Conheça a história das Matildas, o apelido oficial da seleção feminina da Austrália
As Matildas nunca ficaram fora de uma Copa do Mundo Feminina. Antes que você corra para pesquisar na internet e descubra o “erro” na informação – já que a Austrália não se classificou para a primeira edição do torneio, em 1991 -, saiba que naquela época elas ainda não tinham recebido o apelido carinhoso que acompanha a equipe há quase três décadas.
A seleção australiana só virou as Matildas às vésperas do Mundial Feminino de 1995. E, desde então, a Austrália, ou melhor, as Matildas têm participado de todas as edições. Na atual, elas acabam de chegar às quartas de final, repetindo seu melhor resultado, obtido outras três vezes, em 2007, 2011 e 2015. Sábado, a Austrália vai enfrentar a França em Brisbane tentando alcançar pela primeira vez uma semifinal de Copa.
Acho que o país inteiro está nos apoiando e nós sentimos e vemos isso. E não só aqui, acho que outros países também se juntaram a nós e querem nos apoiar. Então, sim, é incrível ver isso, só queremos continuar aproveitando esse impulso e manter nosso sonho vivo – afirmou a atacante Caitlin Foord, autora do primeiro gol na vitória por 2 a 0 sobre a Dinamarca nas oitavas de final.
E de onde vem o apelido? Em 1994, logo após a Austrália se classificar pela primeira vez para a Copa Feminina, que seria realizada no ano seguinte, na Suécia, uma emissora de TV do país decidiu criar, em conjunto com a Associação Australiana Feminina de Futebol, um concurso para escolher um nome para a equipe, através de votação popular.
As Matildas foram a opção mais votada, superando outras quatro opções: Soccertoos (inspirado no pássaro nativo Cockatoo, uma espécie de cacatua), Blue Flyers (voadoras azuis? O uniforme da Austrália nem tem azul!), Waratahs (nome de uma flor que simboliza o estado de Nova Gales do Sul) e Lorikeets (um papagaio multicolorido típico do país). Vamos combinar que não era difícil escolher Matildas.
Segundo o site da Football Australia, a federação de futebol do país, algumas jogadoras da época ficaram incomodadas com o apelido. Mas hoje todas elas se orgulham de serem uma Matilda. Se alguém dúvida, basta procurar a seleção australiana nas redes sociais. Está lá: @TheMatildas.
Um orgulho compartilhado com a torcida australiana, que solta o grito nos estádios: “Go, Matildas” (Vão, Matildas). E que se espalha pelas grandes cidades australianas nesta Copa do Mundo. Difícil andar pelas ruas sem ver o apelido em algum cartaz promocional ou publicidade de algum produto relacionado à Copa ou à seleção australiana.
E quem foi a Matilda que inspirou o apelido? Ninguém. Diferente do que pode parecer, Matilda não era uma pessoa, e sim o nome da simpática canguru que foi a mascote dos Commonwealth Games de Brisbane, em 1982 – a competição quadrienal que reúne 72 países membros da Comunidade das Nações.
Voltando ainda mais no tempo, existe uma antiga canção popular chamada “Waltzing Matilda” (Valsando Matilda), composta em 1895 por Banjo Paterson. A música se tornou uma espécie de hino não oficial da Austrália e foi homenageada na criação da mascote dos Commonwealth Games. Por tabela, também acabaria inspirando o apelido da seleção feminina de futebol.
Ex-jogadora da seleção, Moya Dodd relembrou, em entrevista ao The Sydney Morning Herald, a relação da equipe com a canção.
A gente cantava no ônibus do time. Acho que todos os australianos têm uma conexão com essa música. É sobre um cara que roubou uma ovelha e preferia morrer a ser capturado pelos senhores ingleses – contou Moya.
Acho que isso traz um sentimento de rebeldia do futebol feminino, que foi proibido por muito tempo. Ser mulher jogando futebol era uma transgressão social, e isso se identifica bem com um cara que está desafiando as autoridades – completou a ex-jogadora.