A festa brasileira foi completa no VI Mundial de Handebol de Areia, disputado na Praia do Pina, em Recife (PE). Neste domingo (27), a Seleção Feminina derrotou a Hungria por 2 sets a 0 e conquistou o tricampeonato. Em seguida, a Masculina entrou na arena para um clássico da modalidade cheio de rivalidade. A vitória por 2 a 1 sobre a Croácia garantiu o tetra para os brasileiros.
“O coração não está cabendo dentro de mim. Está sendo muito mais emocionante do que eu imaginava”, comentou o goleiro Jaime Torres, um dos destaques da equipe na competição. “É a realização de um sonho. Minha mãe e meus amigos não tinham como acompanhar os outros Mundiais. Não tinha nenhuma emissora de televisão transmitindo. Agora eles puderam ver ao vivo e em cores, aqui dentro de casa”, relatou a pernambucana Priscilla Annes.
As meninas, que perderam apenas um set durante todo o Mundial, entraram em quadra para repetir o que haviam feito ao longo da campanha, não dando chance às adversárias. E não deu para a Hungria. O primeiro set terminou com tranquilos 20 a 14.
O maior equilíbrio do segundo set foi até os 9min3s, quando Priscilla Annes roubou uma bola na defesa e o Brasil partiu para fechar o placar em 12 a 10. “Essa bola foi fundamental, como foi fundamental o trabalho da nossa defesa ao longo de todo Mundial. Quando ela funciona, o ataque faz o resto”, analisou a técnica Rossana Marques.
O aspecto técnico não foi levado em consideração por Patrícia Scheppa. Com a voz embargada e os olhos lacrimejando, ela se esforçava para explicar o que vivia naquele momento. “Desde o começo da nossa preparação a gente sabia que ganhar aqui dentro seria um sonho. Realizamos esse sonho com muito trabalho”.
Ao contrário das meninas, a Seleção Masculina passou sufoco para conquistar a vitória e, mais uma vez, mostrou um enorme poder de superação nos momentos mais decisivos. O time não conseguiu encaixar o jogo no primeiro set e viu o forte time croata acertar quase tudo e sair no final com 23 a 20.
Na pressão, os brasileiros voltaram para o segundo set e se impuseram desde o primeiro segundo. Com defesa e ataque funcionando em harmonia, a Seleção abriu uma vantagem de seis pontos e foi administrando até o final: 26 a 20.
A partida foi para o desempate no shoot out. Sorte do Brasil por ter um defensor como Diogo Vieira, o Vareta, que foi o responsável pelo bloqueio de três arremessos dos croatas. “Ter Vareta no time é uma dádiva. Ele nasceu para isso, além de ser disparado o melhor defensor do campeonato”, definiu o técnico Antônio Guerra Peixe, que viu Naílson Amaral fechar a série de cobranças em 5 a 2.
“É a segunda vez que ganho um Mundial dentro do Brasil, mas está sendo mais gostoso agora porque, com o passar do tempo, a gente vai vendo como essa equipe se completa, como esse grupo é formado por irmãos. Quando um não está bem, o outro vai além e compensa. Foi assim o campeonato inteiro”, descreveu Bruno Oliveira.
Além da conquista do tetra Mundial, a competição serviu como despedida para alguns atletas, como o goleiro Jaime Torres. “Já começa a bater uma saudade, mas junto vem uma satisfação imensa por ter fechado esse ciclo dessa forma. Foram 25 anos de handebol. Agora vou trabalhar fora das quadras para que a modalidade cresça ainda mais”, concluiu.
Antes das disputas das finais, o público que lotou a arena na Praia do Pina assistiu às decisões do terceiro lugar. No feminino, a Noruega venceu a Ucrânia por 2 a 1 (22 a 9, 11 a 13 e 8 a 6 no shoot out) e conquistou a medalha de bronze.
“Nossa meta era ficar no top 6. Conseguimos bem mais e isso foi fantástico”, explicou Mads Stian Hansen, supervisor da Seleção da Noruega.
No masculino, o bronze ficou com o Qatar, que derrotou a Dinamarca por 2 a 1 (13 a 12, 20 a 21 e 8 a 6 no shoot out). “Viemos sabendo que não seria fácil, mas queríamos chegar entre os melhores e conseguimos. O nosso time evoluiu bastante ao longo da competição”, falou o técnico árabe, Khaled Aly.
Além dos títulos por equipes, quatro brasileiros levaram prêmios individuais. No masculino, Gil Pires foi escolhido como melhor pivô e Naílson Amaral como melhor ponta direita. No feminino, Camila Souza foi eleita a melhor especialista e a melhor atleta do campeonato, com Renata Santiago ficando com o troféu de melhor pivô.