14 anos. A idade de Isabelle Souza é menos da metade do tempo que o seu pai e mestre, Guilherme Souza, tem de experiência com o karatê, porém ela tem conseguido seguir direitinho os passos do seu ‘sensei’, se mostrando uma das principais promessas da modalidade na Paraíba. Ambos classificados para a final do Campeonato Brasileiro, que acontecerá em outubro na cidade de Joinville (SC), a dupla tem intensificado os treinos para continuarem trazendo bons resultados.
Esta história começou quando Isabelle ainda tinha seis anos. Guilherme conta que toda a família é envolvida com as artes marciais e pela influência dentro de casa, seria impossível a filha não se envolver com o esporte. “Foi de forma natural. Ela quis treinar quando tinha seis anos, mas também quando ela pensou em experimentar outras modalidades eu e a mãe dela aceitamos. Mas, desde o ano passado ela tem se dedicado muito ao karatê e conseguido resultados bem expressivos”, disse.
Isabelle confessa que as passagens pelo ballet e também pelo handebol contribuíram, inclusive, para uma melhor performance na arte marcial. “Passe um tempo jogando handebol e é um esporte de muito contato, por isso eu consegui adquirir uma certa força e a minha volta para o karatê foi muito boa com essa vivência. O meu marco foi quando conquistei a faixa roxa, que a partir deste momento eu senti que deveria investir na arte marcial” afirmou.
Professor e aluna do colégio Motiva, respectivamente, Guilherme e Isabelle representam a Paraíba em competições espalhadas pelo Nordeste e pelo Brasil. Na primeira etapa do Campeonato Brasileiro, realizada em Sergipe, ela conquistou a medalha de bronze e Guilherme uma de ouro. Agora, a segunda etapa que será em Santa Catarina, reunirá mais uma vez os melhores atletas do Brasil, entre os dias 14 e 16 de outubro.
Outras conquistas neste ano de 2015 que Isabelle faz questão de destacar é o vice-campeonato na seletiva do Sul-Americano, realizada no início do ano em Campina Grande e outra que ainda acontecerá em dezembro: o exame para conquistar a faixa preta, considerada uma das maiores honrarias para um atleta das artes marciais.
Coordenada – A inclusão das mulheres Enquanto educador, Guilherme garante que hoje, uma parte já bastante considerável dos seus alunos são do sexo feminino e por muito tempo, as artes marciais faziam parte do ‘leque’ de modalidades esportivas que eram praticadas exclusivamente por homens. Segundo ele, esta imagem tem sido mudada, principalmente com o destaque que as mulheres tem conseguido no esporte.
“Esta cultura de que as artes marciais são apenas para homens já tem mudado muito junto às famílias e principalmente em relação às meninas. Desde cedo elas veem os desenhos animados onde muitas heroínas lutam e isso as deixa estimuladas. Na escola eu dou aula para muitas meninas, o que fez cair muito o preconceito”, contou.
O exemplo mais forte da ‘feminilidade’ no karatê é no kata (apresentação que consiste em uma sequência de movimentos, com técnicas de ataque e defesa), onde segundo Guilherme, as meninas entram no tatame ‘impecáveis’. “Se você assistir a uma apresentação do kata, as meninas entram com maquiagem, cabelos e unhas impecáveis. Acaba o que era uma demonstração de luta, se transformando em um espetáculo de muita beleza”, afirmou.
Ainda sobre a presença das mulheres, Guilherme contou que algumas das suas alunas procuram as aulas de karatê por dois motivos: porque o pai treina/treinou ou pela influência de alguma colega que já é karateca. “O número de meninos ainda prevalece, mas as meninas já possuem uma forte representatividade”, disse.
Especial – Karatê (De pai pra filha)
Raniery Soares
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