Aparecidense tem ataque mais efetivo do Brasil e chega à segunda fase com a melhor campanha da Série D - SóEsporte
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Aparecidense tem ataque mais efetivo do Brasil e chega à segunda fase com a melhor campanha da Série D

Com média de 2,28 gols por jogo e 32 bolas na rede, Camaleão avança à segunda fase com campanha histórica na competição e mira o acesso à Série C

Aparecidense tem o melhor ataque entre as quatro divisões nacionais

Raphael Teixeira / Aparecidense

O ataque mais positivo do Brasil não está nos grandes centros do futebol nacional, mas na cidade de Aparecida de Goiânia, casa do Aparecidense, cuja média de 2,28 gols por jogo é a maior entre as quatro divisões do Campeonato Brasileiro. Classificado para a segunda fase da Série D com a melhor campanha da competição, o time treinado por Lucio Flávio tem 32 gols em 14 jogos – e disposição para ampliar o número em busca do acesso.

O Camaleão coloca a artilharia em campo novamente neste sábado (2), às 16 horas, quando visita o Maricá pelo jogo de ida desta fase da competição.

O time que é a sensação da Série D começou a ser montado na reta final do Campeonato Goiano, quando o panorama não parecia bom para a Aparecidense. A equipe terminou o Estadual na 10ª posição, de fora das fases decisivas da competição. Foi quando voltou à cena um velho conhecido: Lucio Flávio, que havia treinado o time em 2024.

Nesta segunda fase à frente do clube, o início de trabalho teve como prioridade aspectos emocionais antes dos técnicos ou táticos. “O primeiro passo foi dar mais confiança aos jogadores para a principal competição da temporada, que era a Série D”, disse.

O técnico Lucio Flávio voltou ao Camaleão no fim do Estadual e mudou a mentalidade do timeCréditos: Raphael Teixeira / Aparecidense

Antes do início do Brasileirão, uma outra competição nacional serviu como preparação: a Copa do Brasil. Na primeira fase o Camaleão eliminou a Votuporanguense nos pênaltis (5 x 4) após um empate em 2 a 2, e na segunda derrotou o Cascavel por 1 a 0. Na terceira, porém, deu de cara com o Fluminense. O jogo de ida foi vencido pelo time carioca por 1 a 0, e o de volta por 4 a 1. A queda rendeu mais de R$ 4 milhões ao clube goiano. E o saldo positivo não foi só o bancário.

“Foi um bom preparativo, onde conseguimos estabelecer a base da equipe. Quando o Brasileirão começou, fomos ajustando e a equipe ganhou corpo”, explicou Lucio Flávio.

Enquanto jogador, Lucio Flávio era adepto do modo clássico de jogar do meio-campista brasileiro, algo que procura reproduzir no estilo de jogo da equipe que comanda: toque de bola qualificado, mais posse que o adversário e inteligência nas ações ofensivas. “Procuro estudar bem os adversários, perceber onde estão suas dificuldades e passar isso para os jogadores nos treinamentos”, disse.

Somado a este método, está outro trunfo da Aparecidense, o de jogar bem em casa ou fora. Em números, o Camaleão é o melhor visitante da Série D – ou o pior, na ótica dos adversários. A estreia na competição foi com uma vitória pelo placar mínimo contra o Capital-DF, fora de casa, e a condição de visitante indigesto se confirmou na rodada seguinte, com um 3 a 0 sobre o Goianésia. Ao todo, foram quatro vitórias fora, além de um empate.

Outro fator que explica o ataque de 32 gols são os placares elásticos que o time impõe aos rivais. Foram quatro jogos vencidos com diferença de três ou mais gols, incluindo um 7 a 0 contra o Porto Velho, a maior goleada da Série D até agora, dura punição ao time que primeiro venceu a Aparecidense, na quarta rodada.

