O mundo ontem passou a conviver com o Trump 2 como presidente dos EUA, prometendo cumprir várias das promessas enfaticamente feitas na campanha. Dentre elas a decisão de promover deportação em massa dos imigrantes. por ele classificada como “o maior programa de deportação de criminosos da história dos Estados Unidos” Para por isso em prática, foi buscar uma Lei de 1798, conhecida como a “Lei dos Inimigos Estrangeiros”, que concede poderes ao primeiro mandatário para deportar cidadãos de países com os quais os Estados Unidos estão em guerra ou quando têm seu território atacado.
Não chegou a detalhar como pretende executar essa logística. Os mais de 11 milhões de imigrantes indocumentados que moram no país, serão os primeiros alvos dessa sua determinação. Além disso, afirma que irá retirar a cidadania concedida a filhos desses imigrantes nascidos nos Estados Unidos, que serão considerados apátridas, o que facilitará a deportação ao país de origem dos progenitores.
Não será uma tarefa tão fácil como imagina. Haverá embaraços diplomáticos, pois terá de convencer os países de onde vieram esses imigrantes a receberem os vôos de deportação, principalmente os que Trump costuma atacar por razões ideológicas, como Cuba, México e Venezuela. Outro fator importante é o abalo na força laboral do país, considerando que em torno de oito milhões desses imigrantes desenvolvem atividades de trabalho na prestação de serviços, na construção civil e na agricultura, perdendo, então, uma mão de obra precarizada e mal paga.
Como se não bastassem essas dificuldades, haverá a necessidade de altos investimentos na construção de espaços físicos para funcionarem como centros de triagem e na ampliação do quadro de agentes fronteiriços e de deportação. Alguém poderá dizer, isso não é problema para um país rico como os EUA, mas representa desvio de recursos que poderiam ser aplicados em outros investimentos mais interessantes para eles. Estima-se que essas deportações em massa provocarão um custo de quase US$ 1 trilhão. Mesmo numa economia forte esse valor é expressivo.
Impossível deixar de reconhecer que essas ações resultarão em grande impacto nas relações diplomáticas com a América Latina, em especial o México. De qualquer forma no seu discurso de posse, reafirmou a sua disposição em colocar como prioridade máxima as deportações em larga escala, com foco maior nos que possuem antecedentes criminais.
Pode até serem bravatas, mas percebe-se que o presidente recém empossado não se intimida em produzir, de uma só vez, contenciosos muito perigosos, tais como a declaração de que deseja anexar o Canadá ao território americano, retomar o canal do Panamá e mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Essas ameaças trumpistas são efetivamente possíveis de ser executadas? Ou será apenas uma estratégia para provocar medo nos mais fracos diante do imperialismo ianque, porque continuam com a “mania de grandeza”, se achando os donos do mundo? As forças progressistas da América Latina devem ficar atentas para enfrentar essa ação política da extrema direita dos EUA. Mas, como disse Mao Tsé Tung, “o imperialismo americano, na verdade, é um tigre de papel. Nada a temer, de fora um tigre, dentro é feito de papel, incapaz de resistir ao vento e à chuva”. Vamos em frente. O rugido do tigre pode se transformar no miado de um gato.
Rui Leitão
