Os Auditores da Quarta Comissão Disciplinar do STJD do Futebol julgaram nesta sexta, dia 25 de novembro, as infrações ocorridas na final da Série C do Campeonato Brasileiro. O zagueiro Ferreira foi suspenso por 180 dias por agressão contra o árbitro; o gandula Talysson suspenso por 30 dias; Boa Esporte multado em um total de R$ 13 mil e o Guarani multado em um total de R$ 22 mil. Ambos os clubes receberam ainda a perda de um mando de campo com portões fechados. A decisão cabe recurso.
Após a leitura do relatório do processo, os Auditores e Procurador assistiram os vídeos das defesas e, em seguida, ouviram o depoimento das testemunhas do Guarani.
Primeiro a falar, o atleta Ferreira explicou o ocorrido na partida. “Eu queria perguntar pra ele (árbitro) o motivo do cartão vermelho. Cheguei perto dele e infelizmente não pensei. Fui de encontro a ele , mas não fui para agredi-lo. Acabei empurrando. Não fui para agredi-lo, fui para perguntar pra ele o porque fui expulso”.
Perguntado se tinha tido algum problema pessoal antes da partida e se houve arrependimento após o ato, Ferreira declarou. “Na semana da final, apesar da pressão que era o tamanho daquilo que seria para o Guarani e para minha carreira, tive problema particular com minha esposa e estava abalado psicologicamente. Estava sem falar com minha esposa há alguns dias. Só fui falar com ela na segunda de manhã após a confusão. Eu me arrependei sim e sei que minha atitude não foi correta. Com uma repercussão muito grande afetou meus filhos. Tenho três filhos. Não consigo aproveitar minhas férias e fazer nada esperando por esse momento. Minha cabeça está muito abalada e não tive a oportunidade de pedir desculpa pessoalmente. Eu dependo do futebol pra viver e me considero um operário do futebol. Tenho mais de 14 anos no futebol e isso me deixou profundamente triste, pois pode manchar um ano maravilhoso que tive”, concluiu o jogador.
A defesa ouviu ainda o Presidente do Guarani Horley Senna e um radialista presente no Estádio do Melão. Ambos questionaram a conduta da polícia militar presente e classificaram a ação da mesma como despreparada, além de afirmarem que a polícia foi quem motivou a reação da torcida do Guarani.
Em defesa do clube paulista, o advogado Osvaldo Sestário sustentou: “As imagens falam mais do que eu poderia falar. Acho que foi um estado de cólera que entrou no atleta do Guarani. Ele ficou indignado e ele empurra mesmo o árbitro. A reação dele foi desproporcional ao erro do árbitro. O árbitro precisa rever seus conceitos em relação as expulsões. No lance da expulsão ele deve ser absolvido e na questão do lance, pensei muito em trazer comparativos a agressões, mas o que mais me chamou a atenção foi o do Dudu. O atleta empurra, mas por ser pequeno e o arbitro grande o resultado foi diferente. A pena do CBJD é muito pesada”, disse a defesa, que acrescentou sobre os episódios de desordem.
“Nos vídeos a gente nota que a polícia estava nervosa e com despreparo total. Ação e reação e vimos no vídeo da torcida que a polícia atirou várias vezes bala de borracha aleatoriamente. A defesa pede que seja avaliado o que aconteceu e antecedeu para a torcida se comportar daquela maneira. Sobre o uso de sinalizadores, o mandante era o Boa e também responsável pela revista dos torcedores”.
Pelo Boa Esporte o advogado Felipe Mourão afirmou: “O policiamento estava dentro de campo e rapidamente agiu em todas as situações necessárias comprovando que houve a repressão. “A polícia agiu, identificou os flagrantes e registrou cinco boletins de ocorrência. O Boa Esporte é uma entidade e o que cabia fazer foi feito que foi solicitar a presença da polícia e oferecer infraestrutura necessária”.
Terceira interessada no processo, a defesa da ANAF explicou o pedido pelos árbitros. “A ANAF se fez presente no processo para juntar o boletim de ocorrência com relação a agressão contra o árbitro da partida. O mesmo apitará o jogo entre Bragantino e Londrina manhã e , por isso, não pode se fazer presente. A defesa pede que seja aplicada a punição ao atleta prevista no CBJD”.
Após as sustentações, o Presidente da Comissão Luiz Felipe Bulus colheu os votos dos Auditores presentes. Por unanimidade, o atleta Ferreira foi absolvido por jogada violenta e suspenso por 180 por agressão ao árbitro da partida; suspenso por 30 dias o gandula Talysson por infração ao artigo 258; multado o Boa Esporte em R$ 1 mil no artigo 191, inciso III pela ação do gandula, enquanto a Federação Mineira foi absolvida. Também por unanimidade o Boa Esporte foi absolvido no artigo 211 por entenderem que o estádio possuía a infraestrutura necessária para a partida. Já, por maioria dos votos, os Auditores multaram o Boa Esporte e o Guarani em R$ 10 mil e R$ 20 mil, respectivamente, e aplicaram a perda de um mando de campo com portões fechados a cada clube. Também por unanimidade os Auditores aplicaram multa de R$ 2 mil a cada clube no artigo 191, inciso III pelo uso de sinalizadores.
