O cenário é perfeito: de um lado a imensidão do mar, do outro a faixa de areia, enquanto, em meio ao caminho, vento, brisa, ar puro e fresco, e até, talvez, um relaxante mergulho final! Parece que correr na praia é a prática ideal para quem deseja começar uma atividade física em busca de bem-estar e qualidade de vida. De fato é, mas tenha muita calma! Antes de sair correndo por aí, há de se ter alguns cuidados essenciais para não comprometer a saúde.
Principalmente para pessoas sedentárias, o ingresso às práticas esportivas deve ser feito de forma cautelosa e gradativa. Pela falta do hábito esportivo, o corpo, até então ocioso, tende a ter mais dificuldades em aceitar intensidades de exercícios e sobrecargas físicas, que podem, com o tempo, acarretar lesões e diversos outros problemas funcionais. O fisioterapeuta André Flávio Sá enfatiza a importância de um “check-up” geral antes de começar qualquer atividade.
“Correr é uma das melhores atividades físicas que existem, porém, é necessário cautela. A hora de começar é só após uma boa avaliação médica. Muita gente começa a praticar exercícios sem o devido cuidado e isso acarreta vários problemas. As pessoas precisam conhecer e respeitar os seus limites. Recebo muitos pacientes com lesões tendíneas, ligamentares, estiramentos, contraturas e entorses, por causa dessa falta de precaução”, revelou o fisioterapeuta.
Para os que já estão aptos a desfrutar dos inúmeros benefícios desse esporte, é importante não esquecer que correr em terreno arenoso é bem diferente do que suar numa esteira ou no asfalto do calçadão. A areia mais firme, mais próxima do mar, é considerada um bom piso, pela maciez, ainda assim, é necessário cuidado com a inclinação, que pode incidir forças diferentes, com risco de sobrecarregar as articulações de joelhos e tornozelos.
“Pela irregularidade da areia, há uma estimulação dos proprioceptores (mecanismos sensoriais que existem em nossos músculos que respondem a sinais de contração ou estiramento agudos) que ajudam na prevenção de lesões. É um terreno com menos impacto sobre as articulações, por isso é uma ótima forma de elevar o volume semanal de treinos e poupar articulações e ossos (vide “canelites”). Por outro lado, há uma exigência muscular grande, pois faz-se muita força no momento da propulsão, ou de tirar o pé da areia”, declarou o preparador físico, Manuel Lago.
Areia fofa ou dura?
Segundo Manuel, a areia mais dura e, portanto, menos irregular que a fofa, pode ser menos perigosa para o tornozelo. Mas ele também cita os estabilizadores de tornozelo, que dificultam muito o movimento involuntário de torcer o pé para dentro e para fora.
“Correr na areia dura é muito parecido com correr no asfalto, mas há o agravante de que a maioria dos lugares onde há areia dura, é muito inclinado, prejudicando a coluna vertebral do atleta. Na areia fofa, porém, há menor impactação articular e maior desequilíbrio. Esta instabilidade do terreno, para quem não é forte o suficiente (ausência dos treinos na musculação), pode desencadear problemas crônicos como lombalgias”, afirmou.
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