar obtido por Botafogo (duas vezes, em 1976 e 1998) e Treze (em 2010).
A equipe rubro-negra, também conhecida como Raposa do Nordeste, é a segunda mais vitoriosa da Paraíba, com 18 títulos, sete atrás do Botafogo (25), que é da capital João Pessoa. Também de Campina Grande, o Treze vem a seguir, em terceiro neste ranking, com 15. Ganhar a taça do Nordeste mudará o patamar do Campinense.
Por ter melhor campanha no geral, o time paraibano fará o primeiro jogo da final como visitante, às 16h do próximo domingo, no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca, e será o mandante na volta, no Estádio Amigão, em Campina Grande, dia 17, também às 16h.
O Vitória é o maior campeão da Copa do Nordeste, com quatro taças, seguido por Bahia e Sport, cada um com duas, e América-RN, que tem uma.
Veja, abaixo, o campeão de cada ano da Copa do Nordeste Vitória – 1976, 1997, 1999, 2003 e 2010
Sport – 1994 e 2000
Bahia – 2001 e 2002
América-RN – 1998
Por Jean Pereira Santos, do ESPN.com.br