Enquanto parte do nordeste brasileiro curte a ressaca com o fim dos estaduais e as emoções da bola redonda, outra parte, pouco conhecida da grande mídia regional, estará entrando em campo para vivenciar as emoções da bola oval.
No futebol americano praticado no Nordeste, ainda não há as limitações das disputas setorizadas, como acontece nos campeonatos pernambucano, potiguar, paraibano ou cearense do reconhecido futebol de campo. No universo da bola oval a competição já nasceu com as dimensões do próprio nordeste, onde pernambucanos, potiguares, paraibanos e cearenses se enfrentam pela Superliga Nordeste de Futebol Americano. Competição promovida pela Liga Nordeste da modalidade (Linefa) e equivalente a atual Copa do Nordeste de Futebol.
Neste cenário, quatorze equipes de sete estados também entra em campo, a partir do dia 26, para brigar pelo título da temporada. Os participantes da Paraíba são as equipes do Tropa Campina/UEPB e o João Pessoa Espectros.
TROPA X GLADIADORES
A equipe auriverde de Campina Grande abre a disputa, em partida válida pela primeira fase da conferência Norte. O jogo será contra o Roma Gladiadores de Fortaleza, no estádio José Valmir Jorge, na capital cearense. O Tropa Campina/UEPB encara um time desconhecido, mesmo assim, o clima é de respeito ao adversário e concentração para tentar buscar um resultado positivo na estréia.
Durante a partida o torcedor deverá ganhar muito em emoção, já que os dois elencos prometem deixar as dependências do estádio com a vitória, e no caso do futebol americano, não há empates. Quanto a equipe do Espectros, segundo representante da Paraíba, somente estréia na competição na 2ª fase, quando já estarão definidos os classificados da 1ª fase.
No Ceará o Tropa Campina/UEPB atuará completo e o técnico Yámade Cartaxo deverá contar inclusive com o retorno do Sefity Marcio Melo, um dos principais desfalques da equipe no último jogo do time.
ENTENDA O REGULAMENTO
O campeonato é disputado em duas fases, com oito equipes divididas em duas conferências denominadas de Norte e Sul. Na Conferência Norte estão as equipes do Natal Scorpions e UFERSA/Petroleiros do Rio Grande do Norte, Roma Gladiadores-CE e o Tropa Campina/UEPB da Paraíba.
Na Conferência Sul jogam o Vitória All Saints e o Lauro de Freitas Kings, ambos da Bahia, e as equipes do Maceió Marechais-AL e do Bravos-SE. As conferências funcionam como grupos A e B, porém, ao invés de todos se enfrentarem dentro de seus grupos, totalizando três jogos, cada equipe realiza apenas dois jogos evitando um adversário.
Pelo regulamento, duas equipes por conferência avançam para a segunda fase e juntam-se as seis equipes pré-classificadas pelo ranking da liga, totalizando 10 clubes. Estas equipes voltam a ser divididas em duas conferências (Grupos) de 5 clubes e após os jogos, as quatro melhores colocadas na classificação geral (na soma dos grupos) realizam uma semifinal (1ºx4º e 2ºx3º) e por fim uma final com mando de campo da equipe de melhor campanha geral.
CRESCIMENTO DENTRO E FORA DAS LINHAS
Segundo a diretoria do Roma Gladiadores, mais de 50% da capacidade do estádio José Valmir Jorge já foi vendida (isto em números computados até o último dia 24). Mesmo o ingresso custando R$ 10,00 a procura tem sido boa.
A presença de um bom publico para torcer pelos cearenses e pressionar a equipe do Tropa Campina já é um reflexo do avanço gradativo da modalidade na região. Apesar da falta de amparo de alguns segmentos da mídia, o futebol americano não somente vem ganhando adeptos dentro das linhas, como também fora delas.
Um bom exemplo do esforço e trabalho de marketing das equipes de futebol americano foram os quase 4 mil pagantes registrados no amistoso entre o Recife Mariners e o Tropa Campina, nos aflitos, em Recife. Um público bem superior a muitas partidas válidas pelos campeonatos estaduais de futebol tradicional.
MODALIDADE COM CHEIRO DE LUCRO
Se você é uma pessoal com faro empreendedor, pode encontrar num clube de futebol americano o que raramente encontrará numa equipe de futebol. Todos os clubes de FA seguem critérios de austeridade, trabalhando sempre às claras e evitando dividas desnecessárias. Isto é praticamente uma política dentro dos clubes e esta inserida em alguns estatutos inclusive.
A grande ideia é não repetir o exemplo danoso que acomete atualmente o futebol. No futebol americano a regra é trabalhar com as contas na ponta do lápis e evitar problemas financeiros que possam prejudicar a própria existência dos clubes. No geral, quem acaba patrocinando o futebol americano raramente se arrepende e ainda consegue gerar uma gama de publico alvo bastante consumidor.
Um bom exemplo são as equipes do Recife Mariners-PE e Ceará Caçadores-CE que comercializam seus produtos com ótima aceitação dos consumidores. Recentemente o Vitória All Saints teve um de seus vídeos promocionais no youtube entre os mais acessados da internet.
Uma das alegações sobre o futebol americano é a complicação para entender as regras do jogo. Na verdade, a primeira vista o publico literalmente “trava” já que não entende como algo pode ser um gol, sem ter traves para balançar as redes?
Assim como foi o futebol, há 100 anos atrás, quando ninguém sabia as regras e todo mundo se complicava para entender o que significava Center half, keeper, off side e corner. No atual futebol americano poucos sabem o que são touchdow, extra point, Field goal, Running back ou fullback. Mas, no futebol o entendimento fez o “aportuguesamento” dos termos e como conseqüência a popularização, no futebol americano inevitavelmente o caminho será o mesmo.
Para chegar ao entendimento, o futebol foi despertando a atenção do público promovendo a participação dele nos treinos, nos jogos demonstrativos e nas promoções do tipo; “venha nos conhecer sem compromisso!”. O futebol americano vem buscando seguir a mesma linha e basta o cidadão decidir acompanhar as partidas para logo saber que nada complica na verdade. O que falta é a apenas pára e entender o esporte.
Por J.Cesar/Tropa Campina


















