O Bahia chegou ao Rio de Janeiro na tarde de domingo. À noite, os
jogadores foram liberados para entrevistas. Léo, artilheiro do time, não deixou barato:
− Não viemos ao Rio para perder.
Noite de 29 de março de 1960. O Maracanã pega um bom público.
O time do Bahia é recebido em delírio: Nadinho, Beto, Henrique, Vicente e
Nenzinho; Flavio e Mário; Marito, Alencar, Leo e Biriba. O Santos é aplaudido. Lalá,
Getúlio, Mauro Formiga e Zé Carlos, Zito e Mario, Dorval Pagão, Coutinho e Pepe. Os
bandeirinhas são Airton Vieira e Morais e Wilson Lopes de Sousa, cariocas.
Aos 23 minutos o primeiro gol do Santos: Coutinho, depois de uma linda
tabela com Pagão – o substituto de Pelé. Quatro minutos depois o empate: Vicente,
cobrando uma falta da intermediária. O Bahia tinha mais volume de jogo, o Santos se
mostrava cansado e pouco disposto a disputar as bolas divididas. No primeiro minuto
do segundo tempo, o Bahia apresentou suas cartas. O Biriba cobrou um corner, a bola
pingou na cabeça de Alencar, que tocou para o gol. O Santos se desesperou.
Coutinho tentava romper o bloqueio defensivo, mas Vicente fazia as vezes
de sua sombra em todas as partes do campo. Lula então lançou Tite no lugar de Pagão
sem obter qualquer melhoria em seu ataque.
Aos 24, Frederico Lopes mandou Getúlio esfriar a cabeça no chuveiro.
No minuto seguinte foi a vez de Formiga. Aí o Santos resolveu apelar. O jogo ficou
quente. Aos 32 Coutinho chutou Nenzinho por trás. Vicente não deixou correr frouxo
de um bofetão no par do rei.
Perdidos por dois perdidos por mil, os do Santos resolveram quebrar os
do Bahia no pau. A polícia entrou em campo e esfriou os ânimos de novo na direção
da festa, Frederico Lopes mandou outro santista para o chuveiro, Dorval. Ele deu um
bofetão em Henrique, sem acreditar nos quase dois metros do negão.
Aos 37 o Bahia sacramentou o título com o terceiro gol. Era a malícia de
Osírio que se impunha à pretensão de Atiê Jorge Curi. O dirigente santista, certo do
título, na véspera enviou um telegrama a San Lorenzo de Almagro propondo datas e
locais para os dois jogos que teriam de disputar pela Taça Libertadores das Américas.
Só que San Lorenzo acabou jogando com o Bahia. A Taça Brasil de 1959
foi o maior título que o futebol baiano já conquistou.
DICIONÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO
Drible da vaca – Drible em que o jogador passa a bola por um lado do adversário e
corre pelo outro lado para recuperá-la atrás dele.
Drible de corpo – Drible que é dado apenas com um movimento de corpo, sem tocar a
Drible seco – Drible dado com um toque decidido na bola, em que o adversário é
completamente iludido.
Ele – Pelé quando jogava.
Eduardo Pimentel
Técnico de Futebol
