O FUTEBOL E O JABUTI NA ÁRVORE
O dicionário nos ensina que a expressão “jabuti na árvore” é uma forma idiomática usada em Portugal para descrever uma situação atípica, que normalmente não acontece por si só, mas sim devido a intervenção de outros fatores.
Em outras palavras, é algo que não seria esperado ou possível, a não ser por uma circunstância excepcional. A ideia central é que, assim como um jabuti não conseguiria subir em uma árvore sozinho, certas situações ou eventos não seriam possíveis sem a interferência de fatores externos ou manipulação.
Assim vem ocorrendo nas eleições da Confederação Brasileira de Futebol, a poderosa CBF e nas subservientes federações estaduais. Pessoas que não conhecem o nosso futebol e que nunca contribuíram para o seu engrandecimento surgem e como em um toque de mágica são eleitas por um “colégio eleitoral” passando a administrar o futebol da terra de Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo, Ronaldinho e Capelense.
A eleição dessas pessoas denominadas de presidentes jabutis, normalmente são contestadas em nossos lentos tribunais. A mídia independente publica um rosário de indícios de fraudes, falcatruas e acordos suspeitos que deixariam Al Capone com inveja e com o cabelo em pé.
Com o passar do tempo, tudo fica adormecido e esquecido. Os escândalos vão surgindo e paulatinamente sendo silenciado$. As viagens, as mordomias, o escandaloso salário e outras coisas impublicáveis passam a ser o cotidiano desses presidentes jabutis.
Enquanto isso, nossos adolescentes continuam buscando um lugar ao sol jogando em campos sem grama, sem marcação de cal, sem vestiário e sem acompanhamento de profissionais qualificados graças aos nossos “abnegados presidentes de clubes”.
Ex-jogadores que muito fizeram no passado para o engrandecimento do nosso futebol, dando reconhecimento e notoriedade internacional ao nosso país são esquecidos, desprotegidos e desassistidos, muitos morrendo na miséria.
E para piorar ainda mais o tenebroso quadro, somos pentacampeões do mundo, possuímos quatro divisões de futebol profissional, temos dois campeonatos nacionais, nunca ficamos fora de uma copa do mundo e já sediamos duas em nosso imenso território, temos mais de 700 equipes profissionais registradas na CBF e outra enorme quantidade de equipes amadoras.
Os melhores e maiores jogadores do mundo aqui nasceram e vergonhosamente precisamos contratar um treinador estrangeiro para dirigir a nossa seleção principal. Sim. Os nossos estão despreparados, desatualizados e incapazes.
Sinceramente acho que essas eleições deveriam seguir o bonito ritual da eleição do papa, que só é considerado eleito quando surge a fumaça branca, pois ela representa a pureza. No caso da CBF e federações, seria apenas diferente na cor, pois o presidente só seria considerado eleito quando uma fumaça muito escura surgisse para a imprensa falada, escrita e televisada poder assim noticiar: “habemus Jabuti”.
Poxa, como ficou chato e feio o nosso futebol.
Serpa Di Lorenzo
