Dinamarquês Morten Soubak destaca a importância de avaliar os novos talentos
As Olimpíadas Escolares são tratadas pelas confederações de vários esportes como um dos principais celeiros de futuros atletas olímpicos do Brasil. Por isso, enviam com frequência observadores, olheiros e, como no caso do handebol na etapa de 15 a 17 anos, disputada em Cuiabá, o treinador da Seleção Brasileira principal. Morten Soubak, que dirige o selecionado feminino adulto, está na capital mato-grossense para acompanhar a maior competição esportiva estudantil do país.
O dinamarquês mora no Brasil há sete anos, e desde 2009 dirige a Seleção Brasileira feminina adulta. Para Morten Soubak, observar as Olimpíadas Escolares é muito positivo para se ter uma análise completa da nova geração do esporte, principalmente nos aspectos tático e técnico.
“Acho importantíssimo que o Jordi Ribera, no masculino, e eu, no feminino, estejamos aqui, principalmente para termos ideia do que vamos ter de material humano para trabalhar nos próximos anos. Aqui, podemos ver algum atleta que tenha potencial para o futuro, além de podermos assistir estilos de jogo, maneiras e filosofias de trabalho desenvolvidos pelos treinadores no país. Além, é claro, de avaliar a parte técnica das jogadoras”, disse o treinador da seleção feminina.
Para Soubak, é preciso que se mude um pouco a filosofia aplicada ao handebol no Brasil. O esporte, que já foi o mais praticado entre as escolas do país, vem perdendo terreno para outras modalidades, como o vôlei, o basquete e o futsal. Além disso, é preciso incentivar competições ao longo de todo ano, para não deixar os atletas parados.
“No Brasil, nós temos a cultura de que o handebol é um esporte apenas escolar, enquanto na escola escandinava, a qual eu pertenci, se leva a criança para um clube de handebol já aos quatro anos de idade. Esta diferença gigantesca é um desafio que nós precisamos enfrentar. No futebol, onde o país é referência, dificilmente você vê um jogador chegar a Seleção Brasileira começando a jogar futebol com 13, 14 anos de idade. Se compararmos com campeonatos europeus da mesma faixa etária, o nível técnico das jogadoras não é tão bom. Mas temos três ou quatro meninas que estão aqui, que tem um grande potencial. Na Europa, as meninas de 17 anos, já jogam entre os adultos. Precisamos também de um calendário que contemple campeonatos durante todo o ano. Não adianta apenas termos as Olimpíadas Escolares, que é uma baita competição, se no resto do ano as atletas ficam paradas. É preciso que as federações e a confederação de handebol se mobilizem”, completou.
As Olimpíadas Escolares são organizadas e realizadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro, correalizadas pelo Ministério do Esporte