Petrúcio Ferreira estabelece recorde mundial nos 200m - SóEsporte
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Petrúcio Ferreira estabelece recorde mundial nos 200m

Petrúcio Ferreira

O para-atleta radicado em João Pessoa Petrúcio Ferreira marcou seu nome na história dos esportes paralímpicos na manhã desta sexta-feira. É que ele conquistou o título dos 200m da classe T47 e, de quebra, estabeleceu novo recorde da prova com o tempo de 21seg49 no Open Internacional de Atletismo e Natação, realizado em São Paulo. Aos 18 anos, Petrúcio deixou para trás a antiga marca de 21seg74, que foi cravada ainda nas Paralímpiadas de Pequim, em 2008, pelo australiano Francis Heath.

“Estou bastante feliz por bater o recorde mundial da minha prova. Hoje corri muito bem. Estou há apenas um ano e quatro meses no atletismo. Somente no início do ano passado eu comecei a ter contato diário com a pista, treinar sempre. Não esperava que eu atingiria este feito tão rapidamente”, disse o atleta, nascido em Caicó (RN), mas radicado em João Pessoa (PB).

Petrucio perdeu parte do braço esquerdo aos dois anos de idade, em um acidente com uma máquina de moer cana. Seu destaque no cenário internacional começou a ocorrer no ano passado, justamente no Open Caixa Loterias Internacional. A evolução representa um passo importante para o atletismo paralímpico nacional.

“É muito bom ver a evolução do Petrucio. Ele surgiu há pouco tempo, mas conseguimos lhe dar a oportunidade que precisava para crescer no alto rendimento. Cada vez que você melhora o acesso dele a materiais, oportunidades, você percebe que ele melhora. A um ano dos Jogos do Rio-2016, seu surgimento é importante, pois é um novo atleta e reforça ainda mais a tese de ficar em quinto lugar no quadro de medalhas”, analisou Edilson Alves da Rocha, diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro.

Além da façanha de Petrucio Ferreira, Alan Fonteles também destacou-se. Ele venceu sua segunda medalha de ouro no Open-2015 ao cruzar a linha de chegada em primeiro lugar nos 200m, classes T42-44. O atleta completou o percurso em 22s63. Na quinta-feira, já havia também alcançado o topo do pódio nos 100m.

“Estamos fazendo um trabalho aos poucos, aumentando os treinos nas horas certas. O treinamento agora é um pouco mais voltado para a largada e saída. A tendência é ir devagar e chegar ao Parapan, em agosto, bem. Vou competir na etapa regional de São Paulo do Circuito Caixa Loterias, daqui duas semanas”, afirmou Alan Fonteles.

Fonte: Assessoria de Imprensa

Destaque mundial, ele foi entrevistado pelo lance!

Crescer com uma deficiência não é fácil para uma criança e não foi diferente com Petrúcio dos Santos. O corredor, de apenas 17 anos, teve de conviver com a perda de uma mão, após um acidente com um moedor de capim quando tinha apenas 2 anos de idade, mas isso não foi capaz de tirar sua vontade de crescer e, como ele mesmo diz: se divertir.

– Não sinto pressão. Levo tudo numa boa, na brincadeira, como sempre levei minha vida. Para mim, correr é uma diversão. Quando entro nas provas, é muito legal. Posso estar ganhando ou perdendo, sou a mesma pessoa. Preciso manter a humildade – disse à reportagem do LANCE!Net.

Petrúcio deu início à sua carreira há apenas um ano, participando das Paralimpíadas Escolares, em João Pessoa (PB). Descoberto após se mostrar extremamente rápido nas quadras de futsal, o jovem logo em suas primeiras passadas ao lado de grandes nomes, como o campeão paralímpico Yohansson Nascimento, fez bonito. Cravou um tempo que lhe daria o ouro em Londres-2012 (21s99 contra 22s05).

– Ganhar de um cara como o Yohansson, campeão olímpico, é um privilégio para qualquer atleta. É uma honra correr ao lado dele. Nunca pensei em fazer marcas assim, chegar onde eu estou. Nada disso jamais passou pela minha cabeça – comentou.

