São 22 maratonas, outras 22 São Silvestres, além de mais de mil troféus guardados na coleção. Os números do indígena Acaçuí, de 68 anos, do povo Tabajara, Ceará, impressionam. São 25 anos dedicados à corrida de rua, esporte que ele considera parte de sua vida. Nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, ele espera que o seu exemplo inspire outros povos a amar a corrida.“O esporte é o sabor da vida. Se eu ficar dez dias sem treinar, logo bate um desânimo, perco a vontade de viver. Tenho um projeto de vida assim: o meu dia é dividido em oito horas de trabalho, oito para dormir e oito para o meu lazer”, conta Acaçuí.
O indígena mora há décadas no Rio de Janeiro, mas tem orgulho de manter as tradições do seu povo. A paixão pelo esporte começou ainda no Ceará, onde praticava esportes de luta. “Quando eu estava na minha aldeia eu praticava o huka-huka, luta praticada na beira do rio. Com 20 anos eu saí para o mundo e conheci outros esportes, como a luta livre. Até que tive uma lesão no ombro e adotei a corrida”, conta.
Acaçuí revela que na época se apaixonou pela modalidade, depois de um convite de um amigo, que o levou para as primeiras provas. “Se eu tivesse começado mais jovem, penso que eu teria uma carreira no esporte. Estar aqui, nos Jogos Mundiais, é uma alegria muito grande, pois celebramos o esporte a cultura indígena”, revela.