Ele era um ponta esquerda franzino e de estatura média, porém com bastante velocidade e habilidade em campo. Foi esse jovem atleta que surgiu no extinto Esporte Clube União chamando a atenção dos torcedores e da imprensa que compareciam ao campinho da Graça de Cruz das Armas da década de sessenta. Seus dribles rápidos e os cruzamentos perfeitos eram mortais.
Aquele garoto, nascido em 21 de janeiro de 1951, e batizado como Cícero Ferreira da Silva logo foi transferido para o Botafogo Futebol Clube, e ao participar do “Torneio Integração Nacional” e ser o maior destaque daquela competição ocorrida no estado de Goiás, foi o mesmo emprestado ao Cruzeiro de Belo Horizonte, onde jogou por seis meses ao lado de Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Brito e outras feras do futebol brasileiro.
Ao término de seu empréstimo ao clube mineiro, Ferreira retornou e se apresentou ao Botafogo e se integrou ao elenco, por pouco tempo, pois foi negociado em definitivo com o todo poderoso Santos Futebol Clube. Passou então a fazer parte da história do time da famosa Vila Belmiro, onde Pelé, Edú, Rildo, Cejas, Joel Camargo, Afonsinho, Clodoaldo e outras estrelas dividiam os passes, as jogadas e os gols que o mundo aplaudia.
Com a camisa do Santos e na companhia de Pelé, Ferreira viajou e conheceu o mundo, chegando a passar três meses seguidos se exibindo pelos gramados internacionais. Conseguiu ganhar muito dinheiro e fama para a época.
Quando o Rei Pelé resolveu encerrar a sua carreira, nos idos de 1973, o prestígio do Santos Futebol Clube já estava acabando, as excursões paulatinamente deixaram de ocorrer e o nosso ponta esquerda foi emprestado para o Jalisco Futebol Clube, da cidade mexicana de Guadalajara, onde jogou por seis meses.
Ao retornar ao Brasil, o nosso craque foi negociado com o time do Marília, da cidade do mesmo nome, do interior paulista e onde jogou por quase uma década e encerrou a sua brilhante carreira. No Marília Ferreira sofreu uma contusão que resultou em três cirurgias no joelho.
Hoje ele reside e trabalha na Prefeitura Municipal de João Pessoa. Não soube administrar o dinheiro que ganhou, vivendo hoje com um salário bem aquém daquilo que exerceu pelos campos do mundo mas não é um homem de lamentações e demonstra bastante alegria nas coisas simples da vida.
E foi dessa forma que aquele garoto franzino que jogava na Graça, escreveu o seu nome na brilhante história do futebol brasileiro.
Colaboração
Ele é ex-vice presidente Social do Botafogo, editor da Revista Botafogo – PB, Auditor do TJDF-PB e colunista esportivo do Jornal A União. Recentemente lançou o livro Causos & Lendas do Nosso Futebol.
