
Um tombo na linha de chegada resultou em arranhões na testa, no ombro e nos braços do velocista Petrúcio dos Santos nesta sexta-feira, 25, no Open Brasil de Atletismo e Natação, em São Paulo. Os ferimentos, porém, serão apenas marcas da medalha de ouro conquistada nos 200m, classe T47, pelo jovem paraibano de 17 anos. A vitória deixou tanto o atleta quanto o técnico-chefe da modalidade no Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Ciro Winckler, animados com o tempo de 21s99, apenas um centésimo acima do recorde brasileiro da classe.
As provas de atletismo, disputadas no estádio Ícaro de Castro Mello, no complexo esportivo do Ibirapuera, terminam na tarde desta sexta-feira. Na natação, ainda haverá provas neste sábado, na piscina do clube Hebraica.
A chegada pode até ter sido sofrida para o paraibano – sentiu dores na perna por causa de uma canelite nos metros finais -, mas, segundo ele, são “apenas escoriações”. “Vi que o cubano estava chegando e acelerei. Mas senti dor nas canelas, desequilibrei e caí. É uma coisa leve. O importante foi ter chegado em primeiro”, resumiu. O resultado do jovem atleta na prova dos 200m teria sido suficiente para a conquista do ouro paralímpico nos Jogos de Londres-2012, caso Petrúcio tivesse disputado a competição. O pódio foi completado pelo cubano Ernesto Blanco Rabelo (22s28) e por Emicarlo de Souza, do Brasil (22s54).
Petrúcio é uma novidade nas provas de atletismo nacionais e internacionais. Nascido em São José do Brejo Cruz, no interior da Paraíba, a 530 quilômetros de João Pessoa, o rapaz sofreu um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos de idade e perdeu parte do braço esquerdo.
A falta do membro, no entanto, nunca foi problema para o garoto. Foi em um jogo de futsal com os amigos no ano passado que o garoto foi descoberto para o atletismo. “Sempre fui muito rápido, então me perguntaram na escola se eu não queria tentar o atletismo. Aceitei a sugestão e hoje já tenho algumas vitórias”, contou, humildemente.
O paraibano, em um ano de carreira, já foi campeão no Para-Sulamericano do Chile, neste ano, nos 100m e nos 200m e repetiu as conquistas neste Open. “Ele foi descoberto nas Paralimpíadas Escolares, é a terceira competição dele como adulto, fez esse tempo maravilhoso e é uma amostra do material humano que o Brasil tem para os próximos anos”, disse Ciro Winckler, animado com o tempo do garoto.
O pesar do dia ficou por conta do norte-americano Richard Browne, da classe T44 (amputação em uma das pernas abaixo do joelho). O corredor chegou ao Brasil animado para a sua prova preferida, os 200m, mas momentos antes da largada, durante o aquecimento, sentiu dores na panturrilha e não conseguiu competir.
“Estou realmente chateado com isso. Quebrei o recorde mundial na semana passada, em Los Angeles [marca ainda não homologada] e queria repetir o tempo. Mas a gente não controla as contusões, e isso me deixou triste”, contou o velocista, que correu os 200m na Califórnia há uma semana por 21s09 – quase um segundo em relação à marca anterior, de Jaryd Wallace, dos EUA (22s08).
A prova em que correria – 200m T42/44 – foi vencida pelo japonês Atsushi Yamamoto com o tempo de 26s02. O atleta do Japão gostou da performance, mesmo não tendo corrido contra o rival de classe, o australiano Scott Reardon. “Estou feliz com a vitória. Fiquei cansado no final, mas gostei da corrida”, disse. Ao lado do japonês no pódio ficaram os brasileiros Renato da Cruz e José Adelito de Lima, em 2º e 3º, respectivamente.
Nas outras competições do dia, os maiores atletas brasileiros voltaram a aparecer no pódio. As velocistas campeãs mundiais em Lyon-2013 nas classes T11 e T38, Terezinha Guilhermina, com 25s10, e Verônica Hipólito, com 28s18, confirmaram o favoritismo e foram as campeãs dos 200m da respectiva classe. Na mesma distância nas provas masculinas, Daniel Mendes percorreu a distância em 22s78 e superou Lucas Prado (23s17) na classe T11. Entre atletas da T37, o ouro ficou com Mateus Evangelista, com 24s26.
Na natação, Daniel Dias ganhou mais uma medalha de ouro para o Brasil. O nadador de Campinas foi o mais rápido nos 100m livre, classe S5, com o tempo de 1min10s84. Na classe S10, o ouro na mesma distância foi para Phelipe Rodrigues, com 53s62, que superou o multimedalhista brasileiro Andre Brasil (53s79).
No entanto, quem se deu muito bem nas piscinas do clube hebraica foi a delegação da Austrália. Conhecidos pela qualidade de seus nadadores, os australianos faturaram, nesta sexta-feira, onze medalhas, sendo oito de ouro, duas de prata e uma de bronze. Destaque para Mathew Levy, detentor de cinco medalhas nos Jogos de Londres-2012, que hoje foi medalha de ouro nos 100m livre, classe S7, com o tempo de 1min03s14, mais de dez segundos à frente do medalhista de prata Ronaldo Santos, do Brasil.

