Chama atenção ainda o revezamento de artilheiros: Kaio Nunes (7 gols), Renan Gorne, João Marcos (4 gols cada), Julio César, Dyego (3 gols cada), Moraes, Higor Leite, Ivan (2 gols cada), Lauro, Stéfano Pinho e Enzo (1 gol cada) marcaram pela equipe, que ainda teve dois gols contra a seu favor.

Grupo solidário: onze atletas já marcaram pela Aparecidense nesta Série DCréditos: Raphael Teixeira / Aparecidense

Com uma campanha expressiva como esta, a meta traçada pelo técnico não poderia ser outra senão o acesso e o título da competição. E o momento agora é o de resgatar o momento de montagem do time, já que na fase atual, a Série D muda o formato de pontos corridos para partidas eliminatórias, como foi o momento em que o Camaleão se dividiu entre Goianão e Copa do Brasil.

“O que tenho conversado com o grupo é que agora muda a característica da competição: passa a ser mata-mata e nós não conhecemos os adversários, por serem equipes de outra chave. Isso gera uma certa expectativa, mas vamos tentar não mudar o que fizemos até agora, que foi a equipe criar uma característica e ter a confiança para executá-la”, concluiu.

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São vários os responsáveis por transformar em realidade os planos de Lúcio Flávio. O elenco da Aparecidense traz em sua essência um time que mescla juventude e experiência – e, claro, faro de gol. Que o digam os atacantes Kaio Nunes e Renan Gorne, com sete e quatro gols na competição, respectivamente.

Nunes conta que, ao chegar no clube, se deparou com um elenco qualificado, que conta com jogadores com passagens pelas Séries A e B do Brasileirão. Ao juntar essa característica ao estilo de jogo intenso cobrado pelo treinador, o resultado foi a melhor campanha da primeira fase da competição.

“A gente joga em linha alta, pressionando o adversário. Essa intensidade fez a gente ter a melhor campanha. Mas agora é outro campeonato”, prega o atacante, que espera voltar a marcar contra o Maricá, neste sábado (2).

O atacante Kaio Nunes é o artilheiro da equipe, com 7 golsCréditos: Raphael Teixeira / Aparecidense

“A briga pela artilharia está boa. Estou há dois jogos sem marcar e espero voltar a fazer gol no sábado. Mas principalmente, quero o acesso”, disse ele, que tem dois a menos que o Marcelo Toscano, do ASA.

Para Renan Gorne, a experiência do grupo se manifesta também em um aspecto que favorece a coletividade, que é o fato de as cobranças entre os jogadores serem bem vindas, sempre pelo aprimoramento do time. “A gente não tem vaidade e se cobra muito entre nós mesmos. O resultado disso aparece na nossa campanha. Estamos muito fechados, unidos”, disse Gorne, que promete a mesma mentalidade na fase eliminatória da Série D.

Com tantos colegas qualificados no elenco, os dois atacantes têm certa dificuldade em apontar quem mais tem colaborado com as assistências para gols. Kaio fica com Higor Leite, que já lhe rendeu três assistências. “Ele é muito inteligente e lidamos bem em campo. Mas o conjunto está sendo muito importante”, disse. “Os dois laterais, Ivan e Mário Henrique tem me servido bastante”, disse Gorne, fazendo menção honrosa aos atacantes Julio César e João Marcos.

Para Renan Gorne, os dois gols na goleada de 4 a 1 sobre a Luverdense foram os mais marcantesCréditos: Raphael Teixeira / Aparecidense

Outra dificuldade dos atletas é apontar um gol especial entre os já marcados em uma campanha que já está marcada para eles. “Fazer gol é sempre especial. Mas vou colocar os que fiz contra a Luverdense, porque entrei no meio do jogo, fiz dois e ajudei a sacramentar a vitória e a liderança no grupo”, lembrou Gorne. “Tenho que colocar o que fiz contra o Ceilândia. Sou de Brasília e fui criado em Ceilândia. Nesse gol driblei o goleiro. Foi marcante para mim, minha família toda estava lá”, lembrou.

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