Quando a CBF definiu que a Série D do Campeonato Brasileiro teria 40 clubes e que eles receberiam dela ajuda financeira para viagens e hospedagens durante a competição, foi dado um passo para frente. Mas quando a edição de 2013 do torneio chegou, foi dado um para trás.
2013
Com início marcado para primeiro de junho, o torneio terá apenas duas rodadas antes da paralisação para a Copa das Confederações, que a CBF já sabe que vai sediar desde 2007.
Se por um lado os clubes receberão ajuda financeira da confederação, por outro a entidade os obrigou a “rasgar um mês de dinheiro”. As duas primeiras rodadas do torneio serão realizadas nos dois primeiros finais de semana de junho, enquanto a terceira só ocorrerá em 07 de julho, quase um mês depois.
Com isso, as equipes classificadas para a competição, e que em muitos casos possuem situação financeira ruim, vão ter que arcar com um mês de salário desnecessariamente. Clubes que têm o elenco desmanchado ao término dos estaduais e que os remontam para o segundo semestre tiveram que contratar jogadores que ficarão um mês treinando e recebendo.
Além disso, essas duas rodadas iniciais diminuíram drasticamente o tempo que as agremiações tiveram para realizar essas contratações. Tivesse a Série D o início marcado para 07 de julho, o tempo para montagem dos elencos seria maior e o gasto com jogadores que ficarão um mês parado não existiria.
As duas rodadas iniciais? Poderiam ser facilmente encaixadas em dois meios de semana até 25 de agosto, que é quando acaba a primeira fase do torneio.
Surpresa!
Série D se tornou mais um torneio que quebrou as regras do “Estatuto do Torcedor” (Foto: Reprodução YouTube)
Há dez dias do início da competição a CBF fez alterações nos grupos A6, A7 e A8 em relação ao que previa o regulamento do torneio. Enquanto o Vila Nova-MG pulou do grupo A6 para o A7, o Botafogo-SP mudou do A7 para o A8, caminho inverso ao feito pelo Penapolense-SP.
No caso do clube mineiro a mudança de última hora ocorreu pela desistência do Tombense (e posteriormente do América de Teófilo Otoni), o que fez com que o Vila Nova ocupasse a vaga “MG2” e não mais a “MG3”.
Já no caso dos paulistas, a CBF resolveu computar os pontos somados pelo Penapolense no Troféu do Interior (torneio em que a equipe derrotou o Botafogo na semifinal) e com isso a equipe “roubou” a vaga “SP2” do Botafogo. O regulamento do Campeonato Paulista previa que apenas as finais gerais (que podem ser disputadas pelos “quatro grandes”) computariam pontos para a classificação geral dos clubes.
Além de ferir o estatuto do torcedor, que diz que qualquer mudança precisa ser feita 45 dias antes do início da competição, a “descoberta” das alterações aconteceu por uma publicação da Federação Cearense de Futebol em seu site, na noite de 21 de maio. Só no dia seguinte da explosão da bomba a CBF comunicou oficialmente as mudanças.
Sobe um de cada lado!
Os grupos e o chaveamento da competição, que dá quatro vagas para a Série C de 2014, são feitos regionalmente. Assim, clubes fisicamente distantes só vão se enfrentar nas fases finais do campeonato, quando podem já ter o acesso garantido (o que ocorre com a classificação para as semifinais).
Um clube do grupo A1 só vai enfrentar um do A8, por exemplo, em uma final. Já para uma equipe do A6 enfrentar uma do A7, só em semifinal, quando o acesso também já foi definido.
A cada dois grupos, uma equipe obrigatoriamente estará na Série C de 2014. Ou seja: são quatro campeonatos dentro de um só.
Pensando na logística das viagens isso é bom, mas se levado em consideração que, de modo geral, as equipes do Sul e do Sudeste são mais fortes que as de Norte e Nordeste, é possível notar que os “quatro campeonatos” são de diferentes níveis.
Moral da história
A criação da Série D e a melhor organização das divisões superiores já foi um avanço para o precário futebol brasileiro, mas o que ocorreu este ano comprova que ainda há muito chão para ser percorrido.