Seis paraibanos viajaram no final de semana para o Rio de Janeiro e São Paulo, onde participam dos treinos de futebol de cinco (praticados por cegos) visando os Jogos Paraolímpicos de 2012 que serão disputados em Londres, Inglaterra.
Os destaques paraibanos na Seleção Brasileira são – Damião Robson, Severino Gabriel, Daniel e Fábio Luis. Além dos atletas do futebol de cinco dois jogadores da Paraíba que disputam o goalbaal também viajaram – José Roberto e Romário.
Num ano que promete ser dos mais importantes da história do paradesporto mundial, os paraatletas da Seleção Brasileira de goalball (masculino e feminino) e de futebol de 5 começaram a preparação para a mais importante competição paradesportiva do planeta: as Paralimpíadas de Londres, que acontece de 29 de agosto à 9 de setembro.
O técnico Alessandro Tosim, do goalball masculino, recebeu os atletas em Jundiaí (SP), no sábado, 4, e ficarão concentrados até o próximo sábado, 11, em etapa válida pela primeira fase de treinamento na preparação.
Já no Rio de Janeiro, na Andef, em Niterói, o treinador Paulo Sérgio também começou no sábado a fase inicial de treinamento com a equipe feminina, e seguirá o mesmo cronograma dos meninos do Brasil até o próximo sábado. A Andef também recebeu os selecionados do Futebol de 5. Os comandados do técnico Ramon Pereira chegaram ontem ao centro de treinamento e vão ficar até o próximo domingo, 12.
O judô brasileiro começa a preparação para os Jogos de Londres a partir do dia 22 de fevereiro com os atletas masculinos, que ficarão concentrados em São Paulo até o dia 4 de março. Neste mesmo dia os técnicos Alexandre Garcia e Jaime Bragança começam as atividades com as meninas, que darão início à preparação de pouco mais de duas semanas na capital paulista.
O presidente da CBDV, Sandro Laina, ressaltou a importância dos atletas iniciarem o ano já se preparando, e prevê bons resultados na Terra da Rainha.
– Encerramos um ano de 2011 de forma muito positiva, com resultados internacionais maravilhosos. Agora com o retorno dos treinamentos, a CBDV está se dedicando para entregar as melhores condições aos nossos atletas e equipe técnica, de modo a possibilitar a melhor preparação possível. Temos metas ousadas em nossas três modalidades e pedimos a mesma dedicação aos nossos atletas para que treinem e possam nos ajudar a atingir os objetivos propostos – disse Sandro Laina, que ainda desejou sorte para os nossos heróis.
– A todos os atletas, técnicos e equipes médicas um bom retorno aos treinos, muita dedicação, empenho e concentração para que todos nós venhamos comemorar bastante no dia 09 de setembro (encerramento das Paralimpíadas).
As fases de treinamento fazem parte do projeto firmado entre o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Ministério do Esporte, que liberou recursos por meio do Sistema de Convênios (Sincov).
Existem relatos de que no Brasil, na década de 1950, cegos jogavam futebol com latas. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal-RN, aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais. A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista. Das quatro edições da Copa América, os brasileiros trouxeram três ouros: Assunção (1997), Paulínia (2001) e Bogotá (2003). Em Buenos Aires (1999), o título não veio, mas os brasileiros chegaram a ganhar dos argentinos.
Em 1998, o Brasil sediou o primeiro Mundial de futebol e levou o título. Dois anos depois, em Jerez de la Frontera, na Espanha, a seleção se sagrou campeã novamente. Em Atenas (2004) a seleção masculina brasileira estreou nos Jogos Paralímpicos e conquistou a medalha de ouro numa vitória sobre a Argentina por 3 a 2, nos pênaltis. No Parapan do Rio de Janeiro, em 2007, o Brasil ficou em primeiro lugar.
O futebol de cinco é exclusivo para cegos ou deficientes visuais. As partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada, mas desde os Jogos Paralímpicos de Atenas também tem sido praticadas em campos de grama sintética. O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos. Junto às linhas laterais, são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. Cada time é formado por cinco jogadores – um goleiro e quatro na linha. Diferente dos estádios com a torcida gritando, as partidas de futebol de cinco são silenciosas, em locais sem eco.
A bola tem guizos internos para que os atletas consigam localizá-la. A torcida só pode se manifestar na hora do gol. Os jogadores usam uma venda nos olhos e se tocá-la é falta. Com cinco infrações, o atleta é expulso de campo e pode ser substituído por outro jogador. Há ainda um guia, o chamador, que fica atrás do gol, para orientar os jogadores, dizendo onde devem se posicionar em campo e para onde devem chutar. O jogo tem dois tempos de 25 minutos e intervalo de 10 minutos. No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasileira de Deportos de Deficientes Visuais (CBDV).