MEMÓRIA DO BOTAFOGO PARAIBANO
por Raimundo Nóbrega
PRECE PARA AGNALDO:
O ARTILHEIRO DE DEUS
Ainda não fui visitar Agnaldo depois que sofreu um acidente vascular. Agnaldo é um dos 3 maiores artilheiros da história de nosso querido Clube.
Precisamente, Agnaldo marcou 103 gols vestindo o nosso Manto Sagrado. Hoje, Agnaldo vai ser o tema de nossa conversa.
Agnaldo de Oliveira chegou ao Botafogo em 1990, aos 20 anos, no mesmo ano em que saí da arquibancada pra ser dirigente.
Talvez eu tenha visto Agnaldo marcar todos os seus 103 gols. Eu viajava muito com o time, principalmente nos anos de 91 e 92, período de ouro de Agnaldo.
Nosso treinador era Roberto Oliveira, que adotou Agnaldo como um filho. Papá, como era chamado Roberto, teve uma forte influência na formação futebolística, espiritual e religiosa de Agnaldo. Passava horas conversando com Agnaldo, antes e depois dos treinos. E isso gerou um bom fruto. Agnaldo morava na concentração da Maravilha do Contorno.
Agnaldo foi o Maior Artilheiro do Brasil com 35 gols marcados no Campeonato Paraibano de 1992.
Fez gols de cabeça, com o pé esquerdo, com o pé direito, de canela. Tinha força, um chute potente com os dois pés, e era exímio cabeceador. Ganharia muito dinheiro, hoje.
Briguei com todos os técnicos que passaram no Botafogo e não escalassem Agnaldo pra jogar. Eu conhecia o seu talento e não admitia Agnaldo ser reserva de qualquer um que chegasse. E eu era seu fã.
O gol mais bonito de Agnaldo foi contra o Campinense, no Estádio Amigão, em 1992. Passo a narrar esse Belo gol:
Numa bola travada com o volante do Campinense, na linha divisória do campo, pelo lado esquerdo do ataque.
Agnaldo ganha a dividida e dá uma tapa com força na bola, entre dois zagueiros, em diagonal, tirando os dois da jogada, dribla mais um zagueiro e ganha do goleiro, puxando a bola um pouco pra direita, e aninha a bola no fundo da rede. Golaço. Foi o Gol do Fantástico naquele domingo.
Aconteceu um fato inusitado nesse instante. Eu assistia o jogo do banco de reservas do Botafogo. Agnaldo fez menção de jogar a camisa pra torcida. Eu corri atrás de Agnaldo e gritei pra ele não jogar a camisa que descompletaria o padrão. Em paralelo, o técnico Ozires Paiva mandava Agnaldo jogar a camisa. Agnaldo resolveu me atender.
Era humilde e amigo de todos os demais atletas. Mas os amigos jogavam um pouco pesado com Agnaldo.
Nas longas viagens de ônibus pra Sousa, Patos ou Cajazeiras, as brincadeiras com Agnaldo eram costumeiras.
O goleiro Cláudio, que hoje é um dos treinadores de goleiros do nosso time, gritava logo que entrava no ônibus: “Tira a máscara, Agnaldo”, falando da identidade visual do nosso artilheiro. Eu morria de rir.
Foi com Agnaldo com quem aprendi a fazer as orações e os cânticos religiosos da época, entoados durante as viagens de ônibus. Agnaldo puxava o coro e todos nós cantávamos.
Hoje nós cantamos pra ti, Artilheiro de Deus. Eu, Rafa e Rafinha, Duda e Daniel (DJ Astek), clamamos ao Senhor por tua imediata recuperação. Cantemos, pois, a música que Agnaldo nos ensinou:
Eu navegarei
No oceano do Espírito
E ali adorarei
Ao Deus do meu amor
Eu adorarei
Ao Deus da minha vida
Que me compreendeu
Sem nenhuma explicação
Espírito, Espírito
Que desce como fogo
Vem como em Pentecostes
E enche-me de novo.
Espírito, Espírito
Que desce como fogo
Vem como em Pentecostes
E enche-me de novo.
