CBF vê pontos corridos como ‘inviável’ e deve manter fórmula da Série C - SóEsporte
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CBF vê pontos corridos como ‘inviável’ e deve manter fórmula da Série C

Coordenador de competições, Manoel Flores afirma que grupos não são divididos por região, mas sim pela logística

“Não é possível fazer uma alteração de formato que aumente consideravelmente o número de partidas”, aponta Manoel Flores
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Diego Borges

Apesar do desejo dos clubes, a Série C dificilmente mudará de formato na próxima temporada. O modelo praticado desde 2012, com os vinte participantes divididos em dois grupos de dez, exceto pela edição de 2013, deve ser mantido por uma questão de custos operacionais, arcados pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF, em detrimento ao clamor dos clubes e seus torcedores pela adoção do formato de pontos corridos, assim como acontece nas Série A e B.

Em entrevista ao JC, o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, afirma ser inviável a aplicação da fórmula que acompanha a Série A desde 2003 e a Série B desde 2006, que aumentaria a quantidade de partidas de 194 para 380.

“A Série C é uma competição com grande potencial, mas que ainda depende de custeio integral por parte da CBF, um investimento bastante elevado que envolve passagens, alimentação, traslados internos e hospedagem para as equipes. Neste cenário, não é possível fazer uma alteração de formato que aumente consideravelmente o número de partidas, pois isso tornará a competição inviável a médio prazo”, justifica.

Mesmo com o alto número de clubes das regiões Norte (2) e Nordeste (9) garantidos para a próxima temporada e a chance de haver um acréscimo com os possíveis rebaixamentos de Sampaio Corrêa, CRB e Paysandu na Série B, a CBF aponta a questão logística como principal fator para montar as chaves. A exemplo de Cuiabá e Luverdense, que já disputaram a Série C pelos dois grupos.

“Os grupos não são regionais, senão teríamos que distribuir conforme as cinco regiões do país. A divisão objetiva racionalizar os deslocamentos das equipes, diminuindo o desgaste e também os custos logísticos. Independentemente da origem dos 20 clubes classificados, sempre será possível administrar os dois grupos para que levem esses aspectos em conta”, aponta Manoel Flores.

PERNAMBUCANOS PEDEM UNIÃO DOS CLUBES

Em contrapartida à posição da CBF, Náutico e Santa Cruz acreditam que é possível rever a fórmula da Série C, com base na manutenção das atividades de atletas e membros de comissões técnicas e no pleito por um maior aporte financeiro da entidade. “Não existe desempregar mais de mil jogadores e membros de comissão técnica ainda no mês de setembro”, aponta o presidente do Náutico, Edno Melo, um dos 16 clubes que praticamente dissolvem os elencos à medida em que são eliminados.

“É um calendário perverso. O desemprego impera no país e vários jogadores ficam sem atividades e os clubes sem recursos. Faz muito mal ao futebol essa parada precoce”, corrobora o presidente do Santa Cruz, Constantino Júnior, antes de relembrar o achatamento do calendário de competições. “Outras vezes em que disputou a Série C (2012 e 2013), o Santa Cruz parava de 30 a 40 dias logo após o Pernambucano. Este ano, quando terminaram os estaduais, as quatro séries começaram praticamente juntas.”

Para os mandatários pernambucanos, a solução para alcançar uma melhoria parte da união dos clubes participantes. “É um trabalho de articulação que precisa ser feito. Não adianta falar que vai brigar e não se articular. Chamar os outros clubes, as federações (estaduais). Temos um impeditivo que é não saber os clubes que vão cair da Série B, mas você já pode projetar isso e articular com os que já estão garantidos. Temos quase a totalidade, com 16”, destaca Constantino.

 Edno Melo ressalta ainda que a inclinação pela mudança no formato da competição vem de antes mesmo da queda de Náutico e Santa Cruz nas quartas de final. “Vamos à CBF solicitar, em um desejo que não partiu de agora. Não é só porque Náutico e Santa Cruz foram eliminados que nós estamos brigando por isso. Desde o início da competição já sugerimos em reunião.”

Ainda de acordo com Constantino Júnior, a política financeira da CBF precisa ser revista, e afirma possuir dados que reforçam a necessidade de acréscimo no montante destinado pela entidade. “A gente sabe qual vai ser o discurso da CBF, de que não vai ter recurso disponível para uma competição como a Série C. Mas a gente vai chegar lá com estudo. O valor que a CBF repassa aos clubes Representa é muito pouco. É menos de 1% do que se gasta com a Série A. A CBF tem condições de bancar um novo calendário e uma nova formatação”, garante o presidente coral.

TRANSMISSÃO DA SÉRIE C

Outro ponto que dificulta a captação de recursos dos clubes para a próxima Série C foi desenhado desde o fim das operações do canal Esporte Interativo na TV por assinatura, que detinha os direitos de exibição da Série C. De acordo com Manoel Flores, a CBF busca uma solução para 2019. “É uma estratégia que está sendo definida diante de um novo cenário que se apresentou recentemente.”

O diretor de competições lembra ainda para o cenário de recessão no investimento das grandes emissoras em competições esportivas, até mesmo no principal campeonato nacional do mundo, a Premier League inglesa, que teve o contrato de cotas reduzido no último acordo. “Importante ressaltar que este mercado de mídia tem sofrido mudanças profundas e que os recursos financeiros hoje disponíveis são muito menores do que em outro momento.”

Desde a última rodada da fase de grupos, a CBF absorveu as transmissões, realizadas via streaming em suas redes sociais. No principal site agregador de vídeos do mundo, o YouTube, as 13 transmissões da Série C realizadas até aqui (ainda restam quatro jogos) acumulam mais de 1,8 milhão de visualizações. Só o jogo da volta entre Operário-PR e Santa Cruz atingiu 470 mil views, com pico de exibição online da partida chegando a ultrapassar a marca de 93 mil espectadores de forma simultânea. Números considerados positivos pela CBF.

“A avaliação feita em conjunto com as plataformas digitais tem sido muito positiva. É uma situação experimental que busca avaliar a receptividade do público a esse tipo de conteúdo para no futuro viabilizarmos um projeto mais consolidado”, projeta Manoel Flores.

Com informações do Jornal do com Comercio

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