Terminou neste sábado, dia 25, a grande festa do esporte estudantil brasileiro. Organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), com o apoio do Governo do Distrito Federal, a etapa de 15 a 17 anos dos Jogos Escolares da Juventude reuniu quase 4000 atletas de todos os 27 estados do país. Foram 10 dias de muito esporte, cidadania e educação, onde estudantes de 1360 colégios públicos e privados de todas as regiões do Brasil participaram da competição em 14 modalidades (atletismo, badminton, basquete, ciclismo, futsal, ginástica rítmica, handebol, judô, lutas, natação, tênis de mesa, vôlei, vôlei de praia e xadrez). Tendo como principal objetivo a inserção social dos jovens através do esporte, os Jogos Escolares se destacam como o mais importante evento de detecção de talentos para o esporte nacional. Muitos dos nomes revelados em Brasília poderão integrar a delegação brasileira nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, no ano que vem.
Para 2018, os Jogos Escolares passarão por uma readequação. A etapa nacional da competição acontecerá em apenas uma cidade e reunirá as duas faixas etárias (12 a 14 e 15 a 17 anos). O programa esportivo será mantido. “Os Jogos Escolares da Juventude são a principal competição estudantil do país e uma das maiores do mundo. Para o ano que vem, planejamos uma forma de nos readequarmos ao atual cenário econômico, de forma que não haja nenhum prejuízo técnico para os atletas. Teremos uma única etapa nacional, reunindo um número maior de atletas no mesmo local, mas com menos custos de deslocamentos para os estados”, explicou Edgar Hubner, gerente-geral de Juventude do COB e diretor-geral dos Jogos Escolares da Juventude.
Os Jogos Escolares são organizados pelo COB há 13 anos e desde 2006 não eram realizados em Brasília. “É uma satisfação estar em Brasília novamente. A estrutura esportiva e hoteleira oferecida pela cidade atenderam perfeitamente às necessidades do evento. Temos um objetivo enorme que é utilizar o esporte como ferramenta de transformação social e estamos extremamente satisfeitos com os resultados alcançados até aqui”, declarou Edgar.
De volta à cidade depois de 11 anos, a realização dos Jogos Escolares na Capital Federal só foi possível graças ao esforço e parceria com o Governo Estadual local. Secretária de Esportes, Lazer e Turismo do Governo do Distrito Federal e medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996 e Sydney 2000, Leila Barros ressaltou a importância do evento. “Trazer os Jogos Escolares da Juventude era um grande sonho da comunidade do desporto escolar. O intuito de realizar esse evento no DF é incentivar cada vez mais os jovens e a comunidade local a despertar para essa força que é a união da educação e do esporte. Estamos extremamente felizes com os resultados, com toda a organização, a parceria com o COB e os órgãos do governo. Todo um trabalho feito em equipe, que mesmo em um cenário de crise conseguimos realizar um evento muito bacana”, afirmou Leila.
Celeiro de talentos para o esporte nacional, os Jogos Escolares vêm a cada ano contribuindo mais e mais com as delegações multiesportivas organizadas pelo COB em competições internacionais. Nos últimos Jogos Sul-americanos da Juventude, disputados em outubro deste ano, em Santiago, no Chile, 53 atletas eram provenientes da competição escolar. O Brasil conquistou 152 medalhas na competição e muitos destes atletas estiveram em Brasília.
Nomes como Sarah Menezes, Mayra Aguiar, Hugo Calderano, Raulzinho, Ana Claudia Lemos e Leonardo de Deus, que integraram o Time Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016, também deram seus primeiros passos no esporte nos Jogos Escolares. Até uma medalhista em Jogos Paralímpicos – Bruna Alexandre, também do tênis de mesa – já passou pela competição escolar.
Para que a detecção de talentos continue de forma consistente e integrada entre os diversos agentes do esporte brasileiro, o COB realizou em Brasília, assim como fez em Curitiba, na etapa de 12 a 14 anos, e em Santiago, no Sul-americano da Juventude, uma pesquisa para traçar o perfil do jovem atleta brasileiro. Em Curitiba, para os atletas de 12 a 14 anos, a pesquisa trouxe resultados indicando que 50% dos jovens começaram a praticar esportes na escola, 88% dos pais estimulam seus filhos a praticarem atividades físicas e 70% dos jovens participantes desejam se tornar um atleta olímpico. Os dados coletados em Brasília ainda serão analisados.
Desde 2005 os Jogos Escolares recebem especialistas das modalidades para observar e identificar novas revelações para o esporte nacional. Os maiores talentos do basquete, handebol, judô, vôlei e vôlei de praia costumam ser convidados a participar de campings de treinamento e conviver com atletas e técnicos das seleções principais. Os Jogos Escolares de Brasília 2017 tiveram pela primeira vez a presença do técnico da Seleção Brasileira principal de badminton, o português Marco Vasconcelos. Ele acompanhou toda a competição, ministrou uma clínica para capacitar os técnicos e identificou os jovens talentos.
Nove recordes dos Jogos Escolares da Juventude foram batidos nas provas de atletismo e natação em Brasília 2017. Dois deles foram recordes nacionais, um na categoria Sub-18 e outro na Sub-16. Coincidência ou não, as duas novas marcas brasileiras foram quebradas na mesma prova: o lançamento do dardo feminino. Raphaela Diesse Castro Pereira, da Escola Estadual Fernando Lobo, de Juiz de Fora (MG), venceu a prova com a marca de 52,76m, novo recorde brasileiro Sub-18. Bruna Vieira de Jesus, da Escola Estadual Professora Fausta Garcia Bueno, de Campo Grande (MS), ficou com a medalha de prata com a marca de 49,16m. A atleta de 15 anos de idade superou o antigo recorde brasileiro sub-16. Na natação foram batidos quatro recordes da competição. Dois em provas individuais – 50m e 100m livre, ambos com André Luiz Souza, com 23s06 e 50s21, respectivamente. As marcas de André superam as de Matheus Santana, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim 2014.
Em Brasília, os jovens tiveram a chance de interagir com grandes ídolos do esporte nacional, que atuaram como Embaixadores no evento: Caio Bonfim e Vanderlei Cordeiro de Lima (atletismo), Fabiana Silva (badminton), Kelly Santos (basquete), Henrique Avancini (ciclismo), Lenísio Teixeira (futsal), Francielly Pereira (ginástica rítmica), Silvia Helena (handebol), Erika Miranda (judô), Laís Nunes (lutas), Joanna Maranhão (natação), Hugo Hoyama (tênis de mesa), Fofão (vôlei) e Emanuel Rêgo (vôlei de praia).
A edição nacional dos Jogos Escolares, em Brasília, contou ainda com a participação seis atletas do Japão, convidados pelo COB. A interação com os brasileiros foi o ponto alto da presença japonesa. No fim, os asiáticos se despediram da competição, com cinco medalhas, sendo três na natação e duas no atletismo.
Além das competições, os Jogos Escolares da Juventude tiveram ainda uma intensa programação educativa e cultural abrange, com o intuito de aproximar os jovens de todo o país aos Valores Olímpicos.