Presidente da Federação Pernambucana detona Mirassol na Série A: “Quem é que vai assistir?”

Presidente da Federação Pernambucana detona Mirassol na Série A: “Quem é que vai assistir?”

O presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF-PE), Evandro Carvalho, fez comentários sobre o fato de o Mirassol jogar a Série A em 2025. Em participação no canal De Primeira, do jornalista Beto Lago, o cartola detonou a participação do que chamou de “clubes de empresários” em divisões principais do futebol nacional, afirmando que não há apelo para a torcida.

“Veja aí, o Mirassol, Série A… Não tenho nada contra o Mirassol, conheço a cidade, mas o que é que danado o Mirassol vai fazer em Série A de Campeonato Brasileiro? Quem é que vai pagar? Quem é que vai investir? Quem é que vai assistir Mirassol jogando Série A? Mirassol não é clube de Série A”, iniciou Evandro Carvalho.

— Clube de Série A é Flamengo, Corinthians, não sei o quê, não sei o quê, e no segundo escalão, Paysandu, Remo, Santa Cruz, Sport… Eu não tenho nada contra clube de empresário, não, mas deveria ter regra (a favor de clubes com tradição), como tivemos outrora, na época de Ricardo Teixeira.

Além do Mirassol, o presidente da FPF-PE citou Novorizontino, também do interior de São Paulo, e o Athletic, clube de Minas Gerais que conquistou acesso para a Série B 2025. Será a primeira participação da agremiação na Segundona.

— Nós deveríamos ter travas de segurança que fizessem com que a Série A fosse blindada para você privilegiar (clubes de torcida). As pessoas acham isso errado, dizem que é politicamente incorreto, mas eu sou pragmático. Imagina se daqui a pouco eu estiver na Série A: Mirassol, Novorizontino… Atlhetic.

“Pegue 20 clubes, imagina eu colocar cinco clubes de empresário, que não tem um torcedor, salvo o presidente, a mulher dele, os filhos, a Nora e o papagaio, imagina eu pegar esses clubes todos e botar na Série A. Não existe isso, não é lugar de clube pequeno, não é lugar de clube sem bandeira, sem história, sem tradição, sem um século, não é”, acrescentou.

Questionado se o Retrô-PE — clube campeão brasileiro da Série D que conquistou o acesso — poderia ser prejudicado com essas normas defendidas, Evandro Carvalho respondeu o seguinte:

— Coloca três mil pessoas no campo, o do jogo dele tem três mil e tantas pessoas. Nós temos programa de sócio. Eu sou torcedor do Retrô, (outros) já vão virar sócios do Retrô. Tem estrutura, tem sócio, o Mirassol acho que só o presidente torce.

O Mirassol teve média de público de 3.745 pessoas por jogo nas 19 partidas que fez como mandante na Série B.

À noite, após a repercussão da declaração do presidente, a Federação Pernambucana de Futebol publicou uma nota oficial sobre o assunto. A nota segue abaixo, na íntegra.

Nota de Esclarecimento

A Federação Pernambucana de Futebol esclarece que o presidente Evandro Carvalho não possui qualquer objeção a clubes emergentes, sejam constituídos como entidades associativas tradicionais ou no formato de clubes-empresa. Pelo contrário, reconhece o mérito técnico e a contribuição dessas equipes, como é o caso do Mirassol e outros clubes, que têm demonstrado grande competência e evolução no cenário futebolístico.

A posição defendida pelo presidente, no entanto, é de que o futebol brasileiro deveria contar com um modelo que preserve e valorize as grandes marcas, clubes históricos que, ao longo de décadas, construíram a identidade e a grandeza do nosso futebol e que possuem milhões de torcedores. Esses clubes são representações sociais e culturais fundamentais e são essenciais para a perpetuação da força do futebol nacional.

Reiteramos que a visão institucional é a de equilíbrio, que possibilite tanto a valorização das grandes marcas históricas quanto o estímulo ao desenvolvimento de novos clubes que contribuam para a evolução do futebol brasileiro.