Sessão especial: vereador apresenta números alarmantes de assassinatos envolvendo negros na PB - SóEsporte
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Sessão especial: vereador apresenta números alarmantes de assassinatos envolvendo negros na PB

Bira (PT) revelou que o Estado registrou, em 2010, taxas de homicídios acima de 50 para 100 mil negros. O evento realizado na tarde desta quarta-feira (20), na CMJP, foi alusivo ao Dia Nacional da Consciência Negra.

O vereador Bira (PT) apresentou dados alarmantes sobre o número de assassinatos envolvendo negros na Paraíba e revelou, com base em dados concretos, que o Estado registrou, em 2010, taxas de homicídios acima de 50 para 100 mil negros. Outros cinco estados (Alagoas, Espírito Santo, Pará, Pernambuco e Distrito Federal) também apresentam esse mesmo número. As informações foram prestadas pelo parlamentar durante sessão especial realizada na tarde desta quarta-feira (20), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra e dentro da programação do “Novembro Negro – Desconstruindo o Racismo e a Intolerância Religiosa”.

Na tribuna, Bira disse que a Paraíba figurava ainda entre as oito unidades da federação que ultrapassaram a marca de 100 homicídios para 100 mil jovens negros. Ele também informou que, no Estado, em 2010, foram registrados 47 assassinatos de pessoas brancas e 1.335 assassinatos de pessoas negras.

Segundo o parlamentar, levando-se em consideração as respectivas populações, a taxa de homicídios de brancos foi de 3,1 para 100 mil habitantes do mesmo segmento contra 60,5 negros para um população de 100 mil pessoas com a mesma cor. Bira acrescentou que, dessa forma, o índice de vitimização negra foi de 1.824, ou seja, para cada branco morto, proporcionalmente, foram assassinados 19 negros na Paraíba. O petista comentou, em seu pronunciamento, que diversos especialistas estabelecem que níveis acima de 10 homicídios para 100 mil habitantes caracterizam situação de violência epidêmica.

O vereador Bira revelou também que, na cidade de João Pessoa, foram assassinados, em 2010, 16 brancos e 545 negros, o que corresponde a taxas de 4,9 homicídios de brancos e 140,7 assassinatos de negros. Já as denúncias sobre crimes de intolerância religiosa, conforme o petista, tiveram um aumento de 626% pelo Disque 100 da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República.

A coordenadora Municipal de Promoção à Cidadania LGBT e Igualdade Social, Socorro Pimentel, que participou da sessão especial, disse que era muito importante a realização de atividades como a da CMJP, para fortalecer, ainda mais, as ações de desconstrução no seio da sociedade, com ênfase na esfera pública, de todo tipo de descriminação. Ela considerou fundamental a realização da sessão alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra, que, na sua concepção, é o marco político e legal da população deste segmento que relembra a morte do grande líder negro, Zumbi dos Palmares, assassinado no Quilombo dos Palmares, em Alagoas.

“Zumbi é uma personalidade importante e serve como resistência e luta em prol da desigualdade do povo negro brasileiro”, observou Socorro. Segundo ela, a Coordenadoria tem trabalhado, com dedicação e empenho, para implementar as políticas de promoção da igualdade social no contexto dos serviços públicos municipais, no combate ao racismo, à intolerância religiosa e ao assédio moral. Socorro Pimentel fez questão de ressaltar que os movimentos negros foram os principais protagonistas da programação dos eventos em comemoração ao Dia da Consciência Negra.

Na ocasião, a coordenadora adiantou ao vereador Bira a importância da criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e do Comitê Municipal Técnico de Saúde da População Negra, hoje vinculado à Secretaria Municipal de Saúde. “O objetivo é trabalhar em consonância com todas as secretarias e autarquias municipais”, completou.

Durante a sessão especial, o Grupo de Capoeira Angola Palmares, do bairro do Róger, apresentou-se ao som da música “Zumbi”.

Além de Bira e de Socorro Pimentel, o evento contou ainda com a presença dos vereadores Fuba (PT), que secretariou os trabalhos da mesa, e Lucas Brito (DEM); o pastor Flávio Henrique, do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial; Laura Berquó, presidente da Comissão de Promoção de Igualdade Racial e de Diversidade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB); MC Cazuza, integrante do Fórum Paraibano de Igualdade Racial; Renan Palmeira, presidente do Movimento do Espírito Lilás (MEL); e Mariah Marques, do Grupo de Mulheres Yalodê.

Também marcaram presença representantes de várias entidades, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT); o Grupo nas Ruas Contra a Corrupção; a Federação Independente dos Cultos Afro-brasileiros da Paraíba; o Grupo de Mulheres Flores da Jurema Preta, além de outros segmentos.

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