Botafogo Espectros aplica ‘goleada’ histórica em Pernambuco e se classifica para playoffs do Brasileiro - SóEsporte
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Botafogo Espectros aplica ‘goleada’ histórica em Pernambuco e se classifica para playoffs do Brasileiro

Equipe de João Pessoa derrotou o Recife Pirates por 72 x 0, maior placar do Campeonato Brasileiro até agora, e garantiu presença na próxima fase do certame.

O Botafogo Espectros entrou para a história do futebol americano no Brasil. Em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro, o time de João Pessoa derrotou o Recife Pirates por incríveis 72 pontos a zero no Estádio Antônio Dourado Neto, em Ipojuca/PE.

A goleada é o maior placar do Campeonato Brasileiro 2012 e um dos resultados mais elásticos da modalidade no Brasil em 4 anos de disputas full-pad, ou seja, com todos os equipamentos obrigatórios.

Nada de turismo

A cidade de Ipojuca, a 57 km de Recife, é conhecida por suas belas praias, a mais famosa delas é Porto de Galinhas, mas o Botafogo Espectros definitivamente não viajou para Ipojuca a passeio. Com duas vitórias na competição – sendo uma delas contra o próprio Pirates, em João Pessoa, por 56 a 2 – a equipe paraibana entrou na disputa como favorita para ganhar seu terceiro jogo, o que garantiria a vaga na próxima fase da competição.

Já o Recife Pirates buscava sua primeira vitória na competição para sair da lanterna do grupo (os dois times fazem parte da Divisão Centro da Conferência Nordeste, um triangular completado pelo Recife Mariners e disputado em jogos de ida e volta).

Mesmo desfalcado de dois dos seus mais importantes jogadores de ataque, o wide receiver Brunno Baracuhy e o quarterback Rinaldo Mitref (da seleção brasileira), que estão fora da temporada por graves lesões nos joelhos direitos, o Espectros não deu nenhuma chance ao adversário. A equipe de João Pessoa, liderada pelo quarterback Rodrigo Dantas, em seu primeiro jogo como titular, partiu para o ataque desde o início do jogo e, com mais consistência tática e técnica, fechou o primeiro tempo em 28 a 0, com quatro touchdowns (jogada que vale 6 pontos, e ocorre quando o time consegue chegar com a bola à end zone – linha de fundo – do oponente), além da conversão de dois pontos extras e um safety (que é quando o time que não tem a posso de bola, ou seja, está com os jogadores de defesa em campo, “empurra” o ataque da equipe adversária para dentro da sua própria end zone).

28 vira, 56 acaba?

Se repetisse o placar do primeiro tempo, o Botafogo Espectros terminaria com 56 pontos marcados, mesma pontuação conseguida no confronto com os Pirates em João Pessoa, mas o time paraibano sabia que podia fazer mais e, mais importante, queria mais, como disse o técnico Brian Guzman.

“Nossa meta era conseguir pelo menos 69 pontos e igualar a marca de mais pontos em uma partida desse Brasileiro”, revelou Brian Guzman, fazendo referência à pontuação conseguida pelo São Paulo Storm no jogo contra o Rio Preto Weilers, na rodada de abertura da competição.

O Botafogo Espectros voltou disposto a forçar ainda mais os adversários a entrarem no seu ritmo e estilo de jogo na segunda etapa. O Pirates, com um elenco bastante renovado (16 novos atletas entraram na equipe em fevereiro e mais 8 no último mês), sentiu muita dificuldade em conseguir jogar contra um time mais entrosado e que vem num ritmo intenso de preparação. No segundo tempo, o Espectros anotou mais 44 pontos, sem sofrer nenhum, para fechar o placar em 72 a 0. Ao todo, foram 10 touchdowns.

Destaque para o running back Alison Morais, que marcou três, penetrando com a bola em corridas, e para Gustavo Pacheco, que marcou dois, recebendo passes. Os outros touchdowns foram marcados por Vitor Ramalho, Pedro Lucena, Edvaldo ‘Pezão’ Rosas, Antonio Diniz e Flavinho Gouveia, além de 8 pontos extras convertidos pelo kicker Jackson e dois safeties conseguidos pela defesa. Brian não se cansa de elogiar o elenco.

