Vitória sobre Argentina tem elogios à entrega em quadra: “Jogamos como seleção brasileira”
Na quinta-feira (23), o Maracanãzinho foi palco de uma daquelas noites que ficam na memória do torcedor. Não tanto pela importância do jogo, válido pela segunda rodada da Liga das Nações masculina de vôlei (VNL). Mas por causa das reviravoltas de um clássico entre Brasil e Argentina, que resultaram na primeira vitória da nova passagem de Bernardinho pela seleção brasileira e fizeram as arquibancadas do ginásio pulsarem.
Desde a execução do hino brasileiro, cantado com ainda mais força do que o habitual, ficou evidente que se tratava de uma partida especial. O Brasil passeou no primeiro set (25 a 13), mas a Argentina venceu os dois seguintes. A necessidade de superar a derrota para Cuba na estreia da VNL fez com que torcida e jogadores brasileiros buscassem uma sintonia perfeita a partir da quarta parcial. Cada ponto era motivo de vibração dentro e fora da quadra. Uma atmosfera que contagiou os atletas.
– Jogamos como seleção brasileira, vibrando, comemorando com a torcida e disputando cada ponto como se fosse o último. Estivemos mais soltos, leves. Fico muito feliz com isso – disse o central Isac, novidade entre os titulares e autor de 11 pontos na vitória do Brasil, por 3 sets a 2.
Capitão da seleção, Bruninho também destacou a energia dos jogadores brasileiros no clássico. O levantador chegou a passar para o outro lado da quadra e reclamar de provocações de argentinos no início do terceiro set.
– (Desde a derrota para Cuba) O que mais conversamos foi em relação à entrega, dedicação. E, contra a Argentina, nossa equipe mostrou fibra em todos os momentos – comentou Bruninho, antes de analisar outros pontos do desempenho brasileiro:
– Precisávamos ter continuidade no saque, algo que faltou na estreia. Ainda podemos crescer bastante no bloqueio, mas a defesa tocou em muito mais bolas, e isso foi fundamental para a vitória. Tivemos mais volume de jogo, o que é uma característica do Brasil.
A evolução na defesa, citada por Bruninho, também foi valorizada por Thales. O líbero teve quase 79% de eficiência no fundamento durante a partida e exaltou a vitória brasileira:
– A Argentina tem um time forte. A torcida nos puxou, nos ajudou. Conseguimos corresponder dentro de quadra. Fizemos uma partida muito boa e ganhamos de uma seleção top. Defendemos mais, tocamos na bola em várias tentativas de bloqueio. Sacamos bem e conseguimos aproveitar contra-ataques. Ainda tem bastante coisa para melhorar, mas estamos no caminho certo.
Na estreia na VNL, o Brasil fez só quatro pontos de bloqueio e cometeu 21 erros de saque. Depois da derrota, os atletas da seleção disseram que os números ligavam o alerta a respeito desses fundamentos. E parece que a preocupação já surtiu efeito. Contra a Argentina, foram sete pontos de bloqueio e 13 erros na hora de sacar.
A exibição no clássico de quinta-feira, no entanto, ainda passou muito longe da perfeição. No segundo e terceiro sets, por exemplo, o Brasil teve maior dificuldade para virar bolas e não mostrou poder de reação diante da vantagem dos argentinos. Em poucas palavras, Bruninho tentou resumir a oscilação da seleção brasileira:
– Ainda falta consistência. Estamos em um processo e precisamos melhorar muito para ganhar regularidade.
Agora com uma vitória e uma derrota na Liga das Nações, o Brasil voltará à quadra do Maracanãzinho nesta sexta-feira, às 21h (de Brasília), contra a Sérvia. A VNL é o último torneio oficial antes das Olimpíadas de Paris, para as quais os comandados de Bernardinho já estão classificados.