Atletas fazem parte de projeto social desenvolvido em uma praça pública | ||
O handebol está mudando a vida de muitos meninos e meninas atletas da Escola Nicodemos Neves, de João Pessoa, cidade anfitriã dos Jogos Escolares da Juventude, etapa 15 a 17 anos. O time é comandado por Verônica Fernandes, que um dia sonhou em transformar uma praça pública de um bairro carente da capital paraibana em um celeiro de grandes atletas. Nesta quinta-feira (13), a equipe masculina venceu por 39 a 24 o colégio Tocantins, que traz o nome do estado que representa, pela terceira divisão da competição, no ginásio da Vila Olímpica Ronaldo Marinho. Preparar-se para as disputas dos Jogos Escolares da Juventude é um grande desafio para grande maioria dos times que desejam chegar ao lugar mais alto do pódio. No entanto, no caso da Escola Nicodemos, de João Pessoa, o desafio começa nos treinamentos, que cotidianamente são realizado em uma praça pública, no bairro Funcionários I, um local violento na periferia da cidade. Ex-atleta de handebol, a treinadora Verônica não se contentou em ver o bairro sendo transformando em palco de histórias policiais. Com isto, ela colocou em prática um projeto social, desenvolvendo a prática esportiva do handebol para dar oportunidade a jovens e adolescentes, não só de serem atletas, ou de disputar medalhas, mas pessoas capazes de disputar por uma vida melhor. O sonho de Verônica foi de ver campeões, sejam eles dentro ou fora das quadras, inseridos na sociedade. “Nós trouxemos muitos jovens para o esporte. Deste projeto há frutos concretos. Houve um atleta que foi convocado para a Seleção Brasileira, dois vencedores de Jogos Escolares, muitos outros que ganharam bolsas em escolas particulares”, explicou ela. Entretanto, os desafios enfrentados pelo time, não param por aí. Em parceria com a Escola Nicodemos, o projeto social funciona treinando o time masculino e feminino, mas para manter a prática esportiva, os meninas e meninas realizam rifas, festas, livro de ouro, bingos e outras ações, tudo para comprar bolas, coletes e materiais. Afinal, o sonho não pode parar. “Há algumas vezes que não conseguimos arrecadar todo o dinheiro, então os próprios atletas tem que comprar os materiais”, disse Verônica. Um dos frutos do projeto, o goleador do time masculino, Tairone de Araújo, de 17 anos, contou que já participou de três edições dos Jogos Escolares, mas caso não houvesse o projeto social, no qual participa há seis anos, poderia estar fazendo outras coisas, que não o esporte. “Meu bairro é muito perigoso, caso não entrasse nele poderia estar hoje muito errado. Eu vi o projeto há seis anos atrás, na praça e me interessei, agora estou focado nos estudos e em um dia defender a Seleção Brasileira”, contou. Antes da disputa entre as escolas de João Pessoa e Tocantis, houve uma partida, pela mesma divisão, entre as escolas, Marcelo Cândia, de Rondônia e Gabriel Café, representante do Amapá, onde o time de Rondônia conseguiu a vitória, por um placar de 20 a 12, em um jogo de uma forte marcação de ambos os lados. |