Pia quer Brasil feliz para jogo com a Jamaica e lamenta: “Erros acontecem”
A técnica do Brasil, Pia Sundhage, lamentou a derrota por 2 a 1 para a França, em duelo pela segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo Feminina. A seleção sofreu o segundo gol no fim, quando era melhor, e perdeu a chance de sustentar a liderança da chave.
– Não havia inicialmente preparado tão bem as nossas jogadoras para a conexão. Tudo parecia funcionar bem, mas os primeiros 30 minutos era o grande momento e faltou esse entrosamento na nossa equipe. Claro que erros acontecem, mas precisamos recuperar – analisou Pia.
– No segundo tempo, corremos atrás, tivemos oportunidades. Agora temos a Jamaica pela frente, é foco total. Queremos um time mais feliz, com mais alegria, com o jogo bonito brasileiro, algo que precisamos recuperar para o próximo jogo – acrescentou.
Os erros citados por Pia são defensivos, fundamentais para a França sair com a vitória. A cobertura da bola aérea, especialmente sobre Wendie Renard, falhou duas vezes, e as francesas chegaram dessa maneira aos dois gols.
A lateral Antônia, em zona mista, assumiu para si a falha no segundo gol, anotado por Renard.
– A gente sabia que era um jogo difícil. Elas precisavam da vitória, sabíamos que seria um jogo difícil. Infelizmente a gente acabou errando ali, e um pequeno detalhe. Acabei falhando no segundo pau. São detalhes que precisamos corrigir para se classificar – disse.
– Ficou marcado pela falha na parte defensiva, a bola parada faz muita diferença. É ficar mais com a bola, criar mais, para a gente sair com a vitória. Vai ser importante esse descanso, todo descanso é importante. É descansar a cabeça, o corpo. É uma derrota dura, temos que seguir em frente, pois nosso sonho não acabou – comentou Antônia.
O resultado negativo deixa o Brasil com três pontos, enquanto a França subiu para quatro. Jamaica e Panamá duelam ainda neste sábado para fechar a segunda rodada do Grupo F.
A seleção brasileira precisa do resultado contra a Jamaica, na quarta-feira, às 7h (de Brasília), em Melbourne, para avançar às oitavas de final da Copa do Mundo Feminina.
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Derrota
– É complicado mesmo. Fizemos de tudo. É preciso que as pessoas se coloquem no lugar das jogadoras. É difícil ter iniciativa, tem um grande nervosismo no momento. Todas nós estávamos surpresas com essa ofensiva da França.
– A maneira como nossa defesa se organizou foi um erro, mas não foi o único erro. O erro central é outro, é o fato de que nós não conseguimos manter um jogo no estilo brasileiro, com descontração, com diversão que o Brasil sabe apresentar. Foco total é contra a Jamaica.
Substituições no fim
– Ana Vitória, que é muito boa para os desarmes, a Marta que é uma estrela enorme, assim como a Mônica por conta da lesão da Antônia. Por isso entraram as três, esperando que pudéssemos criar melhor e apresentar uma pressão contra a França no fim. A questão central é como fazer com que a seleção se divirta mais com a bola, mantenha mais a posse de bola. A França é mais rápida, mais dura, fez mais investidas, então precisamos desarmar nossos rivais para os próximos jogos.
Mais análise do jogo
– Tem a ver com treinamento tático e físico da seleção francesa. Espero que possamos cada vez mais manter a posse de bola, nós não conseguimos nesse jogo. Não conseguimos manter isso. Precisamos concentrar na defesa também. No início do segundo tempo, por exemplo, tivemos alguns minutos que conseguimos aplicar uma boa pressão, manter a posse de bola. Temos que nos espelhar em momentos como esse.
Apoio da torcida
– Nunca tinha vivenciado algo assim, tanto apoio, tanto barulho. Isso torna até mais intragável a derrota de hoje
Tática
– O estilo brasileiro de futebol é bom sobretudo bem organizado. Vimos isso no segundo tempo, no início do segundo tempo. Precisamos ter a capacidade de mudar rapidamente no tático, ler melhor o adversário, saber não se colocar em situações de risco, manter a posse de bola. É muito difícil defender quando a gente não quer criar um time na retranca, muito para trás. Precisamos manter o time avançando e ter plano B diante de uma situação como a de hoje.
Não mudar no intervalo
– São decisões que, como treinadora, preciso fazer. O momento é o intervalo, quando podemos passar uma mensagem para as jogadoras, acreditar nelas e passar confiança. Elas conseguiram, vocês viram que o início do segundo tempo foi muito bom. Fizemos escolhas de substituições em momentos específicos, isso faz grande diferença. Acho que fizemos a escolha certa de não mexer no intervalo, isso nos permitiu ganhar força no início do segundo tempo.
Mudança do primeiro para o segundo
– Não posso revelar o que falei no intervalo para as jogadoras. O que posso dizer é que precisávamos jogar mais no estilo brasileiro, precisávamos no inspirar em questões táticas, claro, mas aprimorar nosso estado emocional no gramado. Sofremos os dois gols, nós estudamos e trabalhamos no treinamento.
– Assistimos vídeos do time rival, mas às vezes somos surpreendidas, como aconteceu hoje. Diria que não se trata de erros individuais, eu não acredito em erros individuais. Aqui é sempre uma questão coletiva, é um time. Aconteceu isso, então é um trabalho de equipe. Não existem falhas individuais, pois são escolhas feitas taticamente, emocionalmente, que tem a ver com uma série de antecipações feitas no gramado.
Mais sobre o jogo
– Com certeza trata-se de gols e detalhes em torneios como esse. É importante estar em um bom lugar em termos de defesa e também ofensivamente, criando chances. Um time com muita confiança nesse momento, falta uma série de coisas em jogo. O futebol é, sim, um jogo de detalhes, de precisão, sobretudo em uma Copa do Mundo.
Escolha de Geyse
– Geyse é uma jogadora muito poderosa. Quando consideramos a bola áerea, temos que pensar que fomos desarmadas muitas vezes. Isso que quero dizer. As nossas ideias acabaram não tendo desenvolvimento, então não tivemos precisão. Faltou apresentar de forma mais específica nossas ideias de futebol.
– Enfrentamos uma França muito forte, uma França bem fechada na defesa. Claro que a Geyse ajudou, jogou com força, com muita garra, e precisamos que as jogadoras estejam conectadas e com espírito coletivo. Há muitas joias em uma Copa do Mundo, mas o que fará a diferença certamente é o colar.