Apesar da pouca idade, os resultados não deslumbram Petrúcio, que quer alçar voos mais altos, mantendo a humildade do garoto que corria de tênis, sem equipamentos ou estrutura e, ainda assim, mostrava ser mais do que um simples “rapaz rápido”, por mais que a mãe ainda guarde o receio de deixá-lo sair da pequena São José de Brejo Cruz.

– Não. Não penso nisso tudo (Rio-2016). Se eles colocam essa confiança em mim, vou tentar retribuir. Aí minha mãe vai deixar (viajar). Já pensei em levá-la, mas ela não é muito fã de avião (risos) – brincou o jovem que, ainda assim, deixou um recado esperançoso sobre os Jogos do Rio.

– Quero retribuir a confiança, buscando a medalha de ouro para todos os brasileiros. Quero aproveitar essa oportunidade.

Ascensão meteórica chama a atenção

Sem nunca ter corrido em uma pista de atletismo até o ano passado, Petrúcio marcou em seu primeiro teste, um tempo que o colocava no campeonato nacional, em São Paulo. Com isso, chamou a atenção dos treinadores da Seleção Brasileira de Jovens.

– “Achamos” ele nas Paralimpíadas Escolares do ano passado. Quando ele foi descoberto, a gente viu um atleta correndo de tênis, com um resultado mediano, mas excepcional para quem corria sem equipamentos. No fim, podemos dizer que descobrimos ele pela adversidade. Vimos um talento ali – comentou o técnico-chefe da Seleção Paralímpica de Atletismo, Ciro Winckler, que ainda acrescenta acreditar no futuro do jovem:

– Ele já é um atleta com grande potencial para o Rio. Não colocamos tanta responsabilidade pela pouca idade, mas disputar os Jogos em casa, com a torcida, com toda a condição que teremos no Rio, o atleta tem que aproveitar o momento. Dificilmente teremos tanto acesso para os atletas quanto teremos aqui no Rio.

Com os olhos voltados a Rio-2016, Ciro afirma que o trabalho deve ser feito de maneira gradual, a fim de não pressionar muito os atletas brasileiros. O efeito “Brasil na Copa do Mundo” é algo que as Confederações tentam evitar.

– Temos um acompanhamento da equipe psicológica desde os Jogos de Pequim (2008). Então, a gente tem uma história muito forte com isso, não é uma intervenção pontual, mas a longo prazo, para minimizar os efeitos dos Jogos em casa – completou.

1 – O que acha das marcas de Petrúcio esse ano?
Ele tem resultados muito bons. O que, para nós, é bom, porque temos categorias fortes. Na categoria dele, já tínhamos o Antonio Delfino, o Emicarlo, o Yohansson, e agora o Petrúcio… Todas as suas marcas estão melhores do que as do Yohansson, mas eu acho que ainda temos muita coisa para ver ao longo do ano. O cenário não está fechado, ainda veremos grandes disputas entre os dois. O que é bom para o Brasil.

2 – Te surpreende os resultados em tão curto espaço de tempo?
Não. Ele tem um talento genético e físico muito bom, que se desenvolveu na adversidade. Temos outros atletas que tem a mesma condição. O trabalho de base da Confederação tem gerado campeões jovens. Temos um trabalho forte para que esses jovens talentos tenham a oportunidade para manter o bom rendimento ao longo da vida.

3 – Qual a meta para a Rio-2016?
Temos um mapeamento constante. Tivemos o melhor primeiro ano do ciclo (2013). Ótimos resultados, ficamos em terceiro no Campeonato Mundial de Atletismo. Nossa meta é ficar entre os cinco melhores no atletismo dos Jogos Paralímpicos do Rio-2016.

4 – Contando com uma medalha do Petrúcio?
Não contamos com a medalha do Petrúcio, contamos com a medalha da classe dos amputados de braço. Se será o Yohansson, o Petrúcio, o Emicarlo, não sei. Só sei que teremos uma medalha.

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