Ex-jogador Antonio Pé de Aço faleceu na noite deste sábado - SóEsporte
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Ex-jogador Antonio Pé de Aço faleceu na noite deste sábado

O ex-jogador Antonio Pé de Aço, faleceu na noite deste sábado(21/09/2013) por volta das 22 horas. A informação foi passada por Eron Evangelista.

O Pé de Aço como era mais conhecido na região sudeste de João Pessoa e na Ilha do Bispo, tinha 92 anos e era o último remanescente da memorável conquista do Auto Esporte em 1939. O corpo será velado durante toda manhã deste domingo na Central de Velórios Rosa de Sarom e sepultado no Cemitério Santa Catarina.
Matéria sobre Pé de Aço
pe-açoPor Maxwell Oliveira
Muitos não lembram e talvez os mais novos nunca ouviram falar, mas os gramados paraibanos foram testemunhas  das façanhas de um jogador com uma característica impressionante. O nome diz tudo: Pé de Aço. Aos 91 anos, o ex- ídolo do Auto Esporte, clube onde conquistou, invicto, o campeonato paraibano de 1939, lembra com saudade de suas histórias – lances que só mesmo o futebol é capaz de produzir.
Antônio Luiz Lima começou a se transformar em Pé de Aço aos 16 anos. Era final dos anos 30. Até o começo da década seguinte, ele brilharia no futebol paraibano. E ganharia a nova alcunha da imprensa devido a incrível potência do seu chute. Os jornais da época não se cansavam de noticiar, com euforia, as façanhas do canhão que causava calafrios nos adversários.
Certa vez, Pé de Aço literalmente nocauteou um adversário que ousou enfrentar o poder de seu chute. Com a fama se espalhando por todas as praças esportivas do Estado, um jogador de apelido também folclórico, Violão, provocou o canhão do clube do povo: “Vou tirar de cabeça”, disse o pretensioso Violão, se colocando na mira da cobrança de falta de  Pé de Aço, que aconselhou:  “Sai da frente”. Teimoso, Violão insistiu: “Vou tirar de cabeça” O resultado, porém, não poderia ter sido mais doloroso para o zagueiro valentão.
Pé de Aço não aliviou contra o rival da época. Violão viria se tornar, mais tarde, amigo do seu algoz – amizade que dura até hoje. Mas por muito tempo ele pagou preço alto pela teimosia. Violão recapitula: “Depois de colocar a cabeça na trajetória da bola eu não lembro mais de nada. Só sei que caí no chão desacordado por alguns minutos e assustadoramente sangrava pelos ouvidos. Tive sérios problemas de audição durante muito tempo”, conta Violão. Naquele tempo não havia condições de aferir a velocidade da bola chutada por Pé de Aço, mas testemunhas oculares garantem que o poder de seu chute podia ultrapassar qualquer marca dos jogadores atuais. Sem contar que a bola era muito mais pesada do que as usadas atualmente.
Era um tiro tão forte e certeiro que os mais desavisados começaram a nutrir a ilusão de que o jogador tinha mesmo pés de aço – confusões que, segundo seu Antonio, ocorria quase sempre nas partidas disputadas em pequenas cidades do interior da Paraíba.
“As pessoas ficavam olhando para o meu pé pra saber se era mesmo de aço”, diz Pé de Aço, que gosta de contar que foi o autor não só de um, mas dos dois primeiros gols do estádio da Graça na década de 40, defendendo a camisa do Dolaporte. Pelo feito, ele recebeu homenagem em 2010 do então prefeito e hoje governador do Estado, Ricardo Coutinho, em solenidade que marcou a reabertura do estádio.
Mas entre façanhas e histórias engraçadas e curiosas do ex- ídolo, na trajetória de Pé de Aço pelo futebol da Paraíba, um fato triste também marcou sua carreira. Se hoje em dia o futebol se transformou no esporte mais popular do planeta e é praticado por todas as camadas da população, naquela época pelo simples fato dele morar em um bairro da periferia, a Ilha do Bispo, seu talento era vitima de preconceito. “O Botafogo e o Cabo Branco não gostavam de mim.
Além de marcar muitos gols jogando contra eles, não queriam me contratar para não desagradar seus torcedores da elite da cidade. Futebol era coisa pra rico”, completa. Mas o ato preconceituoso, que já naquela época aterrorizava o futebol, não deixou magoas no coração do ex – jogador, que além do Auto Esporte e Dolaporte, vestiu a camisa do Palmeiras(JP), Força e Luz e Seleção Paraibana. Hoje, Antônio Luiz Lima prefere se lembrar de sua passagem no futebol paraibano como quem defendeu a camisa dos clubes – não por dinheiro, mas por amor – sobretudo pelo Auto Esporte,  seu primeiro time e sua maior paixão.
O Auto Esporte, porém, parece não retribuir à altura o carinho de quem já fez muito pelo clube no passado. Não se vê homenagens, nem mesmo menções, ao ex – ídolo que conquistou de forma invicta o primeiro título paraibano em 1939. Quem sabe o insucesso do presente não se dê também por conta da falta de inspiração nos ídolos do passado? Independente de reconhecimento, Pé de Aço olha para o passado de forma tranquila – olhar de quem sabe que,com sua trajetória, protagonizou um capitulo a parte no futebol da Paraíba.
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