“Foi uma performance completa do ataque, da defesa e dos times especiais. Estou orgulhoso desse time. A preparação intensa está dando resultados. Além dos treinos aos fins-de-semana, na Maravilha do contorno, nós temos podido contar com o apoio incondicional do Yázigi, que nos cedeu um campo que estamos usando para treinamentos específicos por posição, além de ceder as instalações e equipamentos da escola, como projetores multimídia e lousas interativas, que usamos nas reuniões táticas e encontros pré-jogos.

São 3 momentos extras na semana para aprimorarmos nossa parte tática e técnica. Poucos times do Brasil podem contar com uma preparação assim. Contar com um campo com iluminação e um local para reuniões à noite é fundamental, pois todos os atletas e os membros da comissão técnica trabalham ou estudam durante o dia e antes o time só podia se reunir aos sábados ou domingos”, acrescentou Brian, revelando um dos segredos da força da equipe.

Placar histórico

Além de ser o placar mais elástico do Campeonato Brasileiro até aqui, os 72 a 0, aplicados pelos Espectros foi uma das maiores diferenças de pontos na história do futebol americano no Brasil, na modalidade equipada ou full pad, que assim como as tradicionais disputas nos Estados Unidos é jogada na grama e com todos os equipamentos de segurança.

Em novembro do ano passado, o Corinthians Steamrollers derrotou o Santos Tsunami por 79 a 0, em jogo válido pelo Torneio Touchdown, que é disputado entre equipes do Sudeste e Sul do país, mas sem o reconhecimento da AFAB (Associação de Futebol Americano do Brasil), que organiza o Campeonato Brasileiro.

Em 2010, jogando pela Liga Brasileira, campeonato que foi extinto para dar lugar ao atual Campeonato Brasileiro, o Foz do Iguaçu Black Sharks derrotou o Brusque Admirals, de Santa Catarina, por 80 a 0. Segundo Brian, ele só soube que o time tinha feito terceiro o maior placar da história depois do fim do jogo.

“Após o jogo, o Guto (Gustavo Sousa), do Yázigi, me ligou para dar os parabéns à equipe e contou que ficamos a apenas sete ou oitos pontos do maior placar da história. Eu não sabia desses dados, e respondi dizendo que se soubesse antes teria forçado o jogo um pouco mais, pois senti que ainda dava para ter feito mais um touchdown”, comenta o técinco.

Mas o lugar no ‘pódio’ durou pouco para os pessoenses, pois também ontem, momentos depois de terminado o jogo dos Espectros, o T-Rex, da cidade de Timbó, Santa Catarina, derrotou o ABC Corsários, do ABC Paulista por 80 x 0, pelo Torneio Touchdown, o resultado iguala o feito do Foz Black Sharks como a maior ‘goleada’ da história do FA nacional. Mas em torneios oficiais chancelados pela AFAB, o placar dos Espectros ainda é o segundo maior. 

Ironia na tabela

O Botafogo Espectros volta a campo no dia primeiro de setembro, também em Pernambuco, contra o Recife Mariners. No jogo de ida, venceu os adversários por 43 a 6. Se vencerem mais uma vez, os paraibanos ficarão em primeiro lugar da divisão, mas não garantem que disputarão o jogo das oitavas-de-final em casa. A tabela do Campeonato Brasileiro estabelece, para o confronto entre times de mesmo retrospecto na primeira fase, um critério de desempate chamado “força da tabela”, que prevê que times oriundos de divisões mais disputadas, ou seja, com número de vitórias e derrotas melhor distribuídos entre os times, tenham preferência sobre as divisões onde um time tenha um desempenho muito acima dos adversários.

Uma ironia que, na prática, significa que o Botafogo Espectros pode ser punido por ser muito melhor do que os rivais. Além de jogar longe da sua torcida, a partida das oitavas pode vir a ser contra um time de Fortaleza ou mesmo de Salvador, o que implicaria numa viagem muito longa e cansativa para os paraibanos.

Para não correr esse risco, numa outra ironia do destino, o Espectros tem que torcer por uma volta por cima do time que acabou de massacrar. O Recife Pirates enfrentará o Recife Mariners no dia 15 de setembro, e uma vitória dos piratas aumentaria o fator “força da tabela” do grupo dos Espectros. O símbolo do Recife Pirates é a tradicional bandeira-pirata, uma caveira sobre uma cruz de ossos, que simboliza a morte.

Para o Botafogo Espectros, resta torcer para que os piratas do Recife não tenham afundado de vez em Ipojuca e que ainda achem alguma chama de vida depois dos 72 pontos sofridos.

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