O surfe na Praia do Futuro em Fortaleza-CE começou quente neste domingo (12) de campeonato, com vento nordeste, mar lisinho e os atletas da categoria Senior disputando as vagas das semifinais com agilidade, aéreos e muita competitividade. Esta etapa marca o início do Circuito Rota do Mar Pro Surf que conta com mais duas etapas em 2015: em julho na Praia de Maracaípe (PE) e fechando na Praia da Pipa (RN) no mês de novembro.
Com atletas disputando posicionamento no ranking Cearense e também no Nordestino, a sequência da bateria Senior ficou por conta dos feras do Longboard disputando as vagas na final. Com a maré subindo, o mar deu uma caída com ondas demoradas, e é nesse momento que a escolha correta das ondas e o fator sorte definem o resultado.
Em seguida, ainda pela manhã a categoria Grand Kahuna entrou na água com surfistas experientes (a partir dos 50 anos) e que apresentaram a assertividade necessária pra se garantir na competição mesmo com as séries demorando para rodar. Nas baterias de 15 minutos do campeonato, o atleta pode pegar até 10 ondas, mas com as séries demoradas, é preciso ter bom desempenho com apenas duas ou três ondas.
Quem também arrepiou no mar foram os atletas da categoria Profissional, quebrando tudo em cada fase eliminatória. O pro Elivelton Santos, da Baía da Traição (PB) não deixou dúvidas do porquê ele é chamado de “Índio voador” – acertando aéreos kerrupt e animando os espectadores na areia. O norte-riograndense Rafael Joaquim garantiu aéreos altos e precisos e a competição foi de alto nível e acirrada. Carlinhos Mahatma, um dos locutores do evento, elogia o empenho dos atletas: “Presenciamos os atletas entrando com tudo e não estão medindo esforços para ultrapassar seus limites, mandando aéreos fortíssimos com rotatividade e linkando com outras manobras”.
E chegando nas finais, a cearense Yanca Costa (15 anos) sagrou-se campeã na categoria feminina, liderando a bateria final do começo ao fim. Yanca, local de Icaraí (CE), começou a surfar com 4 anos de idade com acompanhamento de seu pai e é uma das promessas do surfe cearense representado também pelas surfistas finalistas desta etapa do Circuito, Juliana Souza e Larissa Santos. “O campeonato foi muito irado! Eu vinha treinando bastante pra ter uma série de resultados bons, o ano começou muito bem e pretendo terminar melhor ainda”, declarou Yanca Costa, já com planos de correr os Pro Juniors em 2015 e se classificar pro WQS.
Com a maré secando, o mar melhorou de condição e tivemos as finais Senior, Grand Kahuna, Longboard, Open e Profissional. Quem levou a primeira colocação na Senior foi o cearense Isaías Silva, somando uma das notas mais altas da competição. E o primeiro lugar da Grand Kahuna ficou com Odalto Castro, o primeiro sufista brasileiro retratado na capa de uma revista internacional de surf – a Surfing Magazine – na década de 80 em Pipeline, no Hawaii. O clássico surfe dos longboarders consagrou Geraldo Lemos (CE) na primeira colocação, com nose rides e batidas consistentes, desbancando Marcelo Bibita (CE), Nelino Costa (RN) e Paulo Pacehco (CE).
E na Open, foi a vez de Emanuel de Souza, surfista da praia de Miami (RN), pentacampeão nordestino, e que se emocionou com o título: “Eu quero agradecer a Deus. Estou muito feliz que deu tudo certo. Desde 97 que eu vivo de surfe, esse é o meu trabalho e quando a gente nasce com o dom, ninguém tira. Eu entreguei na mão de Deus e deu tudo certo, apesar de todas as dificuldades, deu tudo certo”.
A categoria Profissional levantou a torcida nas areias do Futuro e numa final apertada e emocionante, quem faturou a primeira colocação foi o paraibano Eliventon Santos, em uma disputa apertada com os cearenses Artur Silva, Michel Rock e Adilton Mariano. “A Rota do Mar está de parabéns por esse grande evento. Não foi fácil ganhar desses grandes atletas. Estou muito feliz”, finalizou emocionado o grande campeão da categoria Pro.
Para Armando Diniz, produtor do evento e consultor de marketing da Rota do Mar, e que já carrega 30 anos de experiência em campeonatos de surfe, esse é um momento de consistência do surfe no Brasil e o saldo do evento é positivo: “A Rota do Mar está trabalhando no meio do surf, na base do surf – que é a competição. Um esporte para crescer, ele precisa de base e aqui é a base, é onde se constroem os futuros atletas do WCT e talvez aqui na praia a gente esteja assistindo de camarote o nascimento de mais um grande atleta